Guia da Semana

Foto: Mylene Rizzo


Eu diria que há duas visitas imperdíveis para quem vai à Toscana. Claro que o ideal é passar vários dias curtido agriturismos e se perdendo por estradinhas sem sinalização, mas se você é da turma do tempo exíguo (como a maioria das pessoas) não deixe de conhecer Siena e San Gimignano.

San Gimignano é uma cidade tipicamente medieval. Fazia parte de uma rota de peregrinação que ligava Canterbury, na Inglaterra, a Roma, via Francigena e, depois de ser devastada pela Peste Negra em 1348, ficou meio esquecida pelo tempo. Para nós, foi uma grande sorte porque a cidade foi preservada, e hoje temos o privilégio de passear pelas suas ruelas como se fôssemos damas e cavaleiros medievais.

A Piazza da Cisterna é a praça central e lá está uma das mais famosas sorveterias da Itália. Estava fechada para férias até março! Viajar no inverno tem estes percalços, mas em compensação a cidade era praticamente nossa e passeamos sozinhos em meio às brumas que cobriam tudo ao cair da tarde. Um clima fantasmagórico que ajudava na viagem no tempo.

A Igreja principal tem afrescos de Ghirlandaio e muitos outros artistas importantes. Santa Fina é a personagem mais falada na cidade, uma santa informal (não reconhecida pela Igreja) que teve seu martírio muito jovem e que é muito amada pelos habitantes da cidade. A famosa Manhattan do Medievo, devido as suas mais de 70 torres das quais restaram 12, não decepciona os atuais visitantes que vão em busca do passado.

Duas dicas de restaurantes são Il Castelo, que é mais simples e num ambiente bem alegre. O tiramisu era de comer rezando e agradecendo para Santa Fina. Já o Dourando é requintado com uma culinária delicada. Aqui presenciamos um ritual muito interessante para servir o Brunello de Montalcino, oferecido pelo Eduardo Linhares.


Siena já é uma cidade que cresceu bem mais e hoje, além de um centro medieval, abriga uma universidade importante e muito comércio de qualidade. Seu Duomo rivaliza em beleza com o de Florença e - que os entendidos não me ouçam - mas eu acho internamente ainda mais bonito por ser mais cheio e elaborado com suas paredes bicolores. Assim como Roma, também tem como símbolo da cidade a loba, pois teria sido fundada por Sénio, filho de um dos irmãos gêmeos, Remo.

Mas o ponto turístico mais conhecido em Siena é a Piazza del Campo, uma praça oval com um certo desnível que abriga a famosa corrida de cavalos conhecida como Il Palio, que acontece duas vezes por ano. Nesta grande festa, a cidade fica repleta de pessoas para ver os bairros de Siena, conhecioas como Contrada, competirem com seus cavalos, roupas e bandeiras em estilo medieval. Vale tudo, até cavalos chegarem ao final sem o cavaleiro. O prêmio é Il Palio, um estandarte com a figura da virgem que cada vez é feita por um artista diferente.

O panforte de Siena é um produto típico da região, deliciosa massa com frutas secas e amêndoas. Os biscoitos cantucci e de amêndoas também são deliciosos. O fim de tarde foi coroado pela lua que iluminou a cidade de forma especial! Para ver e sonhar.

Leia as colunas anteriores de Mylene Rizzo:

Um cruzeiro encantado

Lípari, Vulcano e Salinas

A turquia encantada


Quem é a colunista: Mylene Friedrich Rizzo.

O que faz: Fala sobre história no curso "Encontros com Arte" e acompanha grupos de viagens culturais.

Pecado Gastronômico: doce de ovos.

Melhor lugar do mundo: é o próximo para onde vou viajar.

Fale com ela: mrizzo@terra.com.br ou acesse seu blog Viajando com Arte.



Atualizado em 6 Set 2011.