Guia da Semana

Formado em cinema pela UCLA e vencedor de prêmios Oscar tanto como diretor quanto como roteirista, Francis Ford Coppola é um dos pivôs da “Nova Hollywood” (1967 – 1980), movimento que revolucionou o modo de fazer cinema.

Trata-se de uma geração de jovens cineastas, que durante 13 anos criou obras inovadoras e aclamadas até hoje, como “Laranja Mecânica” (Stanley Kubrick, Inglaterra, 1971), “Tubarão” (Steven Spielberg, EUA, 1975) e “Star Wars” (George Lucas, EUA, 1977). Nesse período o crédito por um bom filme, que antes era do produtor, passou a ser do diretor, e a qualidade dos filmes evoluiu significativamente.

Primeiras tentativas

Recém-formado, Coppola dirigiu o filme de pequeno porte “Demência 13” (EUA, 1963), no qual lhe foi dada total liberdade de direção pelo produtor Roger Corman. Com influências de Psicose (Hitchcock, EUA, 1960), Coppola abusa de cenários intensos, criando o clima de terror por meio de um jogo de luzes. O filme não é tão sofisticado quanto seriam suas próximas obras, mas já dá sinais de certas particularidades do diretor, que tende a priorizar em alguns filmes o estilo ao conteúdo.

Conquistando a Academia

Foi nessa época que Coppola ganhou seu primeiro Oscar como roteirista, por “Patton” (EUA, 1970), um drama biográfico que relata os feitos do general americano George S. Patton na II Guerra Mundial. O prêmio foi, na verdade, entregue ao roteirista Edmund North, que o dividiu com Coppola.

Clássico

Porém, o seu maior êxito foi na direção da trilogia “O Poderoso Chefão” (EUA, 1972), que rendeu três Oscars e cinco Globos de Ouro. Adaptação da obra de Mario Puzo, o primeiro filme da saga entrou em pouco tempo para a lista dos mais assistidos de todos os tempos nos Estados Unidos.

O enredo coloca o telespectador dentro de uma trama detalhada, em que os
gângsteres, antes retratados como vilões coadjuvantes, tomam o lugar dos protagonistas. Graças ao alto orçamento disponível, Coppola reproduz de forma convincente e visualmente rica a rede de influências e negociações entre famílias ítalo-americanas, que se estabeleceram economicamente por meio de esquemas ilegais.

Lançando e imortalizando Al Pacino e Robert De Niro, e dando a Marlon Brando uma chance de se reinventar como Dom Corleone, o até então inexperiente diretor criou o que é considerado um dos maiores clássicos cinematográficos, além de firmar o gênero dos filmes de máfia.

Ação e falência

Coppola ficou conhecido pelas superproduções de grande porte financeiro – e pelo prejuízo gerado por elas. “Apocalypse Now” foi um de seus muitos momentos na corda bamba. O filme de ação, finalizado em 1979, quase levou Coppola à falência, além de coincidir com a fase em que o diretor se afundou em drogas.

As dificuldes sofridas durante as filmagens são relatadas em “Hearts of Darkness: A Filmmakers Apocalypse”, documentário produzido pela esposa do diretor, Eleanor Coppola.
Além dos problemas pessoais do diretor, a produção, que durou mais de três anos, foi interrompida pela passagem de um tufão. Outra pausa teve que ser feita quando o protagonista, Martin Sheen, sofreu um ataque cardíaco.

Adaptação da novela “No Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, “Apocalypse Now” trouxe mais uma vez Marlon Brando, agora no papel de um coronel que enlouqueceu durante a guerra do Vietnã e se refugiou no Camboja. As atuações de Martin Sheen e de Robert Duvall também se destacam.

É um filme visualmente intenso, marca de Coppola. A loucura da personagem de Marlon Brando se ressalta com sua figura envolta por sombras e o horror da guerra fica mais vívido com o tom avermelhado presente em cenas de bombardeios.

Quando vampiros não brilhavam no Sol

Outro título de peso que Coppola dirigiu é “Drácula de Bram Stocker” (EUA, 1992), considerada pelos críticos uma das melhores adaptações da obra escrita em 1897. Tendo Wyonna Ridder como a mocinha Mina e Gary Oldman como o conde Drácula, o longa ilustra com muitos efeitos especiais e cenários bem trabalhados a história do vampiro mais famoso do mundo. Indicado para quatro categorias do Oscar, ganhou três: melhores efeitos visuais e edição de som, melhor figurino e melhor maquiagem.

A mistura de romance, sensualidade e horror dinamiza o filme, dando a Drácula várias facetas: apesar de monstruoso o vampiro acaba, eventualmente, manifestando seu lado humano. Nessa obra, Coppola mostra sua genialidade moldando um clássico da literatura do século passado para o público dos anos 90.

Atualmente

Atualmente Coppola tem produzido menos. Sua obra mais recente é “Twixt” (EUA, 2011). Tendo orçamento baixíssimo e roteiro superficial, não pode ser considerado um filme de relevância na carreira do diretor de “O Poderoso Chefão” (EUA, 1972).

Além de seus filmes, Coppola também deixará outra herança ao mundo: sua filha, Sophia Coppola, e sua neta, Gia Coppola, também seguiram a carreira cinematográfica e já dirigem filmes de sucesso.

Por Maria Eugenia Mauger, Aluna Do 2o. Semestre Do Curso De Jornalismo Da ESPM

Atualizado em 3 Out 2013.