Guia da Semana

Em mais uma viagem de família (quem leu a minha última coluna sobre o cruzeiro deve pensar que somos ciganos, pois sempre estamos de um lugar para outro e juntos em grandes grupos, nada contra, mas não somos), o destino escolhido da vez foi a capital catarinense, Florianópolis ou Floripa. Saímos de São Paulo em uma van Ducato com vinte pessoas, rumo ao paraíso que só chegaria após 705 quilômetros. Enfim, a viagem de ida um pouco cansativa, mas também divertida. Como não pegamos trânsito, músicas e piadas compensaram o aperto.

A chegada foi fantástica, talvez pelo alívio, após boas horas dentro da van. Mas eu diria que, além disso, ver aquela paisagem maravilhosa, de águas calmas e limpas, céu azul e sol estalado, somados a uma brisa sem igual, deixou tudo melhor ainda. O clima de Florianópolis é ótimo, com verão e inverno bem definidos e primavera e outono frescos e ensolarados. Antes mesmo de deixarmos as malas, fizemos a primeira parada na Lagoa da Conceição, região considerada como um bairro autônomo da ilha, por disponibilizar serviços de correio, bancos, postos de abastecimento, mercados, lojas roupas e acessórios, marinas, restaurantes e bares.

Para escolher o local do almoço foi difícil, entre tantos diferentes tipos de estabelecimentos: casas de frutos do mar, de feijoada, pizzarias, comida japonesa, espanhola. Há restaurantes para todos os gostos, dos mais refinados àqueles simples, com jeitinho caseiro.

Passado o "frisson" gastronômico, fomos às praias! Andamos por todas possíveis em quatro dias: praia Mole, onde o mar é bravo, paraíso dos surfistas, assim como a praia Brava; Barra da Lagoa, maior núcleo pesqueiro de Floripa; Cacupé e Santo Antônio de Lisboa, ambas com águas tranquilas, boas para um dia de descanso; Santinho, verdadeiro acervo de inscrições rupestres; Praia dos Ingleses, batizada assim devido a um naufrágio de um grande navio inglês na região, uma das melhores opções para quem quer bons serviços (de alimentação a butiques e hospedagem) enquanto se diverte.

Dois dias foram dedicados especialmente às praias Joaquina e Moçambique. A primeira já era esperada, pois é lá que as pessoas vão para se divertir como criança ao rolar nas dunas. Sim, é na Joaquina que se faz o "skibunda". Detalhe, minha família voltou pra casa acabada, pois pra descer é uma maravilha, mas escalar as dunas com os pés afundando na areia, meu Deus! Eu me canso só de lembrar.

Já a praia de Moçambique foi um verdadeiro achado, um lugar para esquecer o mundo e relaxar. Praticamente deserta e sem a estrutura das outras, nada de bares ou vendedores de petiscos, tem uma beleza formada apenas por areia, pedras e mar. Íamos sempre a pé pra lá, em um percurso que levava dez minutos. Para chegar, era preciso pular alguns muros, pegar estradinhas cheia de buracos e até atravessar um bosque - eu não passaria ali à noite nem que me pagassem, mas, curiosamente, durante o dia tudo nele era fascinante, da luz do sol que escapava entre as fretas formadas pelo arvoredo enfileirado às folhas secas caídas no chão.

Quando o sol ia embora, as praias davam lugar aos bares, cafés, boliches, danceterias e cinemas, que ficam lotados. Nós saímos algumas vezes à noite, mas eu considero essa viagem muito mais diurna e aventureira, se comparada à primeira vez que visitei Florianópolis, em uma viagem de formatura.

Nessa primeira viagem, fiquei hospedada em um hotel na praia de Jurerê, região com grande número de clubes, restaurantes e hotéis. Para quem deseja fazer intercâmbio sem sair do país, é a região certa! Pois lá encontramos muitos turistas, gente de todos os lugares do mundo, de argentinos, sempre espalhados por lá, a ingleses. Com meu grupo, ou seja, adolescentes ensandecidos, eu passeio por todos os bares possíveis da ilha. Mas isso também já tem algum tempo.

Com minha turma teen e orientados por um time de monitores, fiz uma trilha noturna fantástica pela praia de Sambaqui, cujo nome é de origem indígena e significa cemitério, exatamente por onde andamos. Mas quem pensa em encontrar por lá coisas do gênero darkness, como caveiras, velas acesas, entre outras bizarrices, está enganado. O local é depósito de artefatos, areia, conchas e esqueletos de habitantes que viveram na região há anos, ou seja, de primitivos. Aliás, das antigas mesmo, já que a fundação de Floripa aconteceu em março de 1726.

Mas essa ilha-capital brasileira oferece muito mais passeios, como o percurso feito de escuna sob o cartão postal local, a ponte Hercílio Luz, onde vez ou outra você pode se deparar com golfinhos e até uma baleia perdida (aconteceu em minha primeira viagem), além dos teatros e museus, do Mercado Público de Florianópolis, da Praça XV de Novembro. Indico pelo menos uma visita anual para relembrar os locais já vistos e ficar por dentro das novidades. Com relação à volta na van, após dez horas de trânsito, em um aperto infeliz, tendo ouvido todas as músicas do iPod e conseguido não enforcar ninguém, hoje posso dizer que sou uma pessoa equilibrada.
Quem é a colunista: Fernanda Balieiro

O que faz: Jornalista mil e uma utilidades.

Pecado gastronômico: a torta de limão do meu respectivo (maridão Fran).

Melhor lugar do Mundo: Todo o Nordeste.

Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.