Guia da Semana

Foto: Sxc.Hu

Olá! Na minha última coluna narrei um pouco sobre a minha viagem de ida ao Peru. Nesta, contarei sobre algumas conclusões que pude tirar sob uma ótica política do que acontece no país.

O país é uma pátria de governo frágil, com enfrentamentos políticos, mas com expectativa de crescimento de 9%. A inflação está por volta dos 5%, o custo de vida está subindo e, curiosamente, a qualidade de vida também. A imprensa nacional ajudou muito na estabilidade política, porém, ainda há veículos de comunicação que vivem de escândalos.

Um governante derrotado pelos seus próprios atos de corrupção e ainda querido por muitos por sua figura paternalista de se preocupar com a população. Esse país poderia ser o Brasil ou qualquer outro do quesito "em desenvolvimento", onde as diferenças sociais e econômicas são notáveis e gritantes, todavia, é um vizinho próximo. Esse é o Peru.

À espreita dos últimos acontecimentos envolvendo governos populistas e expulsão de empresas brasileiras, o Peru e seu presidente, Alan García, parecem optar pela política da boa vizinhança e até colaboram com as multinacionais interessadas em investir no país, entusiasmadas com a onda de desenvolvimento.

Luta de estilos

Em vários pontos do Peru, em especial em algumas províncias um pouco mais afastadas da capital Lima, é possível ver várias manifestações de apoio ao ex-presidente Alberto Fujimori, cujo mandato durou dez anos. Em um muro havia a frase, pichada em espanhol, "Chega de injustiça. Fujimori presidente novamente". O político nipo-peruano fugiu do país em 2000, ainda com a presidência em exercício, após acusações de corrupção, enriquecimento ilícito e homicídio. Mesmo assim, ele é considerado o "pai dos pobres", em alusão a alcunha recebida, no Brasil, pelo ex-presidente Getúlio Vargas.

O ex-presidente é considerado por muitos uma figura que representa um controle eficiente, pois a população acredita que ele foi o único governante que realmente se lembrou e cuidou de todos.

O "pai dos pobres peruano" foi precedido por Alan García, o atual governante que recebeu de seus antecessores - inclusive Fujimori - um governo reconstituído, seguro economicamente e que permitiu uma série de reformas políticas e sociais.

Oportunidade e exemplo

A ideia de que Fujimori foi um bom presidente é compartilhada por uma grande parcela da população mais pobre que depende, em sua maior parte, de projetos sociais - geralmente iniciativas de grandes multinacionais - para se manter. Um exemplo é a escola de futebol e de dança, localizada na província de Cañete, onde muitas crianças recebem atividades complementares e alimentação.

Eu conheci a dona de casa Carmen Diallos, que leva o filho de 9 anos todos os dias ao local onde o projeto é realizado e conta que o menino deixou de frequentar a escolinha de futebol por um tempo devido a problemas familiares e sentiu muita falta.

Ela me contou que o menino recebe atenção, carinho e aprendizado, além de almoçar com o amigos e depois joga futebol. Para a mãe, esse projeto é um exemplo, pois não deixa as crianças na rua e incentiva a prática de esportes. O que muitos desejam nesse lugar é que mais empresas invistam nesse tipo de projeto, pois há uma parte da população muito carente de todos os recursos e eu presenciei de perto isso ao conhecer parte do país. Eu volto na próxima coluna para contar um pouco mais a respeito.

Quem é a colunista: Belisa Frangione

O que faz: jornalista

Pecado gastronômico: comida japonesa e chocolate

Melhor lugar do Brasil: São Paulo

Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.