Guia da Semana

Fotos: Arthur Santa Cruz


Aproximadamente dois milhões de pessoas por dia circulam pelo centro de São Paulo. Como parte do projeto de revitalização do local, o prédio onde fora construído a primeira Agência Central dos Correios passou por uma reforma e foi reinaugurado no início do ano.

Instalado no Vale do Anhangabaú, o edifício histórico foi construído no início do século XX e foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo. No decorrer dos anos, o prédio sofreu um processo de desgaste, que culminou na necessidade de restauro e modernização.

Abriu-se um concurso nacional em 1996, e o projeto escolhido foi o do UNA Arquitetos, que previa a ampliação do prédio, com a construção de um anexo para o Centro Cultural dos Correios em São Paulo, abrigando uma sala para espetáculos teatrais, dois cinemas, espaço para exposições de artes plásticas, salão e praça de eventos, biblioteca informatizada, centro de convenções, livraria, café e restaurantes. Cabe ressaltar que a reinauguração aconteceu, mas estes espaços não constam no projeto ainda.

Patrimônio Histórico

O prédio tem 18,8 mil metros quadrados, destaque na paisagem do Anhangabaú. Foi projetado por Ramos de Azevedo no começo do século XX e iniciou a construção em 1918. O local foi inaugurado em meio às comemorações do Centenário da Independência, em 1922.
O edifício da Agência Central dos Correios e Telégrafos, em estilo neoclássico, é um projeto de Domiziano Rossi, colaborador de Ramos de Azevedo, e foi concluído em 1922. Desempenhou um papel estruturante da paisagem urbana, integrando um conjunto arquitetônico composto pelo Teatro Municipal, Edifício da Light, Edifício Martinelli, viadutos do Chá, Santa Ifigênia e Praça Ramos de Azevedo.


A entrega da obra não se deu por completa. Após mais de seis anos de reforma e com um custo de aproximadamente R$ 19 milhões, foi apresentado à população dois andares concluídos, de quatro que o edifício possui, ainda em reformas e vedados por tapumes impossibilitando o seu acesso.

O edifício

Na obra reinaugurada, entrando pelo Vale do Anhangabaú, o piso térreo do edifício possui um hall de entrada, com a agência de correios disposta aos fundos e um posto de achados e perdidos à sua direita. O hall possui uma escada rolante que leva para o primeiro andar. Neste, um mezanino que abrigará exposições; uma sala à direita, com uma maquete do prédio e uma mostra permanente de fotos da construção da agência ao longo dos anos. À esquerda, a Agência Filatélica D. Pedro II, com duas exposições de selos antigos e a caixa dos correios que acompanha a agência desde 1970, de cor verde oliva com o brasão da república.

A novidade apresentada foi o vão central do prédio que recebeu reforços estruturais e foi desobstruído para deixar entrar a luz do sol - conceito presente no projeto original, mas nunca implementado. Agora, existe no teto uma imensa cobertura de vidro com alumínio, deixando a luz transparecer. O piso em granito bege (que substituiu o mármore do projeto de restauração) harmoniza-se com a pintura clara das paredes e a estrutura das colunas restauradas no térreo cria um estranhamento com as novas colunas erguidas no mezanino, sem adornos, com uma estrutura retangular modernista.

A parte externa do prédio não sofreu alterações físicas nem foi pintada. A conclusão do segundo e terceiro andar, junto com o centro cultural ainda não possuem uma data marcada. Especulações feitas em relação ao valor da nova obra dão uma previsão orçamentária de R$ 40 milhões, mas a assessoria afirma que não existe qualquer estudo realizado sobre isso. É a maior agência de Correios do País, com 4.838 metros quadrados, 42 guichês de atendimento e 150 empregados.

Agência Filatélica
? Composta por um público variado, entre adolescentes e idosos, a agência filatélica D. Pedro II é freqüentada por colecionadores de selos que reservam um vínculo especial com os funcionários do que outro público qualquer. "Além de fazerem uma visita freqüente, eles oferecem as suas próprias coleções para serem expostas aqui", afirma a assessora de imprensa da agência, Denise Bacelar.

? Os selos vendidos na agência são emitidos com uma determinada tiragem e possuem uma validade nacional e internacional, com um preço padrão. De acordo com a procura, as tiragens acabam e a partir daí ocorre uma valorização entre os colecionadores.

? "A emissão que foi impressa em comemoração ao milésimo gol do Pelé teve bastante procura, assim como o do Ayrton Senna", afirma a assessora. A peça brasileira mais famosa é uma tira vertical impressa em 1843 com dois selos "Olho-de-Boi" pelo Correio geral da Corte (1º selo impresso no Brasil). O americano Norman Hubbart, que já tinha sido seu dono e voltou a adquiri-lo num leilão por US$ 770 mil.


Atualizado em 6 Set 2011.