Guia da Semana

Foto: Site Oficial/Helena Yoshioka


O curinga é uma figura misteriosa. Quem nunca reclamou ao tirar um do monte no jogo de baralho? E quem nunca comemorou ao fazer a mesma coisa? Num curinga, cabem milhões de significados. Tem gente que lembra das férias na fazenda, outros não podem nem ouvir falar dele que já correm para acender as luzes. É o tal medo de curinga.

Curinga para mim também já foi muita coisa. Mas depois daquele show na Granja Viana, passou a ser música. Passou a ser som de violino, de teclado, som de letras que falam de estrelas, de destino, trilha sonora de sonho, figura digna de playlist no IPod. O curinga passou a ser fabuloso. Agora, ele é a Fabulosa Banda do Curinga.

A banda não tem gravadora. E daí? A casa do Vinícius de Moraes não tinha nem parede e as pessoas cantam até hoje. Ouvir a Fabulosa é assistir à harmonia dando um forte abraço na melodia. É sentir saudade da faixa 7 quando o rádio caminha para a faixa 8. Cada curinga tem seu papel na construção do som. Tijolo por tijolo, os curingas são mágicos. Talvez eles sejam arquitetos que desistiram de criar casas para ir morar num baralho. Ou, quem sabe, para impressionar as damas, foram aprender música. Aprenderam bem.

A Fabulosa já tem seus fãs. Acompanham a banda nos shows que ela vai cultivando na Granja. No começo, só a família dos músicos. Mas a banda foi passando. E todo mundo agora quer ver a banda passar. Quem quer entender o destino tem de assistir ao show da Fabulosa.

A banda não está na mídia. Azar da mídia. Sabe da última? Descobriram que existe vida fora dos "cadernos dois". Uma vida fabulosa de efeitos sonoros, letras necessárias, significado e significante de mãos dadas em cima do palco. A Fabulosa vai ser do quintal para o mundo. Da Granja para o mundo. A fama ainda não veio. Mas o que é a fama senão um carinho no ego? Vai sem fama mesmo, a Fabulosa. Vai tocando com qualidade, colecionando temas curiosos, motivos. Enfim, vai tocando com o curinga.

Se você nunca foi ao show da Fabulosa, dá para entender. Os guias da cidade (com exceção deste Guia) ainda deixam a banda fora do baralho cultural. Sem problemas. A Fabulosa tem seu próprio baralho. É um baralho mágico onde os ases cantam, as damas dançam, os reis assistem e os curingas regem.

O negócio é descartar o lugar-comum, embaralhar as novidades e puxar cartas inéditas do monte. Vai que você está no seu dia de sorte e acaba pegando um curinga.

Quem é o colunista: Pedro Cavalcanti.

O que faz: Publicitário.

Pecado gastronômico: Qualquer prato preparado pela minha avó.

Melhor lugar do Mundo: Aqui e agora, como diria o Gil.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Ulisses Rocha, Pat Metheny, Chico Saraiva

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.