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Fotos: Mirella Rossini e Clair de Paula |
Lotada. Assim estava Campos do Jordão no último feriado. Há dez anos visito a cidade, que continua linda. Desta vez, porém, meu propósito era diferente do habitual. Cheguei com intuito de fugir do trânsito, das multidões de gente bonita - nada contra pessoas belas, apenas contra multidões - fazer um programa diferente e tirar fotos mais interessantes ainda.
Nada de quiosques promocionais, filas para pegar brindes, shoppings com lojas caras. Queria conhecer algo que tivesse a cara da cidade. Munida com minha modesta máquina fotográfica, estacionei o carro na avenida principal da cidade, a Januário Miraglia e parti a pé, sem um destino certo. Pensei que se existe uma coisa, que quase todos os mortais gostam de fazer, e não existe lugar melhor do que Campos do Jordão para tanto, é comer chocolate. Mas, simplesmente visitar uma lojinha destas guloseimas, estava fora de cogitação.
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Seguindo adiante e passando por uma lojinha cheia de bombons, geléias, línguas de gato e afins; eu me deparo com uma escada de madeira e uma placa, indicando o tour do chocolate. Vidros me separam da modesta estrutura, onde são feitas as guloseimas... Apenas quatro funcionários estão trabalhando no momento da minha visita, o que me surpreende, já que julho é o auge da temporada de inverno. No último andar, havia um mini museu do chocolate. Réplicas da fruta do cacau, de antigas fôrmas, fotos, mapas e documentos sobre a história do doce no mundo; e até uma TV, com direito ao filme sobre esta deliciosa iguaria.
Fiz tudo ao contrário. Saí de uma visita a uma fábrica de chocolate e fui almoçar. De volta à avenida principal, uma casa charmosinha me chamou atenção. O nome era bem original: Sanduicheria. Resolvi entrar, afinal em Campos temos duas opções: restaurantes ótimos e caros; ou lanchonetes fast food, que abrem suas portas para a temporada.
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Terminado o almoço, pensei em caminhar e me despedir da cidade, além de me preparar psicologicamente para enfrentar o trânsito de volta à capital paulista. Comprinhas não estavam no meu roteiro, até passear pela trilha do trem e avistar uma casinha bucólica e que - não sei se pelo fato de eu ser curiosa - me convidou para entrar.
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Fui embora com uma sensação de satisfação, de dever cumprido. Em pensar que em uma curta distância, preenchi minha tarde. Admirei a beleza da natureza da cidade, descobri como se faz o chocolate e para aliviar a culpa dos pecados da gula, enchi o carrinho de produtos orgânicos.O mais gostoso, porém, foi saber que enquanto muitos se espremiam pelas filas e se estressavam no trânsito para fazer programas que sempre fazem em suas cidades, eu consegui criar um olhar diferente sobre um lugar que eu considero minha segunda casa.

Quem é a colunista: Mirella, roteirista, apaixonada por cinema e moda.
O que faz: Trabalha com assessoria de imprensa e escreve crônicas no blog meninahardcore.blogspot.com.
Pecado gastronômico: Bem casado.
Melhor lugar do mundo: a minha casa e todas as grandes metrópoles mundiais.
Fale com ela: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.