Guia da Semana

Fotos: Gabriel Oliveira

Do alto, eles observam toda a correria de uma cidade que não para. Já passaram por todo o tipo de situação. Viram os costumes mudarem e hoje lutam contra um dos seus piores inimigos: o tempo. Enquanto isso, permanecem no mesmo lugar, imponentes e clássicos.

Estamos falando dos prédios históricos do Centro de São Paulo que além de marcarem uma época distante, guardam as lembranças de uma das principais capitais do mundo. São lugares como o Teatro Municipal, o Cine Marabá e o Palácio da Justiça, que devido à sua importância cultural, estão sendo restaurados, para que desse modo, possam conservar as nossas origens e continuar a fazer sua história na cidade.

Palco principal

Fotos: Gabriel Oliveira
Palco de grandes espetáculos no país, o Teatro fez história na Semana da Arte de 1922

Considerado um dos cartões-postais de São Paulo, o Teatro Municipal já foi palco de importantes manifestações artísticas, como a Semana de Arte Moderna de 1922. Hoje em dia abriga grandes peças e óperas, além de concertos e espetáculos de dança. Obra do arquiteto Ramos de Azevedo, foi construído em 1911, considerado como um dos entretenimentos mais elegantes da elite paulistana já em sua inauguração.

Em julho de 2008 iniciaram-se as obras de restauração das fachadas. A intervenção também ocorreu na parte interna, o que permitiu que a temporada fosse concluída com um público de mais de 220 mil espectadores. O projeto faz parte de um programa da Prefeitura, em parceria com o setor privado, com orçamento de R$ 5,8 milhões. Além da estrutura, as pinturas, peças de ouro e os vitrais do salão nobre também serão completamente recuperados, tendo como referência as fotografias do projeto original.

Entre livros

Fotos: Gabriel Oliveira
A Biblioteca é hoje considerada a 2º maior do páis

Passando por reformulações desde setembro do ano passado, a Biblioteca Mário de Andrade, fundada em 1926, surgiu a partir do acervo da Câmara Municipal de São Paulo e continua atendendo o público normalmente. No andar térreo, as estantes devem receber todo o acervo distribuído pelo local, que hoje conta com mais de 3,3 milhões de itens, entre livros, revistas, jornais, catálogos de exposições, microfilmes, CDs, DVDs, arquivos digitais, mapas, calendários, manuscritos e outros materiais bibliográficos.

Segunda maior biblioteca do país, a Mário de Andrade está com sua capacidade de armazenamento esgotada há pelo menos 30 anos. Além da restauração do prédio, o lugar ganhará um novo espaço, que abrigará uma hemeroteca com mais de 10 mil títulos de periódicos e jornais raros, que totalizam cerca de 2,5 milhões de exemplares, além de laboratórios de microfilmagem, restauro e encadernação. A obra está avaliada em R$ 15,84 milhões e tem finalização prevista ainda para este ano.

Na telona

Fotos: Gabriel Oliveira
O Cine Marabá será divido em cinco novas salas

Localizado no centro da cidade, o Cine Marabá, em seus tempos áureos, foi consagrado como uma das grandes casas da Cinelândia. Inaugurado em 1944, reuniu algumas das maiores bilheterias do Brasil e já foi cenário de exibições históricas, como as primeiras produções da companhia Vera Cruz, na década de 50. Com escadarias e detalhes revestidos em ouro, ficou aberto por 63 anos, até fechar suas portas em 2007. Se tudo correr dentro do cronograma, o cinema promete aparecer novamente, de cara nova, até maio.

Por ser um edifício tombado, considerado patrimônio histórico de São Paulo, as características do antigo Marabá serão mantidas na obra de restauração, apenas na parte externa. As salas devem seguir as mesmas características dos cinemas de shoppings, com som digital, telas gigantes e poltronas confortáveis. A Playarte, exibidora oficial do local, é responsável pelas obras, que foram projetadas pelo arquiteto Ruy Ohtake. A reformualção prevê que a divisão das 1.655 poltronas, antes em um único ambiente, cedam espaço a cinco novas salas Multiplex, com capacidades menores.

Política e história

Fotos: Gabriel Oliveira
O Palácio da Justiça é um dos marcos históricos da política paulistana

Com projeto encomendado ao arquiteto Ramos de Azevedo em 1911, o Palácio da Justiça é um personagem importante da história política do Estado de São Paulo, que agora está sendo resgatada com a restauração do prédio. Considerado um monumento de valor cultural, a construção foi sede do governo do Estado entre 1911 e 1965, tendo sido tombada pelo Governo do Estado em 1981.

O projeto de reforma do local é um dos mais completos, englobando desde sua estrutura, até o mobiliário e as obras de arte, reproduzindo os moldes do padrão arquitetônico francês da década de 30. Após a conclusão das obras, o Governo do Estado deve complementar a restauração com fotografias, quadros e livros, resgatados do período em que o palácio foi sede administrativa da cidade. Quem gerencia as obras é a Fundação Patrimônio Histórico da Energia, que já captou cerca de R$ 5,2 milhões de recursos.

Última oração

Fotos: Gabriel Oliveira
A igreja era utilizada para que os condenados fizessem suas últimas orações

A Igreja da Boa Morte possui um estilo de características barrocas, típicas da primeira metade do século 19, quando foi construída. Além das tradicionais celebrações religiosas, a igreja fez parte de uma história esquecida no tempo, que rendeu-lhe seu nome de batismo - o templo recebia os escravos condenados ao enforcamento, que antes da execução, eram levados até lá para uma última oração.

Levantado originalmente em taipa de pilão, o espaço vem passando por uma restauração externa e interna, que visa manter as origens que fizeram a igreja um marco histórico na região central da cidade. Boa parte dos recursos para as obras, avaliadas em R$ 3,7 milhões, foram captados por meio do incetivo da Lei Rouanet. O restante do orçamento foi coberto através de convênios com a Secretaria de Estado da Cultura e empresa privadas, que angariaram cerca de R$ 1 milhão em nome da fé.

Serviço:

Teatro Municipal
Praça Ramos de Azevedo, s/nº
Telefone: 3397-0300

Biblioteca Mário de Andrade
Rua da Consolação, 94
Telefone: 3256-5270

Cine Marabá
Avenida Ipiranga, 757
Telefone: 3223-7001

Palácio da Justiça
Praça Clóvis Bevilacqua, s/n
Telefone: 3105-7533

Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte
Rua Tabatinguera, 301
Telefone: 3104-0055

Atualizado em 19 Nov 2012.