Guia da Semana

Foto: Arquivo Pessoal


Na primeira parte, eu narrei a nossa viagem de carro, saindo de Uruguaiana até Mendoza na Argentina. Hoje vou contar para vocês a segunda parte da nossa aventura que vai de Portillo até o oceano Pacífico.

Saímos de Mendoza pela manhã e, depois de percorrer os 250 quilômetros que ligam Mendoza a fronteira com o Chile, chegamos em Portillo, famosa e antiga estação de esqui, que fica bem perto da fronteira. Já era quase hora do almoço.

A passagem na fronteira hoje em dia é tranquila, mas ainda está presente na minha memória, quando passamos de carro por aqui nos anos 80 e, dentro do túnel, bem na fronteira, fomos parados por homens encapuzados (era inverno) com uma pomada branca no rosto, não sei se para proteção contra o frio ou simplesmente para despertar mais terror em todos. A verdade é que eles tinham uma lista de nomes na mão e pediram nossos documentos e depois de fazerem muitas perguntas, nos liberaram. Duros eram os tempos que havia toque de recolher em Santiago.

Nossa viagem foi em fevereiro, e o Hotel da estação de esqui estava funcionando, o que foi uma ótima notícia, pois não há muitas opções em dezenas de quilômetros. Almoçamos muito bem e seguimos nossa viagem até o litoral.

A estrada é um zig zag e, muitas vezes, pode ser perigosa no inverno. Nosso destino era a praia de Concon, que fica perto de Viña del Mar, com cerca de 210 quilômetros de distância. A estrada é bonita e a gente passa por várias plantações de uva. A região perto de Santiago é conhecida pela produção de vinhos.

Chegamos a Concon já era tardinha. Há outros lugares melhores para ficar, outras praias mais bonitas e com mais recursos como Reñaca, por exemplo. Mas como tínhamos estes apartamentos de time sharing, fizemos de Concon nossa base para explorar o litoral.

São vários lugares a serem visitados. Nós aproveitamos um dia meio friozinho e nublado, e fomos até Valparaiso, que já é uma cidade bem crescidinha. Um lugar muito interessante, mas diferente daquela Valparaiso que eu imaginava dos livros de Isabel Allende. E como estávamos mais no espírito de praia mesmo, valeu o passeio que vai serpenteando o mar, mas não nos aprofundamos muito além disso.

Uma presença muito forte por essas paragens é a de Pablo Neruda. A mais famosa de suas casas fica em Isla Negra, a 85 quilômetros ao sul de Valparaíso. Neruda viveu aqui com sua terceira esposa e ambos estão enterrados nesta propriedade. Entrei em uma livraria e comprei um livro dele. Ler suas poesias olhando para o vasto oceano me aproximou da alma chilena.

Sugiro, especialmente, dois lugares que considero os mais legais onde estive. O primeiro é a praia de Reñaca, que fica ao lado de Viña del Mar. É uma praia jovem, agitada e lembra muito Punta del Leste com aqueles paradouros na beira da praia, muita garotada bonita e pra quem gosta de surfar, há boas ondas que quebram bem na beirinha.

No dia seguinte, saímos de Concon rumo ao norte, até a praia de Ritoque, que é conhecida pelo surfe. O dia não ajudou muito, mas a estrada é bonita, sempre costeando o mar e lá podemos fazer uma trilha até em cima do morro pra ver os surfistas.

O segundo lugar que recomendo é Zapallar, que fica a 54 quilômetros de Concon. Um lugar especial e com um restaurante Chiringuito, onde há os melhores frutos do mar que vocês podem, ou melhor, nem podem imaginar! É de comer ajoelhado para se redimir dos pecados da gula!!

Nos outros dias fomos a outras praias muito legais e com o preço das coisas bem acessível, existe uma variedade enorme de frutos do mar, elaborados de muitas maneiras, sempre acompanhados de um bom vinho chileno ou até uma caipirinha improvisada.
Foram dias maravilhosos e deixamos o Chile com pesar, e torço muito para que o país possa se reerguer o mais rápido possível do trágico terremoto que o abalou neste verão.
A segunda cidade foi Cordoba, na Argentina, uma pérola! Mas isto será assunto para o próximo texto!

Aqueles que quiserem saber outras coisas a respeito dessa viagem ou mais sugestões de lugares, é só escrever que terei o maior prazer em ajudar naquilo que for possível!

Leia a coluna anterior de Clarisse Zanetello:

Paisagens lindas

Em um domingo...

Quem é a colunista:Clarisse Zanetello Linhares.

O que faz: Professora de História da Arte.

Pecado Gastronômico: massa com molho vermelho.

Melhor lugar do mundo: Esta é muito difícil, olhem o blog e escolham!.

Fale com ela: Clarisselin@terra.com.br ou acesse seu blog Viajando com Arte.

Atualizado em 6 Set 2011.