Considerado um dos bairros que mais exprime as características da cidade de São Paulo, a Mooca reúne dois fatores importantíssimos para se viver bem: infraestrutura moderna e a preservação do estilo residencial e familiar. A região guarda a nostalgia das construções e da cultura dos imigrantes - principalmente italianos - aliada às inovações tecnológicas, que acompanharam as transformações da região para se tornar o atual polo comercial e industrial da capital paulista.

A trajetória da Mooca está intimamente ligada à história da cidade de São Paulo: são apenas dois anos de diferença na fundação de ambas. Este ano, o bairro completa 455 anos no dia 17 de agosto, colecionando inúmeras curiosidades e costumes. Essa característica se apresenta já no nome do bairro, que é originário do Tupi Guarani e tem dois significados: moo-ka quer dizer ares amenos, secos e sadios; e moo-oca é sinônimo de fazer casa.

Situada na zona leste da cidade, a Mooca foi erguida às margens do rio Tamanduateí, nas proximidades das ferrovias São Paulo Railway (Santos-Jundiaí) e da Estrada de Ferro do Norte. Este último, aliás, é o trecho paulista da Central do Brasil. Sua localização favoreceu a chegada dos imigrantes, que vinham pelo Porto de Santos e também foi fator decisivo para a expansão da industrial local.

Aos poucos, sítios e chácaras deram espaço para grandes galpões de fábricas e usinas. Essas mudanças trouxeram também um espaço residencial para os operários, que comumente habitavam as casas geminadas - uma moradia construída 'grudada' em outra -, herança europeia ainda presente nas ruas do bairro.

Fotos: Divulgação

Museu do Imigrante, uma das principais atrações do bairro

Em 1883, surgiram as primeiras instalações de indústrias alimentícias, como Carolina Gallo, Rosádia Mello e Romanelli. Já em 1891, a Cia. Antártica Paulista foi fundada pelo casal Antônio e Helena Zerrener. Desse momento em diante, cresceu o número de fábricas como as destacadas no quadro abaixo.

A partir de 1876, a elite paulistana começou a frequentar as ruas da Mooca, motivada pela inauguração do Joquey Club de São Paulo. O local era imponente e tinha estrutura para comportar mais de 1.200 pessoas em suas arquibancadas. A alta sociedade do café vinha do Centro para fazer grandes apostas no Clube Paulista de Corridas de Cavalos; para facilitar o tráfego dos apostadores, foi criada a linha de bonde Mooca-Centro, movida por tração animal. Hoje, o antigo prédio abriga a Administração Regional da Mooca.

Mas a gastronomia também faz parte dessa história, com destaque para as tradicionalíssimas cantinas italianas, que presenteiam os moradores locais e os visitantes com as mais saborosas receitas trazidas pelos imigrantes. A culinária da Mooca preserva preservar o gostinho de comida caseira das legítimas mammas italianas, com as massas feitas artesanalmente.

Viver na Mooca é desfrutar de uma cultura singular. Mais do que o típico sotaque, o local abriga um estado de espírito peculiar, alegre e acolhedor, com jeitão das melhores cidades interioranas para se viver, trabalhar e morar.