Guia da Semana


O medo de dirigir é mais comum do que se imagina

Colocar o cinto de segurança e engatar a primeira. Tarefa corriqueira para alguns, pesadelo para outros. É nessa hora que começam os calafrios, mãos suadas e tremedeiras. Sintomas que tomam conta das pessoas que travam de medo quando encontram-se em frente ao volante. À primeira vista, o nervosismo pode parecer uma bobagem, mas trata-se de um problema muito mais sério do que parece.

O medo de dirigir surge muitas vezes sem explicação concreta. Segundo a psicóloga Olga Tessari, especialista no assunto e autora do livro Dirija a sua Vida sem Medo (ainda sem data de lançamento), os sintomas são apenas a ponta do iceberg. "Costumo dizer que o carro é o símbolo de liberdade. Quem não consegue dirigir um automóvel, não consegue a própria vida".

Curvas perigosas


Mão suadas e tremedeiras fazem parte dos sintomas

Parte dos traumas começam a se manifestar logo após pequenos ou graves acidentes. Costumam ser superados em tratamentos simples, que duram cerca de seis meses, em terapias que alternam teoria e prática. "Quando tinha menos de um ano de habilitação me envolvi num pequeno acidente. Nada grave, mas foi o suficiente para me deixar insegura no comando de um carro", conta a engenheira Lucia Castro, de 28 anos.

Casos como o de Lucia fazem parte do cotidiano de auto-escolas especializadas em atendimento a alunos com o problema. Para isso, eles podem optar por aulas individuais, em pacotes de dez a trinta sessões, com a possibilidade de acompanhamento psicológico. Os preços das aulas também variam de R$ 30,00 a R$ 80,00. "O importante é o motorista não desistir. Guiar é de habilidade, quanto mais se pratica, mais competente se torna", diz o instrutor particular José Mathias.

Essa persistência foi o caminho escolhido pela engenheira, que recuperou sua confiança após procurar uma escola especializada no atendimento a motoristas com o seu perfil. "Com um pouco mais de oito aulas eu já tinha recuperado a segurança e estava pronta para voltar a guiar".

Na cabeça de cada um


O medo de dirigir tem tratamento mais simples do que parece

"O medo do novo é normal pra todo mundo. É uma sensação que serve para proteger a gente dos perigos, mas como tudo na vida, prejudica em excesso", explica Olga. O problema é quando o sentimento ultrapassa a barreira do saudável e torna-se um empecilho, deixando o indivíduo estagnado. "Ao entrar num automóvel as pessoas começam a imaginar que as piores coisas podem acontecer. As características desses pacientes no geral são parecidas: não admitem errar, são perfeccionistas e ansiosos, preocupam-se demais com o comentário das outras pessoas".

Além disso, existe a questão do orgulho em admitir a deficiência. Por essa razão, embora a fobia do volante não seja exclusividade feminina, são as mulheres que mais costumam procurar ajuda. "O carro ainda é um símbolo de masculinidade, por isso, os homens tem maior de dificuldade de admitir que sofrem com esse problema".

Mas apesar de ser um quadro bastante comum e de resolução relativamente simples - cerca de 90% dos casos são solucionados dentro de três meses - o medo de dirigir continua a persistir em ambos os sexos, primordialmente por causa do preconceito. "Essa situação é vista por muitos como frescura e que para perder esse medo essas pessoas precisam apenas dirigir. Isso só piora as coisas. A única solução é a ajuda profissional", garante a psicóloga.

Recomendações para enfrentar o medo de dirigir:
  • Assumir o sentimento, não sentir vergonha do medo. É um problema muito comum, que não é impossível de se resolver
  • Motivar-se a querer dirigir, sem fugir do problema
    Persistência é fundamental. Nunca pensar em desistir
  • Evitar começar a ver o carro como algo estranho ao seu cotidiano



Atualizado em 6 Set 2011.