Guia da Semana

Com o propósito de catalogar e preservar locais de importância vital para a cultura e natureza, a Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação (UNESCO) realizou a 34ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial. Nesta reunião foram inscritos 21 novos bens, incluindo 15 culturais, 5 naturais e 1 misto, que recebem incentivo governamental e fundos internacionais para manter, restaurar e conservar seus patrimônios.

Para os países com espaços selecionados, cabe atentar e informar periodicamente ao Comitê o estado de conservação. Caso isso não ocorra, corre o risco de que o local seja retirado da Lista e dos investimentos. Conheça cinco dos 21 novos Patrimônios da Humanidade.

Praça São Francisco (Sergipe)


Foto: © UNESCO

Situado na quarta cidade mais antiga do Brasil e a primeira capital do estado de Sergipe, a Praça São Francisco foi o único espaço brasileiro selecionado como Patrimônio Histórico da Humanidade nesta última votação. São Cristóvão, município fundado em 1590, é onde o sítio se encontra, que se destaca pelos 10 prédios em torno da praça, a Igreja e o Convento de São Francisco, todos influenciados pela arquitetura da Dinastia Filipina em Portugal.

Construídas a partir doações da comunidade aos franciscanos, foi cidade capital da província, abrigando a Assembléia Provincial e o salão da Ordem Terceira. Na República, aquartelou as tropas do batalhão que combateu os seguidores de Antônio Conselheiro, em Canudos (1987). Em 1967 a cidade foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O espaço atualmente conserva o Museu de Arte Sacra - considerado terceiro acervo mais importante do país - e o Museu de Sergipe, com peças que pertencem às famílias nobres da região.

Atol Bikini (Ilhas Marshall)


Foto: © UNESCO/Eric Hanauer

Palco dos testes nucleares, o Atol Bikini, nas Ilhas Marshall, apareceu para o mundo no início da Guerra Fria. Os norte-americanos deslocaram os habitantes locais e realizaram 67 testes entre 1946 e 1958, incluindo a explosão de 23 bombas de hidrogênio, que somadas tiveram a força de sete mil vezes a bomba de Hiroshima. O resultado alertou o mundo para a potência e o perigo dos testes nucleares, com toda a alimentação local contaminada, navios afundados pelas atividades e a gigante cratera Bravo.

O meio ambiente natural e geológico também sofreu as conseqüências, atingindo a saúde de todos os animais expostos à radiação. Atol transformou-se em um paradoxo, já que o espaço que transmitia uma sensação de paraíso terrestre simbolizava o alvorecer da era nuclear. Outro ponto que tornou a ilha conhecida foi o fato dela servir como nome de batismo das roupas de banho femininas. Selecionado pela UNESCO em 2010, é o primeiro sítio das Ilhas Marshall inscritos da Lista de Patrimônio Mundial.

Jantar Mantar (Índia)


Foto: © UNESCO

Considerado o maior observatório de pedra do mundo, Jantar Mantar, em Jaipur (Índia) é um sítio de observação astronômica construído no início do século XVIII. Situado no pátio do Palácio Real, inclui um conjunto de 20 instrumentos fixos e tinha como objetivo rever o calendário, tabelas astronômicas e desenvolver os estudo indiano para a área.

O que impressiona é a riqueza de detalhes que os instrumentos oferecem, permitindo ao observador em um dia sem nuvens acompanhar - com a ajuda e explicação de um guia - as mudanças das sombras do mármore e entender seus significados. O Jantar é o observatório histórico mais significativo, abrangente e o melhor preservado da Índia.

Complexo do Mercado Histórico de Tabriz (Irã)


Foto: © UNESCO/ Iran Images/ Mohammad Tajik

Espaço para intercâmbio cultural desde a antiguidade, era um dos mais importantes centros comerciais da Estrada da Seda, tendo o seu auge entre 1270 e 1305. O Complexo do Mercado Histórico de Tabriz é representado por uma série de estruturas de tijolos cobertas, interconectadas, prédios e espaços cercados com diferentes funções.

Em sua glória, os soberanos construíram numerosos monumentos e atraíram muitos artistas e intelectuais. A cidade permaneceu com sua importância até o século XVIII, com a expansão do poderio Otomano. Retomou a prosperidade a partir de metade do século XIX, quando o Irá começa a se abrir para o Ocidente e Tabriz se torna ponto de passagem entre o interior do país e o Mar negro.

Locais para Condenados na Austrália


Foto: © UNESCO/ Mark Mohell e Dewha

Entre os séculos XVIII e XIV, a Austrália era palco de milhares de instituições penais com o objetivo de esvaziar as cadeias britânicas. Para a eleição dos Patrimônios da Humanidade, foram selecionados 11 locais situados na faixa costeira. Os povos aborígines foram forçados a sair do seu habitat, principalmente ao redor de Sidney, Tasmânia e Ilha Norfolk.

Assim, dezenas de homens, mulheres e crianças eram levados para a Austrália em busca de seu espaço específico, alguns aprisionados enquanto outros procuravam a reabilitação por meio de trabalho forçado na construção da colônia. Na Ilha Fremantle esta situada a cadeia de condenados mais antiga do país e o Western Australian Maritime Museum (Museu Marítimo do Oeste da Austrália).

Atualizado em 6 Set 2011.