Guia da Semana

Fotos: Fernanda Balieiro

Fui convidada para escrever sobre uma das viagens mais gostosas que já fiz, minha lua-de-mel em Buenos Aires. Ainda com as idéias fresquinhas, afinal, retornei de lá há dois meses, vou descrever como foi minha passagem pela terra do tango.

Até as últimas semanas antes do casamento ainda não havia decidido qual seria o destino da viagem. Eu queria um lugar diferente e romântico. Depois de sofrer com a organização do casamento, esse período de sossego salvaria os nervos. Alguns pontos mereciam atenção na hora de escolher o lugar. Não tínhamos tempo para tirar um ou dois meses de férias e também não tínhamos muito dinheiro. Após muita conversa com os amigos e pesquisa (enquanto deveria ler os livros indicados para meu trabalho de conclusão de curso, ficava horas na biblioteca da faculdade folheando revistas sobre os melhores lugares para visitar), decidimos bailar em terras estrangeiras.

Com apenas os hotéis definidos (escolhemos dois locais, o primeiro, mais simples, próximo ao centro, na Plaza Congreso, e o segundo, bem luxuoso e afastado da "muvuca", no bairro de Puerto Madero) e alguns roteiros na cabeça, zarpamos para nossa primeira viagem internacional, que chique! No Aeroporto Internacional de Ezeiza, que está a 35 km do centro, pedimos um táxi a 50 pesos (o que mais vemos nas ruas de Buenos Aires são táxis, meios de transporte de fácil acesso devido ao baixo custo, com a crise econômica argentina, no governo de Fernando de La Rúa, o desemprego fez com que boa parte da população virasse taxista, estratégia para obter alguma renda).

Assim que chegamos ao hotel, as recepcionistas já sugeriram quais eram os melhores passeios e as empresas de turismo. Pegamos vários folhetos com roteiros, subimos para o quarto, ligamos a televisão para acostumar mais rápido com o idioma e começamos a planejar as visitas. No primeiro dia, andamos por todo o centro. Logo cedo entramos em um café (Buenos Aires tem um café em cada esquina) abusamos dos doces e dos chocolates quentes, uma ótima pedida, já que no inverno faz frio de verdade.

Em seguida começamos a desbravar o local! Passeamos pela Plaza Congresso, pelo Congresso de La Nación, uma das diversas construções monumentais de lá, e pelo Teatro Liceo. Fomos de metrô (80 centavos cada passagem) para a Plaza de Mayo, como turistas alucinados que somos, fotografamos a Casa Rosada, ou Casa de Gobierno, conversamos com ex-combatentes de guerra - exatamente, eles não foram reconhecidos pelo governo, portanto não têm direito a nenhum benefício oferecido à classe.

A andança pela região ainda rendeu uma visita à Iglesia San Francisco, ao Edifício Libertador e ao Museo de la Ciudad, que preserva uma sala cheia de fotografias e brinquedos antigos, verdadeiras relíquias de infância. Esquecemos até de almoçar, mas quando a fome bateu, paramos em um restaurante do centro e comemos o famoso bife de chouriço com purê de papas (batatas), um bife "bem servido", até muito pesado para o jantar, voltamos para o hotel e "capotei".

O peso acabou e mesmo com alguns locais que aceitavam o real, precisávamos trocar mais dinheiro e lá fomos nós até uma casa de câmbio, não é difícil encontrá-las em Buenos Aires. Com dinheiro na mão, fomos para outras bandas, dessa vez, topamos sair com o guia. Passamos rapidamente por todos os bairros e simplesmente me apaixonei pela Recoleta (é um dos mais nobres da cidade, cheio de jardins, muitas flores, praças enormes cheias de verde, além dos restaurantes e inúmeras lojas com vitrines de cair o queixo, tudo muito caro, obviamente para ser apenas admirado). Ainda nesse tour, visitamos todas as embaixadas, inclusive a brasileira (que palácio, nosso representante não está nada mal).

Já no bairro de La Boca, parada obrigatória é a colorida rua Caminito, lá o comércio de todo tipo de miudeza (chaveiros, postais, bijuterias, cachecóis, chapéus) é forte. Dançarinos de tango estão espalhados por todo canto - para tirar foto com eles, o visitante gasta cerca de 10 pesos. Ainda em La Boca, fomos conhecer o estádio do Boca Juniors. Uma curiosidade é que nenhum dos patrocinadores expostos pode ter a cor do concorrente River Plate (vermelho, branco e preto).

Os passeios no Tren de La Costa e no barco pelo rio Tigre são mágicos! Pensem em um fim de tarde, com o sol caindo e uma vista de pura natureza. Essa noite ficou por conta do espetáculo Señor Tango, o musical de maior sucesso da Paris Latina, dirigido e apresentado por Fernando Soler.

Nos últimos dias, já no hotel em Puerto Madero, andamos pelo porto e degustamos de todos os tipos de culinária, mexicana, francesa, italiana. Passamos ainda pela rua Florida, nossa 25 de Março e, a meu pedido, voltamos a Recoleta para passar a tarde e ver o espetáculo da tulipa de metal (uma obra de arte imensa sobre uma superfície líquida que ao pôr do sol se fecha e acende as luzes). Como a noite argentina é quente, fomos ao shopping Galerias Pacifico, onde fica o Centro Cultural Borges, e lá conferimos além de três exposições diferentes, o sensual musical Sebastian Tango.

Buenos Aires tem muitos atrativos, por isso quem passa pelo lugar deseja ficar pra sempre. Nessa passagem rápida, não foi possível conhecer o Teatro Cólon. Uma pena estar fechado para restauração, só por causa disso, vou ter de voltar em breve!

Quem é a colunista: Fernanda Balieiro

O que faz: jornalista

Pecado gastronômico: comida indiana e torta de limão

Melhor lugar do Brasil: qualquer cidade nordestina

Fale com ela: [email protected]




Atualizado em 6 Set 2011.