Guia da Semana

Fotos: Leonardo Filomeno


Já era noite de sexta-feira, quando recebi um convite para conhecer a cidade de Barra Bonita. Confesso que a primeira vista, não houve um grande entusiasmo em conhecer o município onde se construiu a primeira eclusa na América do Sul, talvez devido à cansativa viagem de quase três horas que faria ou pelo fato de ter que acordar às 5 da manhã de um sábado. Mesmo assim, integrei-me ao grupo.

A cidade nasceu e se desenvolveu as margens do Rio Tietê. Era a rota dos bandeirantes que exploravam o interior do Brasil em busca de ouro e pedras preciosas. Abrigou, em um passado mais próximo, imigrantes italianos que vieram para a nossa terra consumidos pela vontade de fazer a América. A região passou pelos ciclos do café e da cana-de-açúcar.

Mal o sol começara a despontar, parti de São Paulo. Na estrada, o frio e a neblina escondiam a serrania pelas quais passaríamos, dividindo espaço com carretas que pareciam se arrastar frente aos apressados utilitários e em meio a uma vegetação rala, típica da beira da estrada.

Admito que o asfalto da Castelo Branco estava em ótimas qualidades, embora considere abusivo os quatro pedágios que a concessionária Via Oeste instalou na rodovia, consumindo R$ 29,90 do bolso no percurso da ida, mais R$ 26,00 na volta (somados dariam para abastecer o carro para fazer o trajeto de 264 quilômetros entre a metrópole paulista e Barra Bonita).

Ao chegar à beira das águas, percebi o quão diferente estava o Tietê. O mesmo que se encontrava entre os dos sentidos da Marginal exalando um cheiro de enxofre e cor escura, agora possuía em suas margens uma abundante mata que o protege e os animais que vivem em seu habitat. O passeio de barco resgatou muitas lembranças, dentre elas um poema do escritor Mário de Andrade:

Meu rio, meu Tietê, onde me levas?
Sarcástico rio que contradizes o curso das águas
E te afastas do mar e te adentras na terra dos homens,
Onde me queres levar?... (Poesia Completa)


Barra Bonita se tornou um pólo turístico devido a esse fato. È um resgate ao nosso passado, num tempo em que o Tietê corria serra dentro e era totalmente navegável em toda a sua extensão, antes de perder espaço para o asfalto quente e a poluição sufocante, matando a vida que pulsava em suas águas e despejando dejetos em seu interior.

Posso dizer que a visita me surpreendeu e me indignou ao mesmo tempo. Primeiro em saber que a natureza ainda conserva ambientes cujos desenfreados usos dos recursos econômicos pelo homem ainda não foram afetados. Segundo por entender que se não forem preservados as escassas áreas que temos, estaremos muito próximo do fim da nossa espécie.


Quem é o colunista: Leonardo Filomeno

O que faz: Pratico esporte e estudo jornalismo

Pecado gastronômico: Pizza e comida japonesa.

Melhor lugar do mundo: Ainda preciso conhecer

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Atualizado em 6 Set 2011.