Guia da Semana

Fotos: Mirella Rossini


A primeira vez que eu fui ao Mercado Mundo Mix, eu tinha catorze anos. Lembro que estava em uma fase de querer criar um estilo novo, tinha feito a minha primeira tatuagem, pintado o cabelo de vermelho e para mim isso representava a transição para a maturidade.

Esse passeio foi feito pela primeira vez ao lado da minha mãe. Em um galpão enorme na Avenida Francisco Matarazzo, o evento era realizado uma vez por mês. Eu adorava chegar na escola com acessórios diferentes comprados por lá e ver as amiguinhas morrendo de inveja do meu estilo descolado.

Desde o início, a multiplicidade do lugar, em todos os sentidos, me fez sentir única sem ficar de fora de um grupo social específico. Por muitos anos eu freqüentei o Mercado, que depois de muitas mudanças de lugar e de freqüência, me fez deixar esse passeio de lado.

Quando recebi o e-mail de uma marca de bolsas que eu adoro, me dizendo que estariam expondo no MMM - como era chamado na minha época de freqüentadora - eu resolvi arriscar dar o ar da graça e saber como "andava" este evento, conhecido pela diversidade de pessoas, pela moda alternativa e precursora.

Para minha surpresa, tinha até um estande com criações de estilistas que desfilam suas peças em semanas de moda. Pessoas fazendo malabares, música de DJ internacional e até uma pizzaria descolada completavam o cenário, adornado por famílias, casais de heteros, de gays, adolescentes, gente bonita e feia também.

Resolvi caminhar pelo espaço e admirar a arquitetura do Memorial da América Latina, que fica muito mais bonito à noite, iluminado pela lua e pelas luzes que dão uma cor azul maravilhosa aos vitrais do prédio. Em uma quadra anexa, meninos jogavam basquete às nove horas da noite, enquanto um circo piscava e me convidava para entrar. Estava difícil tirar fotos àquela hora, minha máquina nunca foi da melhores.

Encontrei uma escultura de bronze maravilhosa, que me lembrava um grego dos livros de história. Estava escuro, mas depois de tirar uma ótima foto, um grupo de pessoas começou a posar em volta da obra, me impedindo de ver de quem era e quem era a inspiração do artista. Ainda volto lá durante o dia para descobrir.

Foi uma visita rápida, estava muito frio e começando a ficar vazio. Mas o mais importante, é que eu descobri que o Mix mudou - ou voltou a ser o que era - e eu fiquei muito feliz por isso.

O passeio que fazia com a minha mãe aos catorze, foi feito dessa vez com meu marido aos 24. Moda, grafite, toy art, estandes de ONGs e música. Tudo isso diante de uma das construções mais bonitas de São Paulo, o Memorial da América Latina. E atire a primeira pedra quem nunca se rendeu a um revival... E adorou!


Quem é a colunista: Mirella, roteirista, apaixonada por cinema e moda.
O que faz: Trabalha com assessoria de imprensa e escreve crônicas no blog meninahardcore.blogspot.com.
Pecado gastronômico: Bem casado.
Melhor lugar do mundo: a minha casa e todas as grandes metrópoles mundiais.
Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.