Guia da Semana

Fotos: Getty Images

O paradoxo do homem moderno evidencia sua capacidade de produzir um mundo com padrões de vida altamente civilizados e tecnologicamente avançados. Já na sua experimentação, esse homem moderno se faz notar pela capacidade de cercear-se pelo autocontrole e de inibir seu desejo de grandes emoções, acabando por buscar em seu lazer atividades que vertem a sensação do risco e a reaproximação com a natureza.

Neste contexto emergem os esportes e as atividades de aventuras, objetivando a fuga do cotidiano urbano e a melhoria da qualidade de vida associada aos riscos controlados da aventura, que instiga sensações e percepções prazerosas.

O esporte de aventura é praticado por atletas profissionais ou amadores, de forma contínua e sistemática, conhecendo a atividade, suas técnicas, seu condicionamento físico, cientes de seus riscos e tendo a segurança na esfera do controle através da prática e do apoio de uma entidade esportiva.

Já a atividade de aventura é exercida, normalmente, pelo turista. Um ator passivo, dependente de orientação para a execução da ação. São homens, mulheres e adolescentes, na maioria das vezes sedentários, totalmente carentes de conhecimentos técnicos e de vivência motora da atividade. Buscam, geralmente, um redimensionamento de suas relações com o ambiente natural, e o simples fato de estar neste meio já é uma aventura para muitos.

Colocada a conceituação de uma e outra, é importante considerar um outro ponto de extrema importância: o que para o atleta pode ser uma ação cotidiana ou uma performance natural, para o turista pode ser uma prática limítrofe, de dificuldade extrema. Daí a necessidade de evidenciar a diferença entre estes dois atores e dar ao turista, que pratica atividades de aventura, as condições ideais de segurança.

Como voluntários da Associação Férias Vivas - ong que tem como missão educar para o turismo e o lazer seguro e responsável, trabalhando em prol da segurança e prevenção de acidentes em atividades dessas áreas - atuamos arduamente para conscientizar toda a cadeia de serviços turísticos quanto à importância primordial de buscar a segurança em meio à prática do risco pelo turista.

A luta é sempre a de fazer com que leis sejam conhecidas e cumpridas. Que normas estejam sempre apoiadas no respeito pelo ser humano. O Código do Consumidor, que completou 16 anos este ano, diminuiu em muito o desequilíbrio de forças nas relações entre fornecedores e consumidores. Estamos também assistindo ao início do processo de profissionalização do turismo de aventura no país através do Projeto de Normalização e Certificação em Turismo de Aventura. Deflagrado em dezembro de 2003, o Projeto é uma iniciativa do Ministério do Turismo, que tem como entidade executora o Instituto de Hospitalidade e como parceira a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, por meio do seu Comitê Brasileiro de Turismo - CB54 e do qual, como organização não-governamental, Férias Vivas participa ativamente.

A exemplo de tantas outras batalhas, essa é mais uma que está sempre aberta a novos soldados. O turismo responsável, o lazer saudável e seguro, a viagem com ida e volta são também exercício da cidadania.

Quem é a colunista: Sônia Kohler Garcia

O que faz: Consultora de turismo e eventos.

Pecado Gastronômico: Panini, da Doceira Cristallo

Melhor Lugar do Brasil: São Paulo

Para Falar com Sônia: [email protected]



Atualizado em 6 Set 2011.