Guia da Semana

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Era o que faltava. Como se não bastasse a fila para o ônibus, a multidão para o trem ou metrô e o mundo de carros pelas ruas, agora o cidadão vai sair no fim de semana e ter que encarar a fila do táxi. Prepare-se, caro leitor, em breve isso não será tão incomum. E para se adaptar aos novos tempos já tem de tudo, balada que disponibiliza bafômetro, entrada mais barata para quem chegar de táxi ao bar e por aí vai. O rio está correndo como espera a lei. Óbvio que vou beber em casa, a não ser que eu ganhe na Sena e tenha condições de pagar táxi de ida e volta toda vez que for sair.

Não sou contra uma lei rígida contra as bebidas, afinal é de conhecimento geral os riscos que ela causa, principalmente nas madrugadas da cidade. Eu mesma já fui bombardeada por um motoqueiro bêbado, enquanto estava parada no farol. A questão é que a lei não deveria ter chegado a esse ponto caso as regras como eram antes fossem tão efetivamente aplicadas quanto estão sendo agora. Afinal, é óbvio que o motoqueiro não havia tomado apenas um chope ou uma caipirinha. E se um padre sair da missa e for dirigir depois da taça de vinho?

É importante ressaltar, ainda, que pessoas bêbadas causam acidentes. Pessoas que tomam remédios homeopáticos ou usam Listerine, não. Pelo menos não por esse motivo. A verdade é que leis de trânsito sempre pareceram mais uma forma de ganhar dinheiro do que uma preocupação com o bem-estar geral neste país. Certa vez eu estava na faculdade, com o carro no estacionamento, em São Bernardo, mas recebi uma multa por passar no farol vermelho de uma rua qualquer do Centro de Santo André! E aí? Até eu provar que 2 + 2 são 4, já paguei a multa e o dinheiro foi embora.

Por outro lado, no mesmo dia que o motorista bêbado bateu no meu carro, liguei para a polícia, que nunca chegou. Afinal, por que esse terrorismo agora? Não era melhor fazer a coisa certa do jeito que estava antes do que chegar a este ponto?

Anos antes, quando eu era mais criança, um acidente trincou duas costelas do meu irmão, que também precisou dar pontos no rosto, acabou com o carro do meu pai, deu problemas no cotovelo da minha mãe e me deixou por uma semana com as costas travadas. O motorista? Estava bêbado e fugiu. O bar fechou, porque conhecia o "mocinho". Por ironia, sabe quem sobrou para nos ajudar? Pasmem, um bêbado! Que estava a pé. Bêbado consciente, eu diria.

São essas pessoas, que tomam muito mais que um chope, que deveriam ser realmente pegas. Uma delegada deixou uma pessoa voltar para casa porque, apesar do bafômetro acusar, a tal não estava aparentemente bêbada. Afinal, qual regra vale? Afinal, para onde queremos seguir com isso tudo? Fica o espaço aberto para sua opinião. Você acha que essa lei está sendo devidamente aplicada? Enfim... o chope já é caro por si só, mas além dele ter que pagar R$ 955,00, perder o direito de dirigir e correr o risco de ficar sem o carro, já é demais. De que lado a lei está, de verdade?

Quem é a colunista: Carolina Tavares, usuária assídua do transporte público

O que faz: Jornalista do site Guia da Semana

Pecado gastronômico: chocolate

Melhor lugar do Brasil: qualquer um sem trânsito, com praia, pouca gente e pouco barulho

Fale com ela: [email protected]





Atualizado em 6 Set 2011.