Guia da Semana

Foto: Divulgação

Quem passa apressado pelas ruas da cidade de São Paulo, observa apenas um amontoado de prédios numa escala degradê de cinza. Para os mais atentos, ali pelo Elevado, na 23 de maio, ou em diversos lugares espalhados pela Vila Madalena, há alguns desenhos que transformam a visão da cidade barulhenta e atarefada. "Dar colorido ao cinza", definiu uma vez um amigo grafiteiro. E então, eu passei do grupo dos desatentos para aqueles que apreciam as diversas cores dos grafites espalhados pelos túneis, avenidas e ruas da grande urbe. Para estes que, assim como eu, admiram esta arte, o MuBE (Museu Brasileiro de Escultura) traz a 1ª Bienal Internacional Graffiti Fine Art, uma exposição inédita com artistas de renome internacional.

Por muito tempo, o grafite foi considerado apenas uma intervenção urbana e foi criticado por muitos que comparavam a interferência com a pichação. O ato se consagrou nos anos 70, quando em Nova York, alguns jovens ligados ao hip hop aproveitavam os muros para deixarem suas marcas, apesar de ainda ser considerado crime. Foi só a partir dos anos 80, que esta arte começou a ganhar status artístico. Para alguns, o marco no Brasil é a exposição de Alex Vallauri, que aconteceu em 1981. Este nome foi tão emblemático que se comemora, atualmente, o Dia do Grafite na Capital, no mesmo dia de sua morte: 27 de março de 1987.

Além de apreciar as obras sem a moldura, tendo como trilha sonora, a incansável cidade, a mostra permite também que os visitantes assistam aos artistas produzindo os grafites ao vivo e participem de um ciclo de debates sobre a influência da arte urbana do exterior. Para fechar o pacote de atrações, sessões de cinema com filmes que ajudaram para que o estilo fosse difundido no mundo.

Ao todo, são 65 trabalhos, sendo que 45 são de brasileiros como OSGEMEOS, Rui Amaral, Celso Gitahy, Speto, Tikka, Vito - A Firma e Zezão, entre outros. Os traços dos mais influentes artistas internacionais também estão por lá e ficam expostos até 3 de outubro. É, sem dúvida, uma grande chance de apreciar esta cultura, que conseguiu respeito e venceu a fama de marginal para alcançar as paredes dos museus.

Leia as colunas anteriores de Denise Godinho:

Mil horas de programação literária

História no Jardim Europa

O escultor e suas obras

Quem é a colunista: Denise Godinho.

O que faz: Jornalista.

Pecado Gastronômico: Spaghetti ao molho de gorgonzola do Café Girundino.

Melhor Lugar do Mundo: Qualquer lugar com os amigos.

O que está ouvindo em seu iPod, mp3, carro: Desde música brasileira com Paulinho Moska e Zeca Baleiro, passando pelo rock alternativo de bandas como Franz Ferdinand, até as músicas "fofas" de She & Him.

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Atualizado em 6 Set 2011.