Guia da Semana



Nem só de concreto armado e arranha céus vivem as cidades. Em meio à paisagem plúmbeo e a correria cotidiana é possível encontrar verdadeiras obras de artes que ficam exposta ao ar livre e gratuitamente, para deleite do pedestre menos apressado. Algumas já se tornaram notórios cartões postais, outras - não menos importantes - têm suas histórias conhecidas pelos turistas curiosos e moradores da região. Saiba mais sobre os monumentos que dão vida às ruas e praças do Brasil.

São Paulo

O mais importante parque de São Paulo atrai o público nos finais de semana para lazer e diversão no pulmão verde, no meio da cidade de concreto. E como não poderia ser diferente, nas redondezas do Ibirapuera se concentram dois monumentos que são uma verdadeira ode ao espírito paulistano.

Na Praça Armando Salles de Oliveira, o emblemático Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret, oferece quase 50 metros de extensão e 12 de altura. A obra representa os bandeirantes e as outras etnias juntas, se esforçando para desbravar o país. Além dos portugueses, os negros, mamelucos e índios (com cruzes no pescoço) aparecem na imagem, puxando uma canoa de monções, utilizadas nas expedições fluviais.

O monumento consumiu 250 blocos de granito - alguns pesando até 50 toneladas -, demorou quase trinta anos para ser finalizado e foi inaugurado em 25 de janeiro de 1953, no 399º aniversário de São Paulo. Popularmente é conhecido como "Empurra-Empurra" e "Deixa-Que-Eu-Empurro", devido ao fato da embarcação nunca sair do lugar, embora muitos a estejam puxando.



Obelisco do Ibirapuera, São Paulo

O Obelisco do Ibirapuera, um monumento de 72 metros de altura feito em mármore travertino, presta uma homenagem aos heróis da Revolução Constitucionalista de 1932, que visava a derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e à instituição de um regime constitucionalista. Tombado pelos conselhos estadual e municipal de preservação de patrimônio histórico, a obra funerária guarda os corpos dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (o M.M.D.C) - mortos durante a revolução - e de outros 713 ex-combatentes.

Projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili, tem a soma dos algarismos impresso no mármore igual a nove, assim como o número de degraus da entrada. O desenho do gramado ao redor do Obelisco está em uma área de 1932 metros quadrados e forma um coração, onde está fincada uma simbólica espada, representando a vitória política, apesar da derrota militar paulista.

Dentro do Memorial da América Latina, Oscar Niemeyer criou a Mão, uma escultura que apresenta uma palma aberta, de sete metros de altura, com o mapa da América Latina desenhado como se fosse sangue. Ela é de concreto aparente, com baixo-relevo, pintura em esmalte sintético e se localiza na Praça Cívica.

No livro As Curvas do Tempo (Editora Revan), o arquiteto justifica como foi pensada a obra. "Desenhei aquela grande mão de concreto, espalmada, com os dedos abertos em desespero, representando a América Latina, com o sangue a escorrer até o punho". Para o público, inseriu um pedestal abaixo da escultura a seguinte frase. "Suor, sangue e pobreza marcaram a história desta América Latina tão desarticulada e oprimida. Agora urge reajustá-la, uni-la, transformá-la num monobloco intocável, capaz de fazê-la independente e feliz".

Rio de Janeiro

Cristo Redentor, Rio de Janeiro

No topo do Corcovado e de braços abertos para a Baía de Guanabara, esta o Cristo Redentor abençoando todos os fluminenses e turistas. Com 38 metros de altura, um dos símbolos do cristianismo foi inaugurado em 1931 e de lá pra cá se tornou um cartão postal carioca e brasileiro. Feito de pedra-sabão, o projeto é assinado pelo engenheiro Heitor Silva Costa, com colaboração do escultor francês de origem polonesa Paul Landowski.

O Cristo Redentor conta com três elevadores panorâmicos, cada um com capacidade para 14 pessoas. O acesso se dá por uma área que atende tanto os visitantes que chegam de carro quanto os que desembarcam na plataforma de trem da Estrada de Ferro do Corcovado. Em 2007, a estátua foi eleita uma das 7 Novas Maravilhas do Mundo Moderno, em uma votação organizada pela New 7 Wonders Foundation, da Suiça, entre 21 monumentos participantes de todo o planeta.

