Guia da Semana

Por Emerson Viana

A agenda apertada não nega que Evandro Santo, que atualmente divide o tempo entre programas de TV e rádio, atualização de dois blogs, além do stand-up Espia Só, tem muito pouco daquele menino pobre nascido em Belo Horizonte e criado em Uberaba até os 15 anos de idade.

Morando em São Paulo desde 1990, o humorista, 36, trabalhou por muito tempo como animador de festa antes de estrear no programa Pânico na TV, em 2007. Foi nesse mesmo ano que as cortinas se abriram para Christian Pior, inspirado no estilista francês Christian Dior.

Tanta sede pelos holofotes, claro, não podiam lhe deixar longe da rede. Além dos dois blogs, Espia Só e Ovulando, ele não abandona por nada seus perfis no Twitter e Facebook. “Eu adoro internet. Tenho laptop, iPad e BlackBerry. Imagina, eu faço coco tuitando! (risos)”, dispara.

Não pense você, no entanto, que ele aceita qualquer um - há critérios. Veja na entrevista!

Guia da Semana: Quando e por que você veio para São Paulo?
Evandro Santo: Cheguei a São Paulo em junho de 90 e vim atrás de fama e fortuna. Depois descobri que estava atrás de prestígio social. É muito melhor que ser famoso ou reconhecido. Tenho a vida que eu queria, moro em uma rua - Rua Augusta - que gosto, todas as pessoas que convivo moram próximas ou vão aos mesmos lugares. É um sentimento de comunidade... ei, fala baixo que eu estou dando entrevista [grita ele com alguém ao fundo, interrompendo o pensamento].

Quando e como nasceu o personagem Christian Pior?
Nasceu no dia 27 de maio de 2007, no casamento da Wanessa Camargo. O Emílio queria um estilista, alguém que reparasse nas pessoas e no look delas. Falei: "poh, vamos dar o nome de Chistian Pior, fazendo o trocadilho". Ele topou e surgiu o personagem. Antes falava só sobre roupa. Aí comecei a fazer praia, classe C, celebridades. Então, a bicha cresceu.

Quais diferenças e semelhanças você estabelece entre o Evandro Santo e o Christian Pior?
Olha, o Christian... tem vários por aí. É aquela bicha que quer se dar bem. Que está doida pra aparecer e abafar. Ela vai se ascendendo no bairro, aí muda de cidade, daqui a pouco está enfiada com estilista e uma hora ela vira gente. Já Evandro é um vira-lata. Uma pessoa que se der arroz, está comendo... se der caviar, está comendo. Eu sempre quis ser urbano, conhecer os DJs legais que tocam na balada, a turnê do teatro bacana, morar em um bairro descolado. Sou um cara em busca de urbanidade. Bonito isso: quem sou? Alguém em busca de uma urbanidade (risos).

O personagem Roni, de Insensato Coração, você acha que foi inspirado no Christian Pior?
Não. Existe muito isso, cara. A bicha amiga da gostosa. Ou é o maquiador, ou cabelereiro ou cara que veste. Essa bicha oportunista de ‘ah, isso aqui está um arraso, gata’. Essas mulheres realmente são carentes... elas ficam inseguras. Então, é uma coisa que existe muito no mundo.

A bicha é a melhor amiga da mulher?
A bicha é melhor amiga de si mesma. Não, mas eu já vi bicha aguentar muita coisa de mulher e ser muito amiga das meninas também. Geralmente, amizade de gay com mulher costuma ser verdadeira.

Você usa bastante a internet? Costuma fazer o que quando está navegando?
Muito, muito, muito, muito! Imagina, eu faço coco tuitando! Adoro internet. Tenho laptop, iPad e BlackBerry com todas as funções do mundo, mais um iPod só com música. Adoro! Gosto de rede social, notícia, Youtube, e-mail, blog.

