Que tal caminhar equilibrado em uma corda suspensa indo de ponta a ponta? Pode até parecer uma prática circense, mas não é. A nova febre entre os aventureiros de plantão tem um nome: slackline. Celebridades como Luana Piovani, Caio Castro e Kayky Brito já se renderam à fita que ajuda a estimular a concentração e autocontrole e, de quebra, enrijece partes do corpo que levam, no mínimo, meses para ficarem em dia na academia.

A técnica chegou ao país no início da década de 90 e virou febre nos últimos tempos. Ganhou adeptos nas praias, parques e centro urbanos, já que foi criada para ser praticada em diferentes ambientes. Conheça mais sobre essa corda bamba radical e veja o que é preciso para fazer parte dessa tribo do equilíbrio.

Que coisa é essa?

A prática surgiu na Califórnia, mais precisamente no Parque Yosemite, na década de 1970. Por conta do forte inverno na região, não era possível realizar escaladas e, para não perderem o ritmo e a forma física, os escaladores se exercitavam em correntes de estacionamentos. Em seguida, eles perceberam que podiam utilizar os seus próprios instrumentos, como a fita de ancoragem, para praticar. E assim criou-se o slackline. A modalidade ganhou repercussão por aqui, depois que o esportista Hugo Langel cruzou a Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, a nada menos que 840 metros de altura e 32 metros de comprimento.

Como posso fazer?

O modelo é simples. Não requer um equipamento super elaborado ou então horas de preparação. Basta uma fita tubular resistente, feita de poliéster de alta tenacidade, com largura entre 2,5 a 5 centímetros e que varia de 15 a 30 metros de comprimento fixada em dois pontos, podendo ser em uma altura baixa, até cinco metros - chamado de slackline - ou em alturas acima de cinco metros - que é o highline. Feito isso, basta apenas se equilibrar, ou melhor, tentar se manter sobre o elástico e se concentrar no foco, que é atravessar de uma ponta a outra.

Os praticantes não têm um perfil exato. Vão desde amantes do surf, skate, snowboard e praticantes de ioga e escalada até pessoas simplesmente preocupadas com o corpo e a saúde. De acordo com o idealizador do Slack Brasil e praticante Diogo da Silva Barboza, 32 anos, o esporte ajuda a desenvolver a mente e aumenta a concentração para estudos e trabalho, além de auxiliar nas funções do dia a dia. "O slackline ajuda a aliviar o stress. Como o praticante precisa focar em um único ponto, trabalha a atividade psicomotora e isso contribui para que a pessoa encontre o seu equilíbrio", afirma.

Foto: Rodrigo Nunes

As partes do corpo mais trabalhadas durante a prática na corda são o abdômen, coxas e panturrilhas

Benefícios na mente e corpo

A prática atinge áreas do corpo que dificilmente são trabalhadas em uma academia. A concentração, respiração, determinação e equilíbrio fazem parte do desafio de se manter na fita e isso faz com que o praticante mire um objetivo único. Dessa forma, ele firma a estrutura e a mente ao mesmo tempo.

O alpinista e guia de montanhas Gideão Melo, 28 anos, pratica três vezes por semana, desde 2008, e sentiu uma diferença na sua rotina. "O slackline ajuda a abstrair coisas externas e ao mesmo tempo te faz ver as coisas de uma forma ampla. Aguça a percepção. É muito bom para a vida e me ajudou na profissão. Aumenta a atenção em relação aos obstáculos", comenta.

De acordo com Diogo, as partes do corpo mais trabalhadas durante a prática na corda são o abdômen, coxas, panturrilhas, e dependendo da fita utilizada e movimentos realizados, as costas e o peito também ganham destaque.

Para o empresário de 32 anos, Gian Pomposelli, que acaba de voltar a praticar depois de cinco anos afastado, a maior dificuldade foi fazer manobras, evoluções acrobáticas, como mortal e variados giros na fita. Além do equilibrio, autocontrole do corpo e mente também são um desafio. "No slack trabalhamos de certa forma o todo, pois utiliza dos pés a cabeça, unindo o condicionamento físico do exercício lúdico, brincando de andar numa fita tubular, como também trabalha diferentes áreas de coordenação motora. Você se esquece de tudo que está em sua volta".

A fita pode ser colocada em dois extremos diversos - o que diferencia o nome das atividades realizadas é o local onde a prática é feita, conforme quadro abaixo:

Shortline: Feito com uma fita entre sete e 15 metros de comprimento e com uma distância do solo de 30 centímetros a um metro. Esta é uma ótima forma de iniciar a atividade e ao mesmo tempo já permite algumas manobras na fita.

Longline: Praticado com uma fita com comprimento a partir de 20 metros e um sistema de tensão diferente, utiliza técnicas de redução com polias de escalada. Necessita sistema de backup e experiência no slackline.

Trickline: Realizado em uma fita entre sete e 15 metros, próximo ao solo (30 centímetros até um metro) e bastante tensionada. O slacker (como é chamado o praticante) tenta movimentos cada vez mais difíceis através de saltos e manobras.

Highline: Em uma altura superior aos cincometros do solo. É necessário um sistema extra de segurança com baudrier (cadeirinha) de escalada e uma conexão entre o atleta e a fita. Usa-se uma corda tensionada junto à fita para maior segurança nas quedas. Só deve ser praticado por pessoas experientes e conhecedoras das técnicas de montagem e prática desta modalidade.

O mais aconselhado para quem tem interesse em aderir à modalidade é procurar um grupo que já pratique. Para isso, as redes sociais dos núcleos ajudam bastante. Para comprar os kits, com a fita e acessórios necessários, os valores variam de R$ 150,00 a R$ 480,00 e podem ser adquiridos em lojas de material esportivo especializado, como a loja virtual SlackShop. Além disso, veja locais em São Paulo e Rio de Janeiro onde o esporte está bombando:

São Paulo
Parque Ibirapuera
Academia Casa de Pedra

Rio de Janeiro
Praia de Ipanema (em frete ao Country Club)
Praia de Copacabana (em frente a República do Peru)
Praia da Barra (em frente ao Barra Mares)

Colaborou:
http://www.slackbrasil.com/index.php
Gian Pomposelli
www.voltzparkour.com.br

Fotos:
Adelmo Noite
Rodrigo Nunes
www.rodrigonunes.com

Atualizado em 6 Set 2011.