Guia da Semana

Fotos: Leonardo Filomeno


Era um feriado qualquer. E na monotonia de passar mais quatro dias exalando o ar cinza chumbo da metrópole paulista ou procurar um lugar onde o verde não esteja presente somente nas poucas árvores das calçadas, não pensei duas vezes, reuni com minha namorada um casal de amigos e fomos juntos à Ilhabela.

Tive uma boa surpresa ao encontrar praias que contrastavam com as de grande parte do litoral de São Paulo, com areia fina e água - olhe aí - azul transparente. É impagável a sensação de ver há poucos metros, um casal de baleias passeando no cristalino Oceano Atlântico, além dos golfinhos brincando enquanto a balsa nos leva a entrada da praia.

Interessante ver como o brasileiro é desregrado em relação à nomenclatura. Gosta de adjetivar tudo, seja bom ou mau. Isso não foi diferente com esse lugar. Descoberto por Américo Vespúcio em 1500, a praia ganhou o nome do santo do dia, São Sebastião. Ao longo do tempo, outros nomes vieram, mais o que ficou foi a sua mais forte característica, realçada pelos moradores e visitantes. Batizada informalmente, transformou-se em Ilhabela.

Além de ser uma das últimas reservas da Mata Atlântica e tombada pelo patrimônio da União, o lugar exala um ar de mistério, pois nas suas proximidades muitos navios já naufragaram, o que levou a Costa Sul da ilha ao apelido de "Triangulo das Bermudas" da América do Sul. Veja como são as coisas, por esse motivo, hoje em dia ela é considerada o paraíso do mergulho em naufrágio.

Adentrando da ilha, percebe-se que uma única rua principal atravessa toda sua parte costeira de norte a sul, habitada por hotéis e residências. A mata nativa impede construções no seu interior, destinada à trilhas que levam as inúmeras cachoeiras, entre elas, recomendo a dos Três Tombos, onde uma queda d´água acaba levando a outra, em um espetáculo que só a natureza proporciona.

Acampamos próximo a Praia do Sino, e confesso que me surpreendi com as rochas que emitem um barulho semelhante à badaladas quando tocadas com pedras. Como todo lugar restrito e cheio de atrativos, é necessário tempo, vontade e dinheiro para curtir as opções de lazer, os passeios de barco, restaurantes e visitas para as mais de 30 praias do local.

Após passeios por algumas mais conhecidas, como Feiticeira, Pinto e do Sino, resolvemos nos aventurar pelo interior de Ilhabela através de uma trilha com o "potente" Ford Ka. A estrada leva a Praia do Jabaquara, no norte da Ilha. Após o medo de perder o carro passando por nascentes, cascalho e pedras - desde então tive a certeza de que nunca mais repetiria essa insanidade - valeu a pena e chegamos a um lugar maravilhoso, que serve para passear de barco ou escuna, ou simplesmente para aproveitar a paisagem, quase como uma praia particular.

O pior momento com certeza é à volta para casa.

E para se habituar com essa realidade, pegamos a costumeira fila na balsa, sempre presente nos feriados prolongados. E lá se vão mais duas horas parados debaixo do sol forte e clima seco. No fim, a sensação de que conheci um inesquecível lugar, cujo nome é auto-explicativo e a viagem de quase três horas vale a pena enfrentar.


Quem é o colunista: Leonardo Filomeno

O que faz: Esportes e estudo jornalismo

Pecado gastronômico: Pizza e comida japonesa.

Melhor lugar do mundo: Ainda preciso conhecer

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.