Guia da Semana

À frente, paredões com mais de dois mil metros de altitude. O suor mistura-se com o frio (ou o excesso de umidade); pernas e pés estão doloridos, o corpo extenuado. A conquista do objetivo é a maior vitória e, junto a ela, paisagens deslumbrantes.

Quem quiser vivenciar a experiência do montanhismo pode começar a se programar. Os principais picos do mundo têm de setembro a novembro o melhor período para o ataque de seus cumes.

Foto: Acervo pessoal

Marcelo Clini com o Pico do Aconcágua ao fundo

O engenheiro químico Marcelo Clini que o diga. "Bom preparo físico e o mínimo de equipamento adequado são essenciais". Aos 38 anos, ele desbravou do Pico do Aconcágua em janeiro deste ano, gostou e já repetiu a dose no mês passado, escalando os 6.088 metros da montanha Huayna Potosi, na Bolívia.

Disposição e vontade

São caminhadas de até oito horas num dia e o pouco oxigênio quando se ultrapassa os três mil metros. Quem não está preparado sofre com falta de ar, ânsias de vômito e dores de cabeça. As agências exigem atestado médico e seguro-saúde, e para não estragar o programa, é fundamental fazer uma boa aclimatação.

"O ataque ao cume é gradual, com subidas e descidas constantes até os campos-base -pontos com estrutura de apoio e acampamentos nas montanhas - para acostumar com a altitude. E não pode deixar de comer e se hidratar bem", reforça Clini. Em média, leva de quatro dias a uma semana antes de atingir o cume. Os de menor altitude, como o Roraima, permitem acampamento no topo.

Foto: Divulgação

O Monte Roraima, um dos melhores pontos de trekking no Brasil

Equipamentos também são essenciais, como as roupas (primeira pele, peças intermediárias), anoraks (capas externas) e botas, além de sacos de dormir, fogareiros, etc. As agências oferecem guias brasileiros e locais, carregadores e cozinheiros em barracas-refeitório. Isso não exime o esforço do aventureiro. "No Aconcágua, é por conta do montanhista carregar o material antes do ataque ao cume, que requer um ou dois acampamentos avançados", completa o aventureiro.

Tudo para alcançar o objetivo. "Tem horas em que o teu corpo já foi e só a vontade do desafio te faz continuar, fora a beleza natural, totalmente desconhecida e de visual fantástico".

Conheça logo abaixo alguns roteiros de operadores de ecoturismo. Eles podem ser feitos por trekking e não incluem as passagens aéreas. Para terrenos íngremes que exigem corda, o ideal é ter um curso de escalada em rocha, técnicas verticais ou rappel.

Kilimanjaro

Foto: Divulgação


Encravado no meio da savana da Tanzânia está o vulcão adormecido coberto pelo gelo eterno. Esse é um dos significados do nome Kilimanjaro. Esse gigante de 5.891 metros de altura é a maior montanha do continente africano. Outro mérito é o de ser a maior montanha isolada do mundo, sem fazer parte de uma cordilheira.

Uhuru Peak, a borda da cratera, é o ponto mais alto. Há diversas rotas para a escalada; Machame é a mais íngreme, Rongai apresenta maior facilidade e tem a vantagem de ser menos explorada que a Marangu, que tem até estrada. As excursões duram 10 dias e oferecem as paisagens do Parque Nacional do Kilimanjaro, com cerca de 247 mil quilômetros de extensão.

Quem leva: Grade 6
Preço: De US$ 3.100 a US$ 3.300, dependendo do número de pessoas (mínimo de seis viajantes)
Próximas saídas: setembro de 2010 e março de 2011
Tel: (19) 3241-9709

Aconcágua

A maior montanha fora da Cordilheira do Himalaia fica na América do Sul, na vizinha Argentina. Também conhecido como Sentinela de Pedra, o Aconcágua possui 6.962 metros e é um dos principais destinos de montanhistas do mundo.

A aventura começa no Parque Provincial e a rota normal é o acesso utilizado para o trekking. Operadores de ecoturismo oferecem diversos pacotes, desde caminhadas menos puxadas para os campos-base intermediários, de oito a dez dias, até o ataque ao cume, cerca de 20 dias. O Glaciar dos Polacos e a Parede Sul são outros dois acessos que exigem escalada técnica em rocha e gelo.

Quem leva: Pisa Trekking
Preço: US$ 1.400 a US$ 4 mil, de acordo com o pacote escolhido. As caminhadas aos campos intermediários levam de sete a dez dias. Já a escalada ao cume, de 16 a 20 dias.
Próximas saídas: dezembro e fevereiro
Tel:(11) 5052-4085

Cordilheira do Himalaia

Foto: Divulgação


No sudoeste asiático, a Terra encontra o céu. No pico do mundo está o Everest, com 8.850 metros. Ao redor dele, várias outras montanhas variando de três mil a sete mil. As empresas brasileiras de ecoturismo operam pacotes até o campo-base do Everest, explorando aventura e cultura da região.

Há dois caminhos principais sem a exigência de cordas e mosquetões. O mais comum é a trilha ao leste pelo Vale do Gokyo, no Nepal. A partida é o vilarejo de Lukla, passando por Monjo, Namche Bazaar, Khumjung, Lobuch e Gorak Shep até o campo-base, a 5.300 metros de altura. Ida e volta totalizam entre 20 e 25 dias. Para a subida até o cume, é necessário escalada técnica e acompanhamento de agência autorizada.

Quem leva: Grade 6
Preço: De US$ 3.100 a US$ 3.900, dependendo do número de pessoas (mínimo de seis viajantes)
Próximas saídas: outubro de 2010 e abril de 2011
Tel: (19) 3241-9709

Monte Roraima

Na fronteira entre Brasil, Guiana e Venezuela encontra-se um dos terrenos geológicos mais antigos do planeta e de rara beleza. O gelo cede lugar à floresta Amazônica. Ao invés de desertos e terrenos arenosos, belas cachoeiras. Coroando a expedição, o Monte Roraima, com 2.800 metros de altura.

O melhor acesso é pelo lado venezuelano, na cidade de Santa Elena de Uairen. Após cruzar rios como o Tek e dois dias de trilha, chega-se ao topo. É um dos poucos roteiros com possibilidade de acampamento no cume, devido à estrutura do platô. Alguns pacotes estendem o percurso até ao parque venezuelano de Gran Sabana. Em média, o roteiro leva dez dias e não necessita de carregadores externos.

Quem leva: Venturas e Aventuras
Preço: de R$ 2.0600 a R$ 2.900, dependendo do número de pessoas
Próximas saídas: a partir de setembro, tem programação regular
Tel: (11) 3872-0362

Atualizado em 6 Set 2011.