Guia da Semana

Depois do sucesso de "Intocáveis", os diretores Olivier Nakache e Eric Toledano voltam a abordar a questão racial, desta vez com um roteiro mais propenso ao drama do que o trabalho anterior. A imigração e a xenofobia no contexto francês, tema recorrente no cinema do país, servem como base para "Samba", que tempera a sua crítica com boas cenas de comédia e uma improvável história de amor.

Samba Cissé (Omar Sy, o mesmo de "Intocáveis") é um imigrante senegalês que sonha fazer carreira como chef de cozinha. Contudo, apesar de viver em Paris há mais de dez anos, nunca conseguiu a tão almejada autorização de residência. Ao mesmo tempo, Alice (Charlotte Gainsbourg, de Ninfomaníaca) é uma diretora executiva que, após um surto de estresse, tira licença do trabalho e dedica seu tempo livre como voluntária em uma organização de apoio a imigrantes ilegais.

É aí que os dois se encontram e a atração imediata os fazem flertar com a expectativa de um romance. A partir de então, o filme se divide entre as duas personagens e seus dramas distintos, seduzindo o espectador com a ideia de um desfecho repleto de possibilidades. De um lado, a luta de um imigrante pela sua dignidade. De outro, uma mulher bem-sucedida tentando reencontrar os prazeres da vida.

Mas é no respiro entre uma história e outra, que "Samba" encontra a sua graça. São nas cenas onde a tensão dá lugar à uma comicidade despretensiosa e à leveza de uma trilha sonora que vai de Gilberto Gil a Bob Marley. Destaque do Festival Varilux de Cinema Francês, "Samba" chega aos cinemas no dia 9 de julho.

Por Ricardo Archilha

Atualizado em 8 Jul 2015.