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Fotos: sxc.hu |
Contrastando com a paisagem litorânea que coincide com as cordilheiras da cidade maravilhosa, destaca-se uma comunidade que a cerca de 80 anos se perpetua como a maior favela do Rio de Janeiro. Justamente ali, no coração da zona sul, região nobre da capital carioca, os morros ressaltam à vista dos passantes sem constrangimento. Sua população é estimada em 120 mil habitantes pelos registros da CIA de energia elétrica, 62 mil pelo último censo oficial e em mais de 150 mil segundo os moradores. Fato evidente é que a Rocinha compreende uma realidade ímpar.
Não diferente das outras ocupações do genêro, o local concentra um grande aglomerado de barracos intercalados por valas; cenário que se conjuga com residências de alvenaria num estágio mais avançado da comunidade. No total, são 35 mil casas e prédios distribuídos em 25 sub-bairros.
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Mesmo com todas as suas deficiências sociais, a maior favela do Rio parece concentrar um nicho consumidor em potencial. Tanto que a OceanAir decidiu abrir um loja exclusiva para vender passagens financiadas em até 36 parcelas, dentro da comunidade. O público foco da companhia são os nordestinos que moram no local.
A intenção é mostrar para essas pessoas, que geralmente utilizam ônibus como meio de transporte nas férias e para visitar os parentes, que viajar de avião é mais rápido, barato e confortável. Com base nessa realidade, a empresa estima em 30 mil o número de clientes, entre os meses de dezembro deste ano e fevereiro do ano que vem.
Água morro abaixo, Fast Food morro acima
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Conduzidos por um motorista de lotação que propôs o tour inusitado, Vinicius e os amigos vislumbraram os morros e suas peculiaridades. "Fomos surpreendidos, quando vimos a nossa frente uma lanchonete do Mc Donald´s. Isso nos fez elucidar uma realidade muito mais complexa do que a que imaginávamos. Mas o que mais nos sensibilizou foi a vista impressionante que tivemos do alto do mirante, na laje de um dos moradores. Realmente, uma sensação imensurável", lembra.
Vinicius hoje faz uma análise do que vivenciou na época: "É incrível como o contraste social existe mesmo dentro dos guetos. Enquanto uns comem big mac, outro passam fome". A presença de uma lanchonete Fast food dentro de uma favela confirma a evidência que o capitalismo atua, mesmo nos cenários de plena exclusão. Mas os serviços oferecidos à população do local não param por aí. Atualmente, a Rocinha conta com um grande aparato comercial com 2.700 estabelecimentos comerciais, três bancos, três rádios comunitárias, TV a cabo, 100 lan houses.
Histórico Relatos de livros e depoimentos de pessoas que residiram e residem na Rocinha, contam que a comunidade recebeu seus primeiros habitantes, logo após a II Guerra Mundial, vindos de Portugal, França e Itália. Eles viviam, basicamente, da agricultura e possuíam pequenas roças e vendiam suas produções no povoado vizinho (Gávea). Daí surgiu o nome Rocinha. Mineiros, baianos e imigrantes da região nordeste, chegados em meados dos anos 50, também fazem parte deste crescimento populacional. Na década de 70, surgem discussões de grupos organizados, visando o desenvolvimento social da comunidade. São reivindicados perante ao poder público, saúde, educação, água, luz e saneamento básico. A água e a luz chegam em algumas residências. Na década de 80, surgem as escolas, creches e centros comunitários. É implantado o Centro de Saúde, o Núcleo da CEDAE e a Região Administrativa. O comércio, dos mais variados segmentos, cresce a cada dia. A população, com 80% oriundos da região nordeste, faz parte dos 120 mil habitantes. Através da Lei 1995 de 18 de julho de 1993, a Rocinha é transformada em bairro e a partir daí, grandes investimentos e empreendimentos começam a compor este universo de hoje. O poder público e os serviços instalados em parceria com empresas privadas, oferecem à população todo o tipo de assistência. |
Atualizado em 6 Set 2011.