Guia da Semana

Antigamente,quando o carnaval se aproximava, as pessoas ficavam afoitas em busca de uma fantasia para cair na folia. Agora, tanto homens quanto mulheres aproveitam as vésperas do festejo para escolher qual estilo terá o seu abadá. A peça começou a vestir a maioria dos foliões em 1993, na Bahia, quando Durval Lelys, da Banda Asa de Águia, o designer Pedrinho Da Rocha e o Bloco Eva lançaram o abadá em substituição à típica fantasia do carnaval baiano, a mortalha.

O nome possui origem africana - proveniente do idioma yorùbá, trazido para o Brasil com os escravos no século 16 - e servia apenas para designar a vestimenta dos jogadores de capoeira. Porém, após o abadá ser adotado como peça essencial para pular o carnaval - e até as micaretas - as pessoas passaram a agregar valor à bata. Como a blusa costuma vir em modelo regata e tamanhos padrões, como P,M e G, principalmente as mulheres começaram a dar a sua cara ao abadá, fazendo ajuste e colocando adereços para deixá-lo mais feminino e estiloso.

De acordo com a diretora de marketing do Instituto Brasileiro de Moda (IB Moda) Luciane Robic é quase uma obrigação as pessoas customizarem seu abadá. "É uma forma de colocar o seu estilo e de autoexpressar a sua personalidade, além de ter um momento de diversão ao repaginar a peça", explica.


O modelo frente única é o mais queridinho das mulheres, mas precisa do auxílio de uma costureira para ficar justo e com acabamento

Modelos certeiros

Luciane revela que há certas dicas básicas para customizar o abadá, como cortar a gola e as mangas para ter conforto, alinhando sempre com as tendências de modelagem. "Para as mulheres, os estilos frente única e tomara que caia costumam ser os mais usados e dão um ar diferenciado", comenta. A especialista em moda completa que a peça sempre deve ser acompanhada de um apoio, como sutiã ou top, para ficar mais bonita e valorizar o corpo da mulher.

O modelo frente única é o predileto da atriz Geisa Doho, que adora carnaval e todo ano marca presença nos festejos mais famosos, como os do Rio de Janeiro e de Salvador. "Esse é o estilo mais bonito para customizar o abadá e não abro mão de levá-lo para uma costureira dar seus toques profissionais à peça", comenta. A foliã conta que até mesmo na capital baiana ela conseguiu uma costureira para arrumar sua bata, pois gosta que a peça fique justa no corpo e quer garantir que ela não esgarce durante a festa.

Adereços para personalizar

Fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim, argolas, tachinhas e brilhos são alguns recursos que as mulheres costumam adotar para enfeitar os abadás. A especialista em moda elucida que a grande tendência para esse carnaval é abusar da aplicação de paetês ou de cristais. Outra coisa que pode dar uma forma mais personalizada e moderna à bata é o grafismo. "Você pode fazer desenhos e escrever palavras com uma caneta especial para tecidos. A peça fica com muito estilo", sugere Luciane.

Os abadás costumam virar coleção para quem sempre frequenta blocos ou camarotes no carnaval e micaretas

Mais um item que pode dar outra cara a sua produção de carnaval são os tops. O mercado de lingerie vem investindo muito na produção da peça, que está ganhando o espaço dos sutiãs e que pode fazer a diferença embaixo do abadá. Há inúmeras opções de estilos, estampas e até com rendas. Além do fato de dar mais conforto e segurança para a mulher.

"É fundamental o uso do top, pois os tecidos das batas são feitos em larga escala e podem esgarçar com um manuseio mais brusco", alerta a diretora do IB Modas. Geisa completa que sempre usa um top ou até mesmo a parte de cima do biquíni por baixo dos abadás e que a medida já 'salvou' uma amiga, cuja blusa desfiou bastante no decote durante um dia de carnaval.

Abadás masculinos e com estilo

Engana-se quem pensa que os homens não customizam seus abadás. Com simples toques, recortes e ajustes - para quem gostar da peça mais justa no corpo -, a bata masculina pode ganhar uma cara nova. "Cortar a gola, as mangas e a barra já mudam o estilo. Eles podem até optar por recortes mais irreverentes, como cortar a barra em uma leve diagonal. É preciso tirar da peça tudo o que a deixe parecer uma produção em série" indica Luciane.

Por Ana Stella Guisso

Atualizado em 10 Jan 2012.