Guia da Semana

Um agente secreto americano, um vilão russo, tiros, perseguições em carros e um desfecho impossível. Você já viu esse filme? Provavelmente sim, e não – "Jack Ryan: Operação Sombra" chega aos cinemas nesta sexta-feira, 7 de fevereiro, requentando antigos clichês e investindo num tratamento genérico e supostamente mais jovem à franquia iniciada em 1990 por “Caçada ao Outubro Vermelho”.

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Chris Pine é quem encarna o herói no novo filme – o quinto da série inspirada no personagem de Tom Clancy, que já foi vivido por Alec Baldwyn, Harrison Ford e Ben Affleck. Pine faz um bom trabalho, convincente como o soldado frustrado e superinteligente, que nunca deveria ter saído do escritório. Sua fragilidade rende um contraste interessante com sua nova missão (viajar à Rússia como um espião), mas apenas nos primeiros minutos de filme.

Depois de um contato nada amigável com um funcionário de Viktor Cheverin (Kenneth Branagh, também diretor do filme), Ryan mergulha numa mistura de “Missão: Impossível” e “Duro de Matar”, com pretensões mal sucedidas a “007”.

Em torno de Pine e Branagh, estão outros rostos conhecidos do público: Kevin Costner é o homem misterioso da CIA que contrata Jack Ryan e se propõe a guiá-lo; enquanto Keira Knightley é a esposa ciumenta de Jack.

Apesar da interpretação exagerada, é Keira que protagoniza a cena mais empolgante do filme – quando o casal se encontra com Viktor num restaurante em Moscou e encena uma briga, para distrair o milionário e roubar informações confidenciais.

Soa um tanto anacrônico, porém, que o vilão seja russo e queira vingar as humilhações sofridas por seu país com um golpe financeiro sobre os EUA (o que, modéstia americana à parte, destruiria o mundo inteiro). Não que o filme seja ambientado na Guerra Fria, nada disso: ainda durante a faculdade, Jack Ryan assistiu pela TV ao ataque às Torres Gêmeas e foi isso que o motivou a entrar para o exército e servir no Afeganistão. Então por que a Rússia?

Se a questão principal fica pouco explicada, que dizer da perseguição de Jack a um segundo vilão, em território americano, perto do final do filme? Uma van com tinta fresca nas portas mergulha no canal subterrâneo, com água lamacenta cobrindo as rodas, depois reaparece milagrosamente pelas ruas de Manhattan, sem nenhum borrão. E como justificar diversas demonstrações da força hercúlea de Jack, cuja coluna havia sido prejudicada permanentemente após um acidente de guerra?

Esperar mais do que ação de um filme sobre espionagem pode ser pedir demais, mas “Jack Ryan: Operação Sombra” carregava uma responsabilidade ainda maior que as de seus antecessores. O filme poderia prestar uma última homenagem do cinema ao escritor Tom Clancy, falecido em outubro. Mas preferiu vender pipocas.

Assista se você:

- É fã de filmes como "Missão: Impossível", "007" e "Duro de Matar"
- É fã de Tom Clancy e quer completar a saga "Jack Ryan" nos cinemas

Não assista se você:

- Não gosta de filmes com o tema "Ataque aos Estados Unidos"
- Procura um filme criativo sobre espionagem

Por Juliana Varella

Atualizado em 7 Fev 2014.