Guia da Semana


Com toda divulgação, sem chuva nem ameaça do PCC (pelo menos este ano), a quarta edição da Virada Cultural apontou como um evento memorável para a São Paulo, trazendo às ruas da cidade que não pára quatro milhões de pessoas para mais de 800 atrações culturais de diferentes espécies - shows, peças teatrais e oficinas - em estabelecimentos propostos a compartilhar com a idéia inspirada nas Noites Brancas Européias.

Com o guia de eventos da prefeitura na mão, planejei minhas atividades sempre ressabiado com as grandes apresentações que, conseqüentemente, levam milhares de pessoas para assistir. Por experiências em Viradas anteriores - quando atravessei um show do Teatro Mágico de ponta a ponta sem dar um passo, apenas sendo levado pela multidão - reservei-me de ambiente hostis, ainda que o cantor(a) mereça, evitei assim sentir uma sensação ainda pior que o nosso metrô às seis da tarde.

Eram 19 horas. A saída na estação República já fervilhava de gente, com grupos ímpares andando de uma lado para outro. Com uma pequena caminhada pela Avenida São João, foi possível passar pelo palco de rock, contrapondo o outro lado onde o axé tocava. Mais à frente era o das Meninas que agitava um grupo não muito grande, mais acima de tudo animado e com muitas famílias.

Abarquei na praça Roosevelt. Depois de uma volta pelo local, com filas tomando conta das calçadas e misturando-se com os bares que persistiam em manter as mesas para fora, escolhi o Espaço Satyros e uma "agradável" espera de quase duas horas, necessários para não perder o lugar e o espetáculo - o preço intrínseco que se paga por um evento neste dia.

Após sair do teatro e voltar caminhando em direção ao Copan, por volta da meia-noite, presenciei uma cena que chamou atenção para o quão eleitoreira são algumas ações do prefeito Gilberto Kassab. Em pleno evento cultural que fechou vias principais do centro da cidade e causou novas estratégias de mudanças nas rotas de trânsito pela CET, não foi possível interromper uma obra cujo maquinário funcionava a todo vapor em frente a praça Roosevelt, tumultuando mais ainda o público e os carros que transitavam na região. Realmente uma boa hora para demonstrar o "trabalho" da atual prefeitura.

O resto foi encontrar amigos pela ruas em uma noite de temperatura amena, com roqueiros, punks, indies e pagodeiros espalhados por todo lugar, consumindo bebidas, cigarros e drogas. Embora numeroso o efetivo de três mil policiais espalhados na cidade para evitar confusão e depredação, percebiam-se focos de discussões, pichadores e "aproveitadores" que furtavam carteiras, celulares do público mais distraído e menos precavido.

No final, o saldo ainda foi positivo, considerando a grandiosidade do evento e os problemas que o tumulto poderia causar. Para os mais desatentos, um conselho vai bem a calhar. Você pode ir os próximos anos, mas não espere que a polícia consiga cuidar da segurança de todos.


Quem é o colunista: Leonardo Filomeno

O que faz: Esportes e estudo jornalismo

Pecado gastronômico: Pizza e comida japonesa.

Melhor lugar do mundo: Ainda preciso conhecer

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Atualizado em 6 Set 2011.