Guia da Semana

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Pode parecer estranho. Muitos considerariam até um pouco mórbido. Mas não há como negar: o turismo cemiterial ganha cada vez mais adeptos, roteiros estruturados e até visitas guiadas. O ambiente fúnebre que causa calafrios em muitos, deixou de ser um lugar tranquilo apreciado apenas por góticos. Hoje, "Descansar em paz" está definitivamente fora das pretensões dos silenciosos moradores.

Alguns cemitérios conhecidos no mundo, como o Père Lachaise em Paris, já têm visitação constante há anos, sites estruturados, mapas, guias e até cobrança de ingresso. Lá, os dois milhões de visitantes anuais podem encontrar túmulos de personalidades históricas, como o escritor Moliére, a afinada Edith Piaf, o genial Chopin, o polêmico Oscar Wilde e o roqueiro Jim Morrison, além de uma belíssima arquitetura neoclássica, datada do início do século XIX.

Em São Paulo, o representante mais antigo é o Cemitério da Consolação, que teve sua inauguração em 1858 para encerrar a preocupante questão de saúde pública que era enterrar os mortos nas igrejas. A ascensão artística foi rápida, impulsionada pelo sepultamento de grandes cafeicultores e políticos do cenário paulistano em um primeiro momento, e muitos artistas e personalidades importantes mais tarde. A polpuda burguesia paulista, que tinha suas vidas encerradas ali, deixava como parte do seu legado material verdadeiras obras de arte sacra e tumular. À Rua da Consolação, número 1660, repousam no sono eterno Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Marquesa de Santos, Washington Luís, Monteiro Lobato, além da tradicional família Matarazzo.

Mas existem, ainda, outros cemitérios em São Paulo que também recebem visitantes - apesar de se encontrarem menos estruturados para tanto. No Cemitério do Araçá, jazem Cacilda Backer, Nair Belo e Assis Chateaubriand, por exemplo. No Cemitério São Paulo, descansa Victor Brecheret, autor de inúmeras obras em necrópoles da capital. No Cemitério do Morumbi, encontram-se a diva Elis Regina, o comentado Clodovil Hernandes e Ayrton Senna, o mais visitado de todos os túmulos deste cemitério, que tem como características marcantes um belo gramado com lápides e a ausência de mausoléus, como os modelos americanos.

Seja pela arte, seja para estar mais perto de grandes nomes ou apenas apreciar um passeio diferente, as visitas aos cemitérios consolidaram-se em definitivo como uma opção de lazer em grandes cidades. Rezemos, apenas, para que nenhum inquilino se incomode.

Quem é o colunista: Victor Gouvêa.

O que faz: Turismólogo-Blogueiro.

Pecado Gastronômico: Bolos, tortas e afins!

Melhor lugar do mundo: Montmatre.

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Atualizado em 6 Set 2011.