Guia da Semana

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O governo brasileiro investe cerca de R$ 4 milhões por ano com ações de apoio a cidadãos no exterior, a chamada assistência consular. Devido o sucesso nos programas de intercâmbio, a cada ano cresce o número de pessoas que jogam a mochila nas costas e desbravam o mundo em busca de conhecimento e oportunidades de crescimento. Atualmente, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, cerca de dois milhões de brasileiros vivem em diferentes países.

Os dados não são precisos, e o único comprovado é na América do Norte, onde residem aproximadamente um milhão e meio de pessoas. O que faz com que um país seja requisitado pelos estudantes depende de questões como a economia local e as condições de estabilidade para os jovens. Entre os queridinhos do momento estão Canadá, Austrália e Londres.

Canadá

Por ser um país bilíngue, inglês e francês, as cidades que mais recebem estudantes brasileiros no Canadá são Toronto, Vancouver (inglês) e Montréal (francês). O país oferece cursos de curta duração e atrai também pelo preço acessível. Para realizá-los, o aluno investe, em média, US$1.250,00, para quatro semanas de aula - comparando, nos EUA ficaria em média US$ 1.900,00. Em algumas escolas, esses valores incluem acomodação e meia pensão.

Lidi Faria, 25, está no Canadá há duas semanas e pretende ficar por mais três meses. O interesse de ir até lá surgiu, pois a jovem, formada em relações públicas, sempre achou o país bonito e multicultural. "Ganhei uma viagem de duas semanas, com tudo pago, num concurso cultural do STB (Student Travel Bureau). Tive que sair do meu trabalho em São Paulo e conversei com muitas pessoas que já tinham feito intercâmbio. Pesquisei também blogs e sites com dicas e fiz as contas de mais ou menos quanto gastaria por aqui".

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A maior dificuldade no caso dela é a questão financeira, porém, segundo Lidi, com uma boa organização é possível viver de forma tranquila. "Moro em casa de família e treino muito meu inglês. Estou aprendendo a dar valor nas coisas simples e especiais que tenho no Brasil, como arroz, feijão e pessoas que sinto muita saudade", afirma. Para quem pretender viajar ao Canadá, a jovem aconselha consultar a previsão do tempo antes de organizar a mala e realizar um planejamento. "Alguns dias de primavera são semelhantes ao inverno do Brasil, muito frio. Planeje tudo com antecedência e faça muitas perguntas para o agente de viagens. Passear também faz parte do intercâmbio, já que é possível treinar o inglês em todo lugar.

Austrália

Devido o clima parecido com o do Brasil e a fama de um povo hospitaleiro, o país atrai cada vez mais jovens interessados em intercâmbio. Segundo o consulado do país, a procura por cursos cresceu 45% de 2006 para 2007. Já no ano seguinte, o aumento foi de 25%. Muito se deve ao fato do visto permitir 20 horas de trabalho semanais que ajuda muitas pessoas a se manterem por lá. A maioria opta por cursos de inglês e ensino tecnológico, mas a procura pelo high school e universidades também cresceu.

Outro grande atrativo é o preço, comparado a outros países. Porém, o custo de vida, não é lá um dos mais em conta. Os cursos de inglês custam entre 200 e 400 dólares australianos (R$ 310,00 e R$ 620,00) por semana, e os valores costumam incluir acomodação. A estadia em casa de família é outra opção requisitada pelos brasileiros e saem por volta de 200 a 250 dólares australianos (R$ 310,00 e R$ 380,00) por semana.

Passado o período nas residências, é muito comum que os jovens aluguem ou dividam um apartamento.Morando em casa de família, Thaís Cezarini, 23, pretende encontrar um local para dividir futuramente. "Estou curtindo bastante, mas ainda assustada com o custo de vida de Sydney. Por enquanto estou apenas estudando. Surgiram algumas oportunidades de emprego, mas em lugares distantes, horários não compatíveis e que pagam pouco. Ia acabar fugindo do objetivo que é estudar inglês, mas pretendo encontrar um trabalho e me firmar", almeja.

Inglaterra

A Inglaterra mantém-se como um dos destinos favoritos dos brasileiros que querem estudar no exterior. É o terceiro mais procurado, depois de Canadá e Austrália, de acordo com uma pesquisa da Belta (Brazilian Educational & Language Travel Association), associação de agências de intercâmbio. A maioria viaja em busca de cursos de inglês, mas a Inglaterra também oferece opções para quem busca uma graduação.

Foto: Arquivo Pessoal


O país abriga algumas das universidades mais bem conceituadas do mundo, como Cambridge Oxford, Manchester, London Business School, entre outras. As visitas de negócios, turismo ou estudos, por um período de até seis meses, não precisam de visto antes da viagem e estrangeiros, mediante o visto de estudante, podem trabalhar até 20 horas semanais durante o período letivo e até 40 horas semanais nas férias escolares.

O jornalista Guilherme Treü escolheu Londres diante da necessidade que tinha em falar inglês para sua profissão, pela curiosidade sobre a cultura europeia e para estar próximo ao futebol do Continente. "O processo de viagem é muito burocrático, mas quando tomei a decisão, segui passo a passo o protocolo do consulado. É importante buscar auxílio de uma agência de intercâmbio e consultar, no mínimo, cinco delas para se sentir seguro de todos os quesitos solicitados", aconselha.

Segundo Guilherme, é difícil estabelecer uma rotina no começo da adaptação por uma diferença cultutral. "Tudo é muito diferente, mas tive a sorte de ter amigos ao meu lado. Aos poucos, consegui me estabilizar. Todo esse processo levou em média três meses. Eu ia à escola de segunda a sexta, três horas por dia. Além de trabalhar em dois empregos".

Atualizado em 19 Nov 2012.