Guia da Semana

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Nunca tive um grande apreço pelos festejos de Natal e Ano Novo. Não é trauma familiar, de infância ou ateísmo. Sempre me pego pensando no sentido de festejar o ano vindouro. A partir de novembro, só se fala nele. Uma clara mostra de que nossa sociedade não está preparada para envelhecer; olha demais para o futuro e não respeita (como deveria) seu passado. Não lembro se cheguei a não acreditar em Papai Noel, mas, de toda forma, é sempre bom tirar alguns dias de folga do computador, da internet, das twittadas e dos scraps.

Despenquei a serra rumo à praia. Já diz o infame ditado americano que "um mau dia na praia é melhor do que um bom dia no trabalho", portanto, quem sou eu para contrariar.

O Natal em família e a ceia farta sempre valem a pena. As quase quatro horas no ônibus (no percurso que seria feito em até uma hora em um dia normal ou em lépidos 25 minutos em tempos pré-radar) não chegaram a ser um problema entre minha saída do Jabaquara e minha chegada a Santos. O fim de semana prolongado teve muito sol, calor (apesar de um sábado nublado com uma chuvinha de verão rápida, salvo engano) e uma volta para São Paulo bem tranquila.

Antes do ano novo, três dias de trabalho normais. Com menos serviço, São Paulo sem trânsito já dá uma paz quase celestial para quem está acostumado a engarrafamentos até em corredor de ônibus. Percorrer o trecho Aclimação - Avenida Paulista em nove minutos de ônibus foi, com certeza, meu presente e meu milagre de Natal.

Nova fuga para Santos. O calor continuava rachando. As praias lotadas, o caldo de cana acabando e o coco verde nem tão gelado, graças ao grande movimento de pessoas nas barracas e quiosques. Lugar para parar o carro tornava-se um oásis distante e até meu favorito Bar do Jorge, com suas carnes e pastéis sempre perfeitos, tinha fila de espera e senha!

Bem no dia 31, na hora da virada e, convenientemente após os fogos, a chuva. Muita. Dois dias seguidos de chuva parecem ter espantado uns poucos os visitantes. No domingo, quando preparava meu retorno a São Paulo e a dose extra de paciência, o site da Ecovias me dava mais um tardio e surpreendente milagre de Natal: 75% dos carros já haviam retornado e, dessa forma, o tráfego estava normal. De fato, fiquei surpreso: cheguei sem um ponto de lentidão. A paciência ficaria reservada para outra ocasião qualquer, pois, morando em São Paulo, é artigo de primeira necessidade.

Será que meu presente de Natal perdurará em 2010? No meu caso, a surpreendente ausência de trânsito em São Paulo? Sonho meu. Sonho nosso.

Quem é o colunista: Jornalista, músico e só usa meias brancas e calçados pretos, igual ao Michael Jackson.

O que faz: Jornalista do Guia da Semana, compositor, violonista e cantor.

Pecado gastronômico: Chocolates, churrasco (feito por mim) e molho de alho caseiro da vó!

Melhor lugar do Brasil: Qualquer um que comporte a equação praia +violão + amigos.

O que ele ouve no carro, em casa e no IPod: Um pouco de tudo e de tudo um pouco.

Fale com ele: [email protected] acesse o site da sua banda!

Atualizado em 1 Dez 2011.