Guia da Semana

Foto: Arquivo Pessoal

Ao me preparar para mais duas horas de vôo, depois de quase onze horas no avião, a primeira coisa que preocupou foi o francês. Calma, não a pessoa, mas sim o idioma. Isso porque resolvi encarar a segunda maior população do mundo que fala francês, depois de Paris. Detalhe, o meu domínio se limita ao merci, s´il vous plaît, au revoir e Je t´aime. Talvez tenha sido a primeira vez que fiquei brava por não ter mais francês no ensino público. Limitações à parte, a aventura estava para começar em Montreal, no Canadá.

Sobrevoar a cidade já foi o suficiente para aguçar a minha curiosidade e ansiedade. Diferente da vista de Toronto (e até de Guarulhos), Montreal oferece as cores marrom e verde da típica folhagem canadense - aquela da bandeira. Claro que se descobre que são elas depois, mas a vista realmente surpreende. É como observar uma maquete. Tudo parece se encaixar. Dependendo da época do ano, pode ser que essas cores mudem para o mais branco possível.

Montreal é adorável, porém quando resolve entrar o clima gelado, a neve chega a tal ponto que o jeito é andar por baixo da terra, o que é possível nesta cidade cheia de singularidades. Isto porque você encontra galerias e que interligam os métros, permitindo que a cidade possua uma estrutura subterrânea suficiente para que não se encare o branco gélido da neve durante tanto tempo.

Não é à toa que, em época de primavera/verão, a população faz questão de caminhar, andar de bicicleta e ir aos parques, mais do que para qualquer outro lugar fechado. Montreal possui muitos deles, com fácil acesso, seja de condução pública ou de bicicleta. O parque Du Mont Royal é um marco para a cidade. É desse lugar que vem o seu nome, além de abrigar o ponto mais alto, onde está fincada a cruz pelo primeiro colonizador europeu que conheceu o local. Desde então, Montreal se transformou em uma das cidades norte-americanas mais européia.

Para conhecer o Mont Royal, vista roupas confortáveis e se prepare. A escadaria para chegar ao topo é grande, mas pode ser divertida. No meio do caminho, você ainda encontrará vários amigos esquilos, que mesmo não sendo o "Tico e Teco", são bem simpáticos. Eles fazem questão de esperar que você tire uma foto para depois continuarem o seu percurso.

Aos pés do Mont Royal há uma das ruas mais famosas na cidade, Sta.Catherine St.. Uma mistura de Avenida Paulista com Rua Oscar Freire (se você não conhece, fico devendo uma explicação). Lá, você encontra todos os povos, raças, língua e marcas da moda. A rua é longa e, como em quase toda Montreal, há um café a cada dois ou três passos. Nesta rua também estão alguns mendigos. Apenas tenha muita atenção, pois eles são mais "ousados" para pedir dinheiro.

Arrisque provar a culinária local. Existe uma variedade de distintas partes do mundo. Entretanto, ressalto que a comida é bem temperada e a pimenta costuma estar presente em muitos pratos, inclusive nos congelados. Então, vá com calma se não estiver acostumado.

Experimente as frutas blueberry e grapefruit. Os famosos bagles e não deixe de comer uma panqueca ou crepe com o xarope local. É um melado com um gosto diferente, que sinceramente, ainda não sei bem como definir, mas vale a pena. A falta de padarias é compensada pormuitos cafés, que possuem pães, doces e salgados. A comida não é muito barata e o valor que você encontra não é exatamente correto, pois no ato do pagamento acontece a adição dos impostos sob o valor. Antes disso, a pessoa no caixa lhe pergunta se deseja de fato realizar a compra. Ah sim! Sempre que possível deixe uma moedinha, pois o hábito da gorjeta está sempre presente.

Foto: Arquivo Pessoal

A moeda local é o dólar canadense. É uma graça, parece de mentira, colorido, com o papel-moeda um pouco grande, se comparado ao real. Mas o que os canadenses realmente usam são as moedas. No começo, você pode se confundir, mas tenha paciência e fique atento, pois a discrição do valor costuma ser em letras miúdas. O melhor é parar e analisá-las com paciência. Leve um porta moeda ou compre um no Dollarama, lojinha estilo R$ 1,99, que você encontrará bastante. Só não deixe de dar atenção às suas moedinhas.

Montreal capricha no visual em relação às suas edificações. Nota-se que o antigo e o novo conseguem viver em uma harmonia interessante. Claro que existe um local onde o antigo é dominante, sem perder a classe e glamour. Este lugar fica em Vieux-Montréal, a "cidade velha" e histórica de Montreal. As ruas são mais estreitas, as casas mais marrons e o clima é como se, de fato, a gente estivesse em outro lugar. Lá, encontra-se a pequena Notre-Dame.

Com relação ao transporte, não se preocupe. A cidade possui um formato que permite conhecê-la andando. Claro que isso depende da época do ano em que você for. Não queira alugar um carro, pois não vale a pena. Além dos seus tênis e das rodas de sua bicicleta, existem ainda ótimas opções de ônibus e métro. As duas últimas alternativas possuem passagens, onde você paga por semana ou mês, dependendo do tempo que ficará lá, podendo utilizar à vontade as duas conduções. Dá para comprar na bilheteria do local mesmo. Nem adianta tentar pegar um ônibus com dinheiro.

No começo há um pouco de dificuldade de andar no métro, pois tudo é em francês, porém aos poucos se acostuma com os nomes. Para quem anda nos metrôs brasileiros, não tem muito segredo. Agora, se for sua primeira vez em um metrô, muita atenção. De qualquer forma, se errar o caminho é só sorrir e começar tudo de novo, pois você não vai pagar a mais por isso. Em todo caso, peça na bilheteria um mapa das linhas, que lhe será muito útil.

A população de Montreal é de uma simpatia impressionante, mas não espere beijos e abraços, como no Brasil. Tenho começado a sentir que isso é algo muito brasileiro. Entretanto, são pessoas educadas, pacientes e muito predispostas a aceitar os visitantes e novos moradores. Não é à toa que a cidade possui mais imigrantes do que nativos. No quesito educação, quando você atravessa a rua, os carros param e dão prioridade para o pedestre.

Montreal pede para ser visitada. Há muito a explorar, em uma ótima infra-estrutura para receber visitantes. Com relação ao idioma, calma, eu sobrevivi por uma razão simples. Ao contrário do que muitos pensam, a cidade de Montreal não fala apenas francês. É uma cidade bilíngüe, onde todos também falam inglês. Agora, se você quiser conhecer Quebec City.... Bem, aí já é outra história....

Leia a coluna anterior de Carolina Teixeira:

? Joanópolis - Gigante, Lobisomem e Fuscas



Quem é a colunista: Carolina Teixeira, 23 anos, turismóloga.

O que faz: É consultora educacional de intercâmbio cultural, se entregou ao mundo do turismo, pois, desde que se conhece por gente, fica mudando de um lugar para outro.. Também come, fala (muito), dorme, se diverte e viaja igual a tantos, além de escrever vez ou outra.

Pecado gastronômico: Café (não importa como), uma boa massa, sorvete no frio, bolinho de chuva e sonhos aos domingos.

Melhor lugar do Brasil: São Paulo.

Fale com ele: [email protected] ou acesse seu blog


Atualizado em 6 Set 2011.