Guia da Semana

Nascido em Oak Park, no estado americano de Illinois, Ernest Hemingway desde jovem fez da sua vida uma trilha de aventuras e emoções que serviu de fonte para seus livros, juntando passagens autobiográficas e paisagens deslumbrantes.

Nos caminhos da Guerra - Milão

Com menos de 20 anos, procurou o alistamento militar para combater na Primeira Guerra Mundial. Preterido por um problema de visão, resolveu ir por conta própria à Itália. Lá conseguiu uma vaga como motorista de ambulância da Cruz Vermelha. Em meio a tiroteios e à tarefa de carregar feridos, apaixonou-se pela enfermeira Agnes Von Kurowsky. Um ataque de bombardeio o atingiu, obrigando-o a voltar aos Estados Unidos.



A experiência da guerra e do amor foi o combustível do romance Adeus às armas, imortalizando o tenente Frederic Henry, personagem autobiográfico, que se apaixona pela enfermeira inglesa Catherine Barkley enquanto se recupera num hospital de campanha em Milão. Do romance entre ambos, há a concepção de um filho e uma terrível dúvida: a honra de prosseguir na guerra ou largar tudo em nome do amor à amada. Decidem morar na Suíça, mas a personagem morre antes de dar à luz.

Vinte anos depois, Hemingway reviveu a experiência da guerra ao cobrir como repórter o confronto civil espanhol e se aliar ao exército republicano. Com as histórias desse período escreveu o livro Por quem os sinos dobram.

La Fiesta de San Fermin - Espanha

Depois da Itália, Hemingway ficou por pouco tempo nos EUA, retornando à Europa como jornalista para acompanhar o período do pós-guerra. Era o início dos anos 1920, e fez de Paris sua sede. Lá, travou contato com jovens escritores como Ezra Pound, Scott Fitzgerald e Gertrude Stein. A efervescência da cena literária e a retomada da vida nas cidades europeias foram tema de diversos livros e contos, fazendo Hemigway cunhar a frase "Paris é uma festa".



Um dos mais famosos livros que retratam o período é O Sol também se levanta. Em noites regadas à champanhe nos cafés parisientes, o jornalista Jack Barnes trava contato com todo o tipo de gente, de milionários fúteis a barmens interesseiros. Entre tantas figuras, outra grande personagem, a jovem milionária Brett, conhecida como Lady Ashley. Mas é na festa de San Fermin, na cidade de Pamplona, que a história chega ao apogeu. São beberragens em bodegas, corrida de touros no meio da rua, disputas de honras e todo o tipo de envolvimento amoroso vividos pelos personagens. Com o romance, o festejo ganhou projeção mundial, atraindo anualmente turistas de toda a parte do mundo entre 7 e 14 de julho.

Safari no Quênia

Já gozando de prestígio como escritor, Hemingway passou boa parte de seu tempo viajando. Um dos destinos preferidos foi a África, particularmente o Quênia e a antiga Tanganika, hoje a Tanzânia, onde esteve em 1933 para conhecer o monte Kilimanjaro. Em busca de aventura, se meteu em safaris e caçadas a leões e antílopes. Pegou desinteria, teve de ficar hospitalizado em Nairobi e travou contato com americanos e europeus que lá estavam.



As vivências nos dois países renderam o livro de viagens As verdes montanhas da África e alguns contos. O mais conhecido é A vida breve e feliz de Francis Macomber, que conta a história desse milionário de meia-idade atrás de um leão e da sua entediada esposa que se envolve com o caçador Robert Wilson. Apesar de o texto não determinar um local, provavelmente se passa nas reservas de Maasai Mara, no Quênia. A região possui diversos resorts e lodges onde é possível entrar em contato com a natureza selvagem.

Pescaria no Caribe e vida noturna em Cuba

Em tantas viagens pelo globo, Hemingway rotineiramente ia ao Caribe. A primeira vez foi em 1928, ainda acompanhado da segunda esposa. Depois viajaria inúmeras vezes com o amigo Joe Russell para a pesca anual do agulhão, que ocorre até hoje nas águas caribenhas entre os meses de maio e julho. Nessa época, ficava regularmente no hotel Ambos Mundos, em Havana Vieja. Já no seu terceiro casamento e com o fim da Segunda Guerra, decidiu lá residir. Alugou e, posteriormente, comprou uma chácara em Finca Vigía, nos arredores da capital cubana. Atualmente, a casa é um museu em homenagem ao escritor.



Na capital cubana, frequentava os bares Bodeguita Del Médio e Floridita. Este último entrou para o roteiro turístico de Havana. Possui um busto do escritor e serve o clássico drinque Daiquiri: uma mistura de rum, açúcar, gelo picado e sumo de limão. Para deixá-lo ainda mais seco, o escritor pedia para acrescentar uma pequena dose de Marasquino.

Mas até essa passagem mais bucólica teve suas doses de aventura. Hemingway foi remunerado pela CIA, o serviço secreto americano, para acompanhar os movimentos do fascismo na Ilha, atividades submarinas em alto mar e até os primeiros passos do jovem movimento socialista dos irmãos Fidel e Raul Castro e de Ernesto Guevara. Todas essas histórias alimentaram dois livros: Ilha das Correntes e o clássico O Velho e o Mar.

Atualizado em 6 Set 2011.