Guia da Semana

No ano de 1907, Pablo Picasso revelou aquela que hoje é considerada a primeira pintura cubista, chamada Les Demoiselles d'Avignon. Entretanto, para quem não sabe, vale lembrar que o estilo desenvolveu-se em Paris e junto a Picasso, foi liderado por Braque.

Porém, embora o cubismo tenha sido inicialmente desprezado pela maioria dos críticos e apesar do público da época não estar preparado para esse tipo de arte, o revolucionário estilo acabou adotado por muitos artistas.

Assim, empogados com o novo movimento, passaram a construir imagens de pessoas, lugares e objetos domésticos usando uma rede de planos ilusórios, adotando o achatamento e ilusões renascentistas de volume - o que lhes permitiu desenvolver um espaço raso onde podiam misturar padrões de superfície e ambiguidades espaciais com objetos estáticos.

Para que você lembre do movimento - e de quem o aderiu - o Guia da Semana lista alguns artistas que você precisa conhecer. Confira:

PABLO PICASSO

Picasso dispensa apresentações, mas uma de suas obras mais famosas merece destaque e atenção em cada rico detalhe. Les Demoiselles d'Avignon retrata prostitutas em um bordel em Barcelona e teve uma recepção bem hostil por parte dos críticos, poetas e artistas da época. Entretanto, o que chocou não foi o tema abordado, e sim o estilo, a estética.

Com um plano horizontal, Picasso enfatizou uma paleta de cores limitada e escolheu uma opção de contornos para definir formas ao invés de manipular cores e formas como faziam os expressionistas. A tela exala uma sexualidade oculta, que se torna evidente nas pinceladas enérgicas.

As duas mulheres ao centro são o coração da obra. Com os braços levantados acima da cabeça, isso mostra que ambas se sentem seguras com a própria nudez e sexualidade. Olham de maneira provocante e direta para fora da pintura, o que prende ainda mais a atenção do espectador - o que contrasta com o primitivismo das outras figuras da tela.

Já a figura agachada tem a cabeça mais cubista do quadro e alguns críticos explicam que a arte africana inflenciava muito Picasso, aspecto que durou todo o seu período cubista. Nesse quadro, especificamente, baseou-se nas mascaras de rituais da tribo Dogon. O primitivismo, para ele, significava vitalidade.

GEORGES BRAQUE

Georges Braque foi um grande pintor e escultor francês, que iniciou sua relação com o uso de tintas na empresa de decoração de seu pai e fundou o Cubismo, junto de Pablo Picasso. A tela que nomeou de O Homem com Violão é um exemplo perfeito do cubismo analítico, onde o objeto retratado é representado como uma série de superfícies planas interconectadas.

O artista mostrou como uma forma pode ser reduzida a uma forma de abstração nunca antes imaginada, substituindo a tradicional perspectiva única por perspectivas múltiplas em uma superfície em grande parte plana com formas bi ou tridimensional coexistindo de diversas maneiras.

De início, a tela nos causa confusão e um efeito de desnorteamento, mas com toda sua genialidade, Braque nos fornece pistas de orientação e o resultado é uma obra densa, mas sugestiva, que convida à investigação.

JUAN GRIS

Um dos mais famosos e versáteis pintores cubistas espanhóis, Gris retratava figuras únicas ou naturezas mortas utilizando uma gama limitada de cores e, além disso, passou a desenvolver colagem de papel, em formas recortadas postas sobre a tela. Ao contrário das obras monocromáticas de Picasso e Braque, ele fazia uso de cores mais vivas e harmoniosas.


FERNAND LÉGER

Fernand Léger colocou no cubismo uma sensação de prazer e otimismo ao pintar uma série de composições pequenas e fortemente delineadas em cores primárias, também bem diferente das acadêmicas e sombrias de Picasso e Braque.

Mais parecidas com desenhos do que com pinturas, suas obras eram feitas rapidamente, usando pincelada únicas que substituiam os planos cuidadosos das primeiras pinturas cubistas. Assim, introduziu uma nova estética no mundo da pintura, que rompia com as regras de perspectivas e textura e lançava o movimento cubista a um mundo modernista.

ANDRÉ DE LOTHE

Escritor e pintor francês, Lothe foi muito influente como professor e escritor de arte. Um dos integrantes do Cubismo, trabalhou em móveis de madeira e era um exímio autodidata. Foi responsável por propor unir o Cubismo com a tradição artística que, em suas palavras, é aquilo que "...resiste a todas as épocas e aos trejeitos, maneirismos e afetações de todos os tipos, são os valores que eu nomeio, por falta de melhor termo, invariants plastiques, de que um certo coeficiente é necessário à vida da obra."

Por Nathália Tourais

Atualizado em 15 Mar 2016.