Projetado pelos arquitetos Marcos Konder Netto e Hélio Ribas Marinho, o Monumento aos Pracinhas está localizado no Aterro do Flamengo e presta uma homenagem aos Mortos da Segunda Guerra Mundial. Ela abriga os restos mortais dos militares brasileiros que haviam sido depositados no Cemitério de Pistoia, na Itália, à época do conflito. O conjunto é integrado por três obras: uma escultura de metal faz referência a Força Aérea Brasileira (FAB); uma escultura de granito aos pracinhas das três Armas e um painel de azulejos homenageia os mortos (civis e militares) no mar.

O Aqueduto da Carioca, conhecido popularmente como Arcos da Lapa é considerada a obra arquitetônica de maior porte empreendida no Brasil durante o período colonial. Construída em 1750, servia para distribuir à população as águas das nascentes do Rio Carioca vindas de Santa Tereza. Na sua edificação, foi empregada a mão de obra de escravos africanos e indígenas.

É um dos cartões postais da cidade, representando o bairro boêmio da Lapa. Tem a estrutura de pedra argamassada, com 270 metros de comprimento por 17,6 metros de altura e apresenta o estilo româmico, com 42 arcos duplos e óculos na parte superior. Serve, desde 1896, como viaduto para o bondinho de Santa Tereza.

Outras cidades

Monumento Nacional do Imigrante, Rio Grande do Sul

Reconhecido como um dos ícones mais importantes do turismo de Salvador, o Elevador Lacerda liga a Cidade Alta e a Cidade Baixa. Com o estilo Art déco, do alto de suas torres o visitante tem o privilégio de observar a Baía de Todos os Santos, o Mercado Modelo e o Forte do Mar, ao fundo. Foi construído pelo engenheiro Augusto Frederico de Lacerda e inaugurado em 1873. Atualmente opera com quatro modernas cabines, sendo o principal meio de transporte entre as duas partes da cidade.

Localizado no Recife Antigo, a Torre Malakoff foi batizada com o nome de uma das torres da fortaleza de Sebastopol, durante a Guerra de Criméia (1953-1855), na Rússia. O Diário de Pernambuco destacava em suas páginas o foco de resistência, gerando um grande interesse em toda população de Pernambuco pela notícia. Posteriormente, nomearam o espaço em sua memória. No início, a torre guardava os arsenais da Marinha. Com sua extinção e abandono, a população, sob liderança de instituições culturais de Recife, se transformou em um centro cultural da cidade.

O Monumento Nacional do Imigrante, em Caxias, foi criado em 1954 em memória aos imigrantes italianos do Rio Grande do Sul, mas depois passou a homenagear todas as etnias. Projeto do escultor Antônio Caringi, ele é constituído por um casal de agricultores, com uma criança nos braços da mulher. Atrás da escultura, um obelisco apresenta três imagens alegóricas em baixo-relevo, ilustrando a posse da terra, o cultivo e a aliança entre as forças civis e militares sobre a proteção divina. Abaixo das esculturas tem uma cripta, com a imagem de Luiz Antônio Feijó recebendo os imigrantes. A partir de 2004, o lugar que antes era um museu, transformou-se em um centro cultural, recebendo exposições temáticas temporárias.

Inicialmente, o Cristo Libertador fora encomendado pelo bispo de Apucarana (PR) Dom Romeu Albertini, em 1975, para a Igreja Matriz Nossa Senhora Auxiliadora, de Colorado. O artista Henrique de Aragão projetou três peças: um cristo nu, de quatro metros; o sol, ao redor de sua cabeça, com 3,6 metros de diâmetro; e um passaro de dois metros de envergadura, para cobrir os órgãos genitais. Por ser inspirado na Teologia da Libertação, incomodou os religiosos da comunidade, que passaram a ver a obra como imoral. Dessa forma, em 1984, o monumento foi doado ao Museu da cidade e, como não tinha espaço, encaminharam ao Campus da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde está exposto até hoje.

Para retratar a conquista do território mineiro pelos entradistas, bandeirantes e os mártires, o Monumento à Terra Mineira foi criado em 1930, na Praça da Estação, Belo Horizonte. O escultor Julio Starace projetou um homem nu carregando a bandeira do estado. A imagem fica em frente a estação, em uma atitude de recepcionar e dar boas vindas aos que desembarcavam. Em cima, fica a inscrição "Montani Semper Liberti" (a montanha sempre está livre). No Bloco ainda estão quatro painéis de bronze: o frontal mostra a representação de Bruzza Spinosa; na lateral direita, o martírio de Tiradentes; na esquerda, o martírio de Felipe dos Santos; e na parte posterior, Fernão Dias Paes.


Fotos: Wikipedia

Atualizado em 6 Set 2011.