Guia da Semana

Após enfrentar o tratamento contra um câncer no sistema linfático, o ator Reynaldo Gianecchini retorna às atuações do espetáculo Cruel, às segundas e terças, no Teatro FAAP, até o dia 15 de maio, em São Paulo. Na ocasião em que foi diagnosticado com a doença, o ator estava em cartaz com a peça, ao lado de Erik Marmo e Maria Manoella e foi obrigado a se afastar para dar continuidade aos tratamentos.

Com direção do renomado diretor Elias Andreato, o espetáculo mistura drama, suspense e um jogo psicológico de palavras escritas pelo consagrado dramaturgo sueco August Strindberg, considerado um dos pais do teatro moderno.

Reynaldo Gianecchini, Erik Marmo e Maria Manoella dão vida, respectivamente, ao manipulador Gustavo, ao inseguro Adolfo e à sedutora Tekla, e retratam a história de um homem rancoroso que se dedica a infernizar o novo relacionamento de sua ex-mulher.

Vilão de marca maior

Totalmente adaptado à vida de vilão, Reynaldo Gianecchini gostou de colocar seu lado maléfico à prova. Depois de representar Fred, na novela Passione, dessa vez ele da vida a Gustavo, o ex-marido manipulador.

De acordo com o ator, para compor o personagem, ele precisou conhecer melhor os seus próprios instintos. "Todos nós temos uma violência e crueldade dentro de si. Eu precisei buscar a minha. O vilão tende a ser uma experiência legal para o ator. Estou curioso para ver o que os espectadores vão achar. Me interessei muito por esse papel e quero ver se o público vai ter o mesmo interesse", afirma.


Reynaldo Gianecchini retoma temporada de Cruel, no Teatro FAAP
Foto: João Caldas

Morando em São Paulo por conta do tratamento que fez contra o cancêr e agora para dar continuidade a peça, sem receio de ser rotulado como o galã no teatro, Reinaldo comenta sobre a lacuna existente entre o tablado e a telinha.

"Dei sorte de pegar personagens bons na televisão, isso é raro. O teatro exige mais estudo, e a TV, intuição. Nunca fico preocupado se as pessoas vão ao teatro ver o cara da TV ou uma grande obra. Se chamo um público, fico feliz, mas vou oferecer algo diferente do que estão acostumados a ver", ressalta.

Intimista

As exibições acontecem com cerca de 100 lugares na plateia e em dias alternativos, as segundas e terças-feiras. Segundo o diretor, a escolha das datas e a diminuição de cadeiras estão relacionadas à natureza da obra de August Strindberg.

O espetáculo pretende oferecer a experiência de espiar a si próprio por um buraco de fechadura. "Não é uma peça feita para grandes plateias. Não houve preocupação em adaptar o texto para o momento em que vivemos, pois ele já é muito atual", afirma o diretor Elias.

Sintonia

A atriz Maria Manoella é a pivô das discórdias do trio. Com vasta experiência nos palcos, para ela, o grande segredo do equilíbrio das cenas de Cruel é a interação entre o elenco. "Procuramos um do outro para nos preparamos para a peça. Minha personagem é uma artista moderna. O que me encanta é a modernidade e a liberdade presentes nela. Strimberg era apaixonado pelas mulheres e ele as enaltece em suas peças", comenta.

Fã de textos clássicos, o ator Erik Marmo atuou no clássico de Moliére Escola de Mulheres, com direção de Roberto Lage, em 2010, e agora vive o marido influenciado. Para ele, o jogo é o mais interessante. "É preciso buscar dentro de si uma dor. Strimberg é denso e tive que buscar dentro de mim uma loucura e uma dor. A peça é atual, quebra paradigmas e levanta temas comuns nos dias de hoje", afirma.

Confira entrevista exclusiva na TV Guia com o elenco de Cruel:

Por Marcus Oliveira

Atualizado em 10 Abr 2012.