Guia da Semana

Foto: Sxc.Hu


Para quem mora em São Paulo e curte cinema de verdade, a segunda metade do ano é sempre recheada de festivais e mostras que se alternam quase que em sequência por cinco meses seguidos. Entre eventos recém-nascidos e outros que já passaram dos 30 anos, muito há para se ver em termos de audiovisual desde a última semana de junho.

O SP Terror - 1º Festival Internacional de Cinema Fantástico, ocorreu entre 25 de junho e 2 de julho (se perdeu, ano que vem tem mais). Em seguida, emendamos com o 4º Festival de Cinema Latino-Americano, de 6 a 12 de julho. Ainda este mês, entre os dias 22 e 26, será realizado o Anima Mundi - 17º Festival Internacional de Animação. Menos de um mês depois, ocorre o 20º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, de 20 a 28 de agosto. Por fim, a cereja do bolo, de 23 de outubro a 5 de novembro, a balzaquiana e monumental 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Como veem, é agenda cheia até novembro. E o melhor é que muitos desses festivais e mostras promovem diversas sessões com entrada franca, sendo que o de filmes latino-americanos e o de curtas-metragens são integralmente gratuitos.

De qualquer forma, seja de graça ou pagando, a verdade é que festivais e mostras de cinema nos oferecem uma oportunidade única de conhecermos filmes que jamais veríamos de outra forma. É uma grande chance para tomarmos contato com o cinema feito em países distantes e fora do "eixão" do cinema mundial.

Minhas andanças por esses eventos já me proporcionaram experiências inesquecíveis e a descoberta de filmes incríveis e surpreendentes, como O Sussurro dos Deuses, de Tatsushi Ômori, um denso e pesado drama japonês filmado com uma intensidade única entre o selvagem e o delicado, ou Dias de Santiago, do peruano Josue Mendez, que perpassa a tragédia anunciada do homem preso dentro de sua própria vida da qual não tem forças para escapar. E muitos outros filmes que ficaram impregnados na memória de minhas retinas, sempre com um sabor de surpresa e de adeus: surpresa pelo inesperado de suas histórias e adeus pelo improvável reencontro. Sim, porque busco nessas ocasiões filmes que dificilmente terei a chance de ver de novo.

É por isso que não entendo a correria e o acotovelamento geral por ingressos para a exibição de trabalhos de diretores consagrados. Em festivais passados, vi filas imensas para uma chance de ver filmes de Tarantino, Scorsese, Copolla, Ang Lee e outros. Todos com data de estreia já anunciada. Acho isso desperdício de tempo e de oportunidade, pois prefiro vê-los quando estrearem (sem empurra-empurra) e aproveitar o festival ou a mostra para conhecer novos filmes e novos diretores.

Pois o que me fascina e encanta nessas ocasiões é justamente o desconhecido, o risco de se entrar numa sessão sem saber muito bem o que se vai ver. E nada supera a satisfação de uma descoberta prazerosa, de um filme surpreendente, de uma experiência única e estimulante. Claro que o oposto também pode acontecer, e acabar se vendo um filme detestável, péssimo. Mas é nesse risco e nessa incerteza que vejo a maior graça.

Seja como for, cada um tem o direito de tirar desses eventos o proveito que melhor lhe cair, pois importante mesmo é a festa de cinema que eles nos proporcionam. E, agora que o segundo semestre chegou, é preparar a agenda para não perder nada do que de melhor esses festivais e mostras nos trazem. Bons filmes a todos.

Mais informações:

1º Festival Internacional de Cinema Fantástico (

Atualizado em 6 Set 2011.