Guia da Semana

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Vivemos no tempo da consciência global. As pessoas começam a entender que o ser humano não pode mais viver nos mesmos moldes que estava habituado até então. Discussões à exaustão deixam claro que o mundo não suporta mais a exploração desenfreada de seus recursos e dá sinais que a coisa pode piorar - e muito - em pouquíssimo tempo. Começamos, a partir desta nova realidade, a viver com a constante preocupação de fazermos nossa parte pela melhoria desta situação: reciclamos lixo, diminuímos o tempo do banho, fechamos torneiras, apagamos luzes.

Por que então o turista não segue direcionamentos sustentáveis quando viaja? O turismo é, conceitualmente, uma das atividades mais predatórias que existem. Geralmente as pessoas buscam o conforto extremo e despreocupam-se destas amarras do dia a dia, afinal estão tendo como experiência o descanso do cotidiano. Mas não podemos mais ignorar o papel importante que os viajantes têm ao selecionar o que vão ou não fazer enquanto estão em seus momentos de lazer. Quadros são expostos em redomas de vidros, prédios seculares têm inúmeros seguranças para garantir que não se toque onde não se deve, ou não se fotografe o que não se pode. E a natureza?

Experimentei em Porto de Galinhas, Pernambuco, eleita a melhor praia do Brasil por vários anos consecutivos, momentos de verdadeira decepção. As pessoas, por exemplo, andam sobre recifes de corais, ignorando a extrema sensibilidade deste importante membro do ecossistema marinho, que pode morrer apenas por ser tocado, e corre sério risco de ser extinto da Terra. Em um passeio em Pontal do Maracaípe, praia próxima a Porto de Galinhas e de natureza exuberante, os jangadeiros mergulham para apanhar cavalos-marinhos para que turistas os vejam e fotografem, retirando-os da água e expondo sua sensível camada protetora aos mais variados riscos. Nadam em piscinas naturais, formadas entre os recifes, besuntados de protetor solar, que acaba acumulado nas bordas, tornando visível a agressão à biodiversidade ali presente.

O turista deve sim responsabilizar-se por fazer as escolhas ecologicamente corretas, ponderando sempre e creditando à sua razoabilidade a preservação de um patrimônio sensível que requer máxima atenção e cuidado. Sem demanda turística, o próprio mercado que explora áreas naturais de forma predatória se encerra. A natureza fica sob nossa responsabilidade. Não existem seguranças ou redomas. Existe, simplesmente, a consciência.

Quem é o colunista: Victor Gouvêa.

O que faz: Turismólogo-Blogueiro.

Pecado Gastronômico: Bolos, tortas e afins!

Melhor lugar do mundo: Montmatre.

Fale com ele: victtorgs @hotmail.com ou acesse seu blog.

Atualizado em 26 Set 2011.