Guia da Semana

Foto: Digital Vision
Com tantos lugares lindos no mundo, por que quase todos os brasileiros (ou pelo menos a população total de São Paulo) resolve passar o Réveillon na tal Praia Grande? Um ano até que foi engraçado... Parecíamos um bando de farofeiros, descendo em vários carros lotados para a Vila Guilhermina. A festa foi divertida, churrascão todos os dias, com cerveja... E cá entre nós, brasileiro adora uma farofa. Óbvio, sou brasileira. Lógico, gosto de farofa.

Foi uma beleza! Todo mundo passando mal por causa da água não tratada (ainda bem que eu só passei mal quando voltei para casa - há-há - a otimista), algumas pessoas com a pele mais vermelha que camarão, a areia lotada de vendedores ambulantes vestidos de Picachu (por quê?), meninos pedindo latinha vazia, água mais marrom do que azul... Ainda assim, divertido.

Na noite da virada era lindo! Minha prima liga dizendo que está no hospital, porque algum ser humano muito esperto fez o favor de estourar uma garrafa na perna dela. As pessoas tomando banho de champanhe, os fogos rolando soltos pela areia... Aliás, as pessoas não têm noção de que não dá para estourar aqueles fogos que correm pela areia no meio da multidão?

Foto: Plustwentyseven/DigitalVision
Ainda assim, consegui uma bela marquinha de biquíni (porque eu passo protetor solar, uso guarda-sol e não costumo dormir debaixo dos raios do meio-dia) e boas histórias renderam, afinal, não importa o lugar, mas sim com quem você está...

Tem certeza? Eis que este ano eu resolvo fugir um pouco da lotação da Praia Grande. Não fui muito longe, mas algumas melhoras puderam ser observadas. Lá estava eu, em meio à multidão de Peruíbe, vendo shows da tal banda "Velha é a mãe". No mínimo, divertido. No segundo ou terceiro dia, vejo uma placa no prédio: "falta água na cidade". Por Deus, ou graças a alguma caixa d´água, ou qualquer outro artifício, o apartamento em que eu me encontrava não sofreu com isso (já meu irmão, que estava na Praia Grande... Racionamento!).

Tudo parecia mais bonito. As pessoas não soltaram fogos na areia em meio a multidão, minha prima não rasgou a perna... Como eu disse, algumas melhoras. É hora de subir. Mas meu destino era certo: a Praia Grande. Foi exatamente ali, naquela praia, na Avenida Padre Manuel da Nóbrega, que eu passei o primeiro dia do ano.

Sai do apartamento exatamente às 14h30. Cheguei a minha santa casa às 2h30. Acredite, não dá para fugir. Foram doze horas infernais dentro de um carro desligado. Meu amigo e meu namorado empurravam o veículo quando os outros resolviam andar (alguns centímetros). Não dava para ficar ligando, a gasolina ia para o saco. Pior que isso tudo, era ter que ficar ouvindo aquele bendito funk do morro. O "pararapapa" entrou na minha cabeça como um mantra.

Foto: Andy Sotiriou/Photodisc
Depois disso tudo, ainda chego em casa e leio no jornal que o projeto para aumentar a quantidade de pistas daquele lugar traumatizante foi adiado para daqui cinco anos (duvido que, em cinco anos, eles realmente coloquem em prática). E pior! A gente paga pedágio, de ida e VOLTA! E que bela volta! Moral da história: passe o Réveillon em casa. Prático, aconchegante, barato e sem trânsito. Será minha próxima opção, com certeza. Sem muito dinheiro para gastar, ou isso, ou horas dentro do meu Ford Ka 1.0.

E se você insistir no glorioso litoral, as dicas são: leve um galão de água; por favor, passe protetor solar; não suje a areia; não se vista de Picachu (repito: por quê?); não toque "pararapapa" (pelo menos para todas as outras pessoas da praia ouvirem); encha o tanque; vá embora somente uma semana depois da virada e, mesmo assim, prepare-se para o trânsito. Ah! Já ia me esquecendo! Feliz 2008!

Quem é a colunista: Carolina Tavares

O que faz: Jornalista do site Guia da Semana e dorminhoca nas (poucas) horas vagas

Pecado gastronômico: chocolate, muito

Melhor lugar do Brasil: Florianópolis, sem dúvida

Fale com ela: [email protected]





Atualizado em 6 Set 2011.