Guia da Semana


Sábado à tarde, um clima frio e nada para fazer. Depois de uma zapeada na TV e nada de interessante (novidade!), pego o caderno de cultura do jornal e vejo uma dica de visita ao Museu da Língua Portuguesa. Há tempos tinha interesse em visitá-lo, mas fui adiando, devido ao cotidiano corrido e estressante. Não tive dúvida, peguei o metrô e em 15 minutos estava lá.

Bom, só em andar pela velha estação da Luz já sinto um ar nostalgico. Passando por cima da antiga estação ferroviária observo arcos de construções de ferro ainda do começo do século, época em que a cultura do café era muito atuante no desenvolvimento da metrópole paulista. A construção da estação foi uma exigência dos cafeicultures ajudar no escoamento do produto da região de Jundiaí para o porto de Santos. Indiretamente, foram eles os responsáveis pelo avanço industrial no Estado.

Chegando ao Museu, começo a minha visita pelo segundo andar. Um ambiente escuro mescla uma parte com vídeo (à esquerda) outra de peças e produtos típicos de cada etnia (parte central) e, à direita, cartazes com telas de computador mostram a origem, a formação de palavras e gírias populares. Apesar de parte do Museu se encontrar fechado para a montagem do acervo comemorativo ao escriotor Machado de Assis, o lugar permanece cheio de pessoas, sozinhas ou em grupos escolares.

Uma tela ocupa quase toda extensão da parede do prédio, sendo nela projetada simultaneamente, 11 filmes de curta duração, relatando diversos aspectos sociais que resultaram na formação da nossa população. O resultado é um mural em movimento de temas relacionados à cultura lingüística, como dança, música, carnaval e futebol. É interessante ver os registros de vida cotidiana do povo brasileiro em regiões dispares, principalmente artistas e comunicadores, ue vão desde os programas de auditório do Chacrinha, passando pelo hip hop de Marcelo D2, o forró-dance de Dj Maluco e a MPB de Chico Buarque.


A parte que mais interessou foi o Beco das Palavras, um canto escuro onde as pessoas se acomodam em volta de duas mesas para um jogo eletrônico. É preciso um pouco de coordenação ou então muita insistência para tentar unir com as mãos sílabas eletrônicas que passeiam por uma mesa. As crianças são as mais empolgadas quando o jogo explica a etimologia de termos atuais.

Conclui, tardiamente, que às três horas reservadas não eram suficientes para contemplar todas as instalações, pois a sessão de cinema do auditório (no terceiro andar) já estava esgotada. O restou esperar o encerramento das atividades lendo algumas frases de escritores, cantores e intelectuais, como Gregório de Mattos, Caetano Veloso, Patativa do Assaré, João Cabral de Mello Neto, entre outros.

O que me deixou curioso é a proposta do Museu, apostando (com êxito) na interatividade como forma de atrair o público e transmitir conhecimento. O lugar, que em dois anos já levou mais de um milhão de pessoas, comparando com outros mais tradicionais, como o Masp ou Mam, é um sucesso de público e abre precedente para refletir em uma nova maneira de explorar modo e as ferramentas de ensino do país.


Quem é o colunista: Leonardo Filomeno

O que faz: Esportes e estudo jornalismo

Pecado gastronômico: Pizza e comida japonesa.

Melhor lugar do mundo: Ainda preciso conhecer

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.