Guia da Semana

Fotos: sxc.hu


Altas temperaturas, tempo seco ocasionado pela falta de chuva, emissores de poluentes, queimadas. Esses e outros fatores somados a influência das condições climáticas são fortes aliados da baixa qualidade do ar, um quadro alarmante comum ao cenário de pequenos e grandes centros urbanos.

Uma pesquisa recente, feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), levantou a preocupação coletiva ao divulgar que cerca de três milhões de pessoas morrem anualmente por conta dos efeitos da poluição atmosférica. Isto representa o triplo das mortes anuais por acidentes de trânsito.

Levando em consideração esses dados, a população mais vulnerável aos efeitos dos poluentes são crianças até 5 anos, idosos na faixa dos 65 anos em diante, gestantes e todos aqueles que sofrem de doenças respiratórias crônicas como asma e enfisema. Fumantes e subnutridos também possuem uma menor capacidade de tolerância.

A engenheira química do departamento de gerência da Qualidade Costeira e do Ar do Ministério do Meio Ambiente, Lorenza Alberici da Silva, explica que a condição do ar é resultado da interação entre as variações meteorológicas (clima, relevo, regime dos ventos) - que podem ser favoráveis ou não à dispersão dos diversos poluentes - emitidos por: veículos, principalmente os pesados com motores a diesel que são poderosas fontes de material particulado, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre e hidrocarbonetos; queimadas, responsáveis pela emissão de particulados (poeira) e substâncias de alto potencial tóxico, algumas comprovadamente carcinogênicas; as indústrias e as termelétricas.

Conseqüências
A situação se agrava ainda mais quando causa ou intensifica sintomas de doenças respiratórias. O otorrinolaringologista Fabrízio Ricci Romano relata que os casos mais comuns são os de sinusite, rinite, bronquites e pneumonias. "Essas enfermidades são resultantes da inflamação da mucosa das vias respiratórias que, devido à poluição, se tornam mais suscetíveis à ação de agentes infecciosos como vírus e bactérias", explica.

Fabrízio aconselha que as pessoas com tendência a esse tipo de alteração clínica tenham precauções básicas: como se habituar a fazer inalação e lavagem nasal com soro fisiológico. "Além disso, é importante se proteger dos malefícios da poluição, evitando atividades ao ar livre no momento de maior nível de concentração de poluentes", alerta.

Iniciativa privada e estatal
Já que o problema veio à tona, a questão é: o que pode ser feito para diminuir os efeitos da poluição atmosférica? Lorenza Alberici da Silva acredita que as empresas e indústrias podem colaborar para o equilíbrio da qualidade do ar, mantendo em bom estado seus sistemas de combustão e utilizando combustíveis e matérias-primas com menor potencial poluidor. Tudo isso associado a tecnologias para controle das emissões como filtros, lavadores de gases e coletores de partículas.

Quanto à responsabilidade do governo, ela fala sobre projetos e iniciativas praticados: "As ações de combate ao desmatamento e a prática de queimadas são prioritárias para o Ministério do Meio Ambiente. Nos preocupa a expansão do cultivo da cana-de-açúcar não somente pela questão do desmatamento, mas principalmente pelas graves conseqüências das queimadas, uma prática, infelizmente, ainda muito comum nos canaviais", relata.

Visando o controle da qualidade nos grandes centros urbanos, muitos órgãos ambientais estaduais já possuem inventários de poluentes e programas de monitoramento da qualidade do ar, fato que permite a elaboração um diagnóstico atmosférico. É o caso da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), entidade vinculada Secretaria do Meio Ambiente do governo de São Paulo, que trabalha com um sistema que capta informações através de uma estação automática.

A partir dos dados coletados, são definidas as políticas e as ações para promover a qualidade do ar: como reordenamento das atividades sócio-econômicas, alterações no tráfego dos veículos e redução dos fatores que agravam a contaminação da atmosfera.

Quanto à poluição veicular, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), instituído no ano de 1996, contribuiu para a diminuição das emissões de gases de escapamento dos veículos ao instituir um programa de redução gradual dos limites de emissão dos gases poluentes lançados pelos automóveis.


A Amazônia pode contribuir para melhorias da qualidade de ar?
A cobertura vegetal capta o CO2 (dióxido de carbono) do ar pelo processo da fotossíntese, por isso contribui para a diminuição dos gases de efeito estufa. Por outro lado, esse processo não possui nenhuma atuação para a diminuição dos poluentes atmosféricos.
Sem desconsiderar que o desmatamento e as queimadas na Amazônia devem ser severamente combatidos, pois as freqüentes queimadas que ocorrem em todo o território brasileiro causam sérios danos à saúde da população local e aos ecossistemas.

Você também pode contribuir, saiba como:
*Sempre que possível, deixe o automóvel de lado e opte transporte coletivo. Este produz emissões muito menores do que os veículos de passeio, se for contabilizado um cálculo por pessoa/quilômetro transportada. Além disso, o congestionamento ou a redução da velocidade média aumenta muito o consumo de combustível e a emissão de cada veículo.
*Se for utilizar o automóvel, mantenha em boas condições de regulagem, observando as práticas de manutenção preventiva previstas pelos fabricantes dos veículos, utilize rotas alternativas, evitando os congestionamentos e dê preferência aos combustíveis menos poluentes (como álcool e biodiesel, por exemplo).
*Não faça uso da prática de queimadas e denuncie quem o faça aos órgãos ambientais fiscalizadores.


Atualizado em 6 Set 2011.