
Recordes de congestionamento constantemente quebrados. Horas e horas perdidas diariamente. Estresse. Poluição. Essa é a rotina de muitos paulistanos que se aventuram no trânsito da capital todos os dias. Na tentativa de solucionar ou ao menos atenuar esse quadro alarmante, prefeitura e governo do estado mobilizam-se.
No último dia 13 de maio, a prefeitura publicou no Diário Oficial o decreto que restringe a circulação de caminhões em uma área de 100 quilômetros quadrados, a qual abrange boa parte do centro expandido da cidade. Fica prevista a proibição de segunda a sexta, das 5 às 21 horas e aos sábados das 10 às 14 horas. A medida entra em vigor a partir de 30 de junho.
As exceções ficam por conta de caminhões de emergência e cobertura jornalística, que poderão circular livremente em período integral. Outros, responsáveis pelo transporte de valores e alimentos perecíveis, somente estão impedidos de circular em horários de pico.
O decreto não agradou ao Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo, o Setcesp. O presidente da entidade, Francisco Pelúcio, acredita que, com a restrição, o abastecimento da cidade ficará comprometido e os produtos transportados chegarão mais caros ao consumidor. "Foi feito um estudo técnico pelo Setsesp que dá um aumento de mais ou menos 13,5%", afirma.
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Francisco Pelúcio, em sua sala no Setcesp |
Além da possível alta dos preços, Pelúcio aponta outra conseqüência negativa: o aumento do roubo de cargas. Somente no estado de São Paulo, o prejuízo das transportadoras com o roubo em 2007 foi de 204,6 milhões de reais. Devido à restrição, as entregas serão feitas somente durante a noite, fato que pode contribuir para a ação dos ladrões.
Outro agravante reside em um grande paradoxo. Muitas das transportadoras substituirão os caminhões por veículos de menor porte, como kombis e vans. Serão necessárias ao menos três vans para transportar a carga de um caminhão de pequeno porte, por exemplo. A conseqüência imediata será o aumento dos congestionamentos, exatamente o que combate o decreto.
Para o secretário municipal dos Transportes Alexandre de Moraes, não haverá prejuízo no abastecimento, pois a maior parte dos supermercados da cidade está fora da zona de proibição e os restantes já estão habituados a receberem cargas durante a madrugada. Segundo ele, basta uma reorganização por parte das transportadoras para que o abastecimento não seja prejudicado.
Vilões?
Com o intuito de valorizar a categoria, o Setcesp iniciou a campanha publicitária Se tá na mão, veio de caminhão. A intenção é apresentar o caminhão como motor da economia do país e não o grande vilão dos congestionamentos. Aproximadamente 65% do que é transportado no país é feito por via rodoviária.
A campanha será veiculada na grande mídia se estenderá até outubro deste ano. O conteúdo é composto de diversas situações cotidianas nas quais será mencionada a importância do caminhão no transporte de produtos imprescindíveis como remédios e alimentos.
Confira as vias que abrangem a área de restrição Av. Rebouças, em toda a extensão; Av. Eusébio Matoso, em toda a extensão; Av. Nove de Julho, em toda a extensão; Av. Cidade Jardim, entre Av. Brig. Haroldo Veloso e Av. Brig. Faria Lima; Av. São Gabriel, em toda a extensão; Av Santo Amaro, entre Av. São Gabriel e Av. Bandeirantes; Av. Paulista, entre Rua da Consolação e Pça. Oswaldo Cruz; Av. Prestes Maia, em toda a extensão; Passagem Tom Jobim; Av. Rio Branco, em toda a extensão; Av. Sen. Queirós, entre a Rua da Cantareira e Pça. Alfredo Issa; Av. Ipiranga, entre a Pça. Alfredo Issa e Av. São Luiz; Av. São Luiz, em toda a extensão; Viaduto 9 de Julho; Viaduto Jacareí; Rua Maria Paula, em toda a extensão; Viaduto Dona Paulina; |
Fotos: Gabriel Oliveira
Atualizado em 6 Set 2011.