Guia da Semana

Fotos:Corda de Rua/ divulgação

Tênis no pé, corda na mão e criatividade na cabeça. Esses são os requisitos básicos para um esporte pouco conhecido aqui no país e que cada vez mais ganha adeptos na Europa e Estados Unidos, o rope skipping - traduzindo para o bom português - pular corda.

As lembranças que surgem para nós brasileiros são das crianças com cantigas infantis saltando em conjunto, conceitos esse que o grupo Corda de Rua quer acabar. Eles são os primeiros puladores a difundir esse esporte para o público no país, almejando uma adesão que vai desde os pequenos até idosos, para uma atividade que não requer muito esforço físico, além de ser praticada sozinha ou com mais pessoas.

Para isso, eles realizam apresentações gratuitas em parques, escolas e outros lugares. As exibições têm ênfase na plasticidade dos movimentos, tornando ainda mais belo o esporte criado em 1969, pelo jogador de futebol americano e professor de educação física, Richard Cendali. Sua origem vem do condicionamento físico, sendo ainda hoje muito utilizado para o aquecimento no boxe e nas recuperações de lesões no futebol, além de outras tantas artes marciais.

As vivências junto ao público acontecem de forma casual. O grupo inicia com uma corda individual e logo duas pessoas assumem as pontas de uma corda mais longa e começam a bater. Assim, os integrantes entram em dois ou mais para fazer saltos acrobáticos ou a turma toda começa a pular de forma sincronizada. A apresentação ganha força de espetáculo e quem está passando pára para admirar as acrobacias. Acabam entrando na brincadeira, cada um saltando da sua maneira.

As modalidades do esporte:

?Individual: quando a pessoa movimenta a corda e faz as acrobacias sozinho;
?Chinese Wheel: quando dois ou mais praticantes realizam saltos combinados. As pontas são batidas por dois saltadores diferentes;
?Double Dutch: com participantes ilimitados. É possível, inclusive, pular mais de uma corda ao mesmo tempo. Durante as manobras, quem estiver saltando pode passar de uma corda para outra, assumir a posição de batedor, convidar amigos para pularem junto etc.



"Nosso objetivo é massificar a atividade que já é comum para as crianças aqui no Brasil, mostrando como é fácil e prático, basta uma corda sem a necessidade de muito espaço", enfatiza Ana Sato, que conheceu o esporte através de uma viagem para a Europa, realizada em 1999. Depois disso ela trouxe para o país a idéia junto com um grupo Belga de competidores internacionais.

Para provar que para participar não existe censura, o publicitário Chico Barney entrou no Corda de Rua há um mês e meio e hoje faz apresentações com o grupo composto por doze pessoas. "Pular corda pode ser feito por todos, pois respeita o preparo físico e o ritmo de cada um", afirma. Na ausência de corda, Chico aconselha a usar qualquer coisa que o valha, como o varal de casa ou até mesmo o fio do computador.

Foto: Aventurar/ divulgação

Lá fora o rope skipping incorpora movimentos de hip hop e ginástica às manobras. No Brasil, o som é bastante variado, indo deste ritmo ao soul music nacional, passando por Chico Science e Nação Zumbi. Os atletas experimentam acrobacias próprias, como embaixadinhas ou qualquer outra coisa que a criatividade alcance, uma forma de patentear a cultura do nosso País ao novo esporte.

Os benefícios da atividade são muitos. Os médicos afirmam que pular corda estimula a coordenação motora, o equilíbrio, o exercício cárdio-respiratório e incentiva o trabalho em grupo, além de relaxar e divertir sem restrições. Para começar, o interessado deve respeitar o limite do seu corpo realizando pequenas atividades, com graduações até sentir seguro para copiar ou criar suas próprias manobras.

A equipe aparece regularmente nos finais de semana no Parque do Ibirapuera, zona sul, ou no Villa Lobos, zona oeste. Para os amadores e sedentários que quiserem praticar uma atividade física divertida, criativa e democrática, basta entrar no site oficial ( www.cordaderua.org ) e ficar por dentro da programação de apresentações.


Termos usados na corda de rua:
Travel : saltar passando por uma fileira de pessoas;
Salto simples: para cada salto, a corda passa uma vez sob os pés;
Salto duplo: para cada salto, a corda passa duas vezes sob os pés;
Cruzado: saltar cruzando os braços na frente do corpo;
Salto lado-cruza : salto cruzado com balanceio lateral;
Speed: salto com os pés alternados;
Toad/ perninha: salto com a mão direita sob o joelho esquerdo;
Cougar/ perninha: salto com a mão direita sob o joelho direito;
Caboose: salto com as mãos cruzadas embaixo das pernas afastadas;
Frog: parada de mãos;
Solturas: soltar uma ponta da corda e pegar novamente;
Batedores: as pessoas que batem as cordas

Fontes:
Ana Sato, idealizadora e fundadora do grupo
Chico Barney, publicitário que escreve no blog "Acorda Chico" sobre o esporte
Site: www.cordaderua.org

Atualizado em 6 Set 2011.