Guia da Semana

Foto: Getty Images

O maior tempo de exposição da foto pinhole é o grande barato e faz toda a diferença

Uma ideia na cabeça, e uma... latinha na mão? Pois é, assim que funciona a fotografia pinhole (em inglês, "furo de alfinete"): uma lata, caixa, ou qualquer coisa fechada, com somente um pequeno orifício em uma das superfícies. E que ilustra o princípio básico da fotografia: uma câmara escura, um material fotossensível, que é impressionado pela luz que entra por um buraco e, voilá, está pronta a sua foto. "Só não pode tremer a lata", diz o professor Pedro Palhares, especialista nesse tipo de fotografia e que ministra cursos sobre a técnica.

O esquema pinhole é completamente diferente das máquinas digitais. Para começar, a câmara é carregada em laboratório: somente em um ambiente escuro você pode colocar o papel fotográfico dentro da lata e vedá-la, de maneira a mantê-la completamente escura por dentro. Com a latinha pronta, a escolha do local para a foto é ainda mais importante - afinal, somente uma foto por papel é permitida. E a lata não é o único recipiente que pode ser utilizado na fotografia pinhole. "Qualquer caixa serve, até caixinha de fósforos", diz.

Uma vez escolhido o ponto, estuda-se a iluminação do ambiente, coloca-se a latinha, tira-se a proteção do furinho na tampa e a fotografia começa. "Com o céu nublado ou chovendo, a exposição dura até um minuto. Em dias de muito sol, de um a cinco segundos são suficientes", explica. Por isso a importância de não tremer a lata. Uma vez pronta, a foto, a câmara é levada ao laboratório, onde o papel é retirado e processado.

A fotografia pinhole ainda tem outra particularidade: a de você mesmo revelar suas fotos. Como são em preto e branco, o processo para trazer as imagens à tona é bastante simples. "A foto colorida é mais precisa: o laboratório precisa ser completamente escuro, e a temperatura dos produtos tem que ser controlada", explica. Já a fotografia em preto e branco precisa de uma sala escura e ventilada - pode ser um quartinho nos fundos da casa ou até mesmo o banheiro - onde você prepara as bacias com os produtos químicos necessários para a revelação. Acende-se a luz vermelha - que não interfere no processo - e a mágica das imagens aparecendo se inicia.

Com a foto sendo revelada, a "câmera" pode ser recarregada, e o fotógrafo pode partir em busca de novos "cliques": esse é o grande barato da pinhole. Como o tempo de exposição é bem maior, o relacionamento do fotógrafo com o objeto da fotografia é diferente. Além, é claro, da imagem revelada no fim do processo. Tal como o negativo de um filme, a foto no papel sai com as cores invertidas - isso é o princípio da câmara escura. Para finalizar as imagens, as fotos são escaneadas e tratadas no computador. "Isso cria um elo do mundo analógico com o digital", conta Palhares. Porque, por mais que as câmeras digitais sejam rápidas e práticas, foi da foto na latinha que elas surgiram.

Atualizado em 10 Abr 2012.