E você aceita qualquer pessoa no Facebook?
Nananinanão! Tem critério. Precisa ter mais de 40 amigos em comum e não pode ter foto de ‘michetagem’. Tipo: tem um povo que tira foto de cueca, mostrando abdômem. E meninas muito periguetes, acho ruim. Se for bonita, agrega valor e beleza, eu aceito. Se ficar com muita chatice, querendo conhecer a Sabrina, eu já corto. Gosto de gente que coloca sets bacanas, de DJs, que mande vídeos engraçados, piadas. Agora aquela coisa de cutucar, acho débil mental. Vai virar proctologista pra cutucar alguém. O curtir eu gosto, mas estou louco para ter o “odiei”, “detestei” ou “credo”.

Você fala em ascendência social: “hoje pertenço a um meio”. A qual classe social você se considera pertencente?
Do povo descolado. Sou amigo dos DJs, sou amigo do cara que está se expandindo no blog, do estilista que está começando a fazer a marca dele. Gosto muito de quando as pessoas ainda não são. Pertenço ao povo urbano. Gosto de estar no meio da burguesia? Não! Gosto do pessoal que compra brinquedo antigo, que vai em loja de vinil, que gosta de gibi... essas coisas.

O que representa a palavra “pobre” para você?
Pobre é aquela pessoa que paga muito caro pra ter alguma coisa. Tenho muita pena dessas mulheres que casam por grana. Imagine ter que deitar todo dia com alguém que você não gosta por causa de dinheiro, por causa de uma bolsa, de uma geladeira cheia? Isso é muito pobre. As pessoas estão muito ocas.

E o que é ser “chique”?
Lembro que quando era ‘durango’, nem estava no Pânico ainda, falei: bom, o que vai me fazer bem? Empregada. Atrasava condomínio, mas não atrasava o pagamento da empregada. Nada como chegar em casa e ter a comida pronta, cueca lavadinha e a casa limpa. Podia chegar podre, sem receber cachê, sem trabalho, mas chegava e tinha uma 'carninha' de panela. Isso é muito luxo!

Fora do estúdio, qual é sua relação com os integrantes do Pânico da TV?
Os vejo todos os dias. Quando não estamos no Pânico, estamos como amigos e companheiros. É uma relação fácil, sou muito vira-lata. Às vezes, passo em uma loja, vejo um esmalte bacana e penso: ‘ah, vou levar pra Amanda’. É claro que tem aqueles dias que você quer ficar em casa, não quer aparecer em público, ver como anda você com você.

Christian dá 10 dicas para fazer o álbum de seu Facebook bombar:

Água
“...piscina do Hotel Renaissance..."

Ar
“...o restaurante do Hotel Unique, o Skye...,”

Terra
“...as paredes do Paris 6 tem um fundo bonito”

Campo
“...nas bancas da Doutor Arnaldo, comprando uma orquídea...”

Sol
“...a Praça Pôr do Sol para, bem na hora do pôr do sol, aparecer na foto brindando como uma taça de champanhe..”

Estilo
“...Livraria Cultura, segurando o livro A Náusea, de Jean-Paul Sartre, para todo mundo dizer: ‘olha, ele lê...’”

Saúde
“... no Parque Buenos Aires, em Higienópolis, tomando uma água ou com o cachorro...”

Arte
“... o ateliê de artistas plásticos, como Flávio Rossi, porque dá aquele ar: ‘oh, ele aprecia obras de arte...’”

Culto
“... o jardim da Pinacoteca também é bacana...”

Fino
“... tomando café com óculos escuros é muito cool. Sabe aquela foto da Marisa Monte no livro? Ai, eu amo café...”

Onde trombar com Evandro Santo em São Paulo:

Gordiçes
Paris 6, Restaurante do Masp, Mestiço, Toninho & Freitas Hambúrgures, alí na Doutor Arnaldo - eles entregam um ‘puta de um beirute do bom’. Também tem o Sujinho, que tem o melhor arroz carreteiro da cidade, e o restaurante do Hotel Renaissance Terraço Jardins”.

Na night
“Na sexta-feira, gosto da The Society. O after da Cantho Club bomba no domingo. Para ouvir música eletrônica de qualidade, vai lá”.

Atualizado em 10 Abr 2012.