Guia da Semana

Foto: Divulgação

Êxodos - O Eclipse da Terra foi inspirado na obra do escritor Gabriel Garcia Marquez e no fotógrafo Sebastião Salgado, em seu trabalho Êxodos.

O escritor é responsável por criar o realismo mágico que, em sua narrativa, não há relação de causa e efeito e o fotógrafo documenta a história da humanidade em trânsito, retrata a dignidade da raça humana e, ao mesmo tempo, a violação que sofre em guerras, na pobreza e outras injustiças.

A encenação mescla esses dois artistas ao por em situação personagens culturalmente diferentes e expostos a diversas oportunidades, mas o sentimento e a reação das pessoas frente às dificuldades são parecidos. A realidade não suaviza o impacto nas vidas apresentadas. A saída das dificuldades impostas aos personagens, exprime-se criativamente por eles.

A obra teatral faz uma metáfora para a condição submissa do ser humano, quando faz do sonho o enredo. Há um ponto de partida, viajantes que procuram glória, cada um com sua peculiaridade, precisam passar pela fronteira. Uma zona territorial que separa, seleciona e restringe o direito de passar livremente. A permissão da passagem está nas mãos do Anjo Marinho, Gabriel, que quer recrutar novos tripulantes, uma vez que seus marinheiros, que foram recrutados pela capacidade de sonhar, naufragaram.

A motivação dos personagens em cruzar a fronteira é conduzida pelo sonho, mas a busca não é desinteressada.

O Anjo Marinho é um carrasco supliciado, ao aliciar sonhadores para sua tripulação.

A premissa da peça é naufragar no mar, no inconsciente.

Nada é gratuito, esse é o sentido apreendido na encenação.

O que vemos atrás do sonho é um apetite de vida, uma necessidade implacável que enrijece a direção, pois há uma submissão à necessidade e disso a sublimação.

A crueldade é apresentada ao mercantilizar o sonho.

O sonho, como busca interessada, possui lucidez, mas nasce de um impulso irracional, que deseja o bem.

Mas num mundo circular e fechado, de criação contínua e ação mágica, transfigura-se a face externa e o mal é a lei permanente, a face interna.

O sonho é o sentido manifesto e a aparência absurda dele revela o desejo do sonhador. Este último está associado a sua determinação irreversível, que terá de suportar: a vida é sempre morte e a sobrevivência derrama sangue, escraviza, compromete o físico.

A peça é um enredo onírico, seu desenvolvimento é fluxo, imagens que explicam discursos e discursos que significam em sua sonoridade.

A atuação se dá através dos conceitos abstratos que evocam sempre uma noção concreta, entre o realismo mágico e a fantástica realidade.

Dirigida por Marco Antônio Rodrigues o texto é uma criação coletiva do Folias D`arte, a partir das experiências pessoais dos atores sobre migrações reais e fictícias.

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Quem é a colunista: Renata Bar Kusano.

O que faz: Publicidade e Propaganda (FAAP), uma aprendizagem em edição em vídeo e suas correlações.

Pecado Gastronômico: carré de vitela ao molho de hortelã e camarão à provençal!

O melhor lugar do mundo: debaixo d´água.

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Atualizado em 6 Set 2011.