Guia da Semana

A concorrência não está fácil para os filmes de terror nesta época do ano. Só em setembro, sete estreias do gênero devem chegar aos cinemas e, até o final do ano, pelo menos outras seis se juntarão a elas. Nesse terreno, é preciso ter algo a mais para se destacar e, enquanto muitos lançamentos apostam no caminho seguro, investindo em histórias genéricas e cheias de sustos, “O Sono da Morte” se arrisca na direção contrária – e desponta como um dos melhores do ano.

Terror Psicológico

O longa de Mike Flanagan (“O Espelho” e “Hush: A Morte Ouve”), que estreia no dia 1º de setembro, conta a história de Cody, um menino de 8 anos (Jacob Tremblay) que acaba de ser adotado por um casal que perdeu o próprio filho (Kate Bosworth e Thomas Jane). Logo, os novos pais descobrem que a criança tem um poder especial: seus sonhos e pesadelos ganham vida quando ele dorme.

O filme tem sua cota de criaturas macabras e sustos, mas a maior parte do medo não vem das imagens, e sim da compreensão da situação e de suas consequências. É assustador quando os pesadelos acontecem, mas também é arrepiante assistir aos esforços de Cody para se manter acordado ou ver como ele se enche de culpa quando alguém é ferido.

Uma história surpreendente

A premissa é muito boa, mas desenvolvê-la poderia ter se revelado um problema. Felizmente, o roteiro de Flanagan e Jeff Howard, que já trabalharam juntos em “O Espelho”, não deixa nenhum ponto desatado e, aos poucos, o público percebe que há muito mais em jogo do que apenas um bicho-papão ou um céu de borboletas.

Depois de uma virada inesperada e de uma investigação à lá Naomi Watts em “O Chamado”, o espectador finalmente descobre que todos os elementos, sem que ele percebesse, se conectavam formando um círculo perfeito. (Cá entre nós, há sensação melhor do que essa?)

Menino-prodígio

Jacob Tremblay, é claro, tornou-se logo um dos principais atrativos do filme depois de encantar o público em “O Quarto de Jack”, e, novamente, ele não decepciona. Fofo como sempre, o ator-mirim exibe um lado mais doce e comportado, encarnando a criança que, depois de ser abandonada por diversos pais adotivos, faz o possível para agradar.

Vale notar que, em “O Sono da Morte”, o fato de haver um menino protagonista não tem nada a ver com o clichê da criança sinistra, que é um dos recursos mais comuns em filmes de terror. Por alguma razão (talvez por sua postura tão consciente), o público nunca chega a temer Cody, mas apenas seus sonhos.

“O Sono da Morte” é um filme de terror muito diferente, porque o medo não é o objetivo, mas apenas uma parte do percurso. No início, os sonhos de Cody são muito mais terríveis, mas, com o tempo, o público e os personagens vão “se acostumando” (na medida do possível) e o foco passa a ser entendê-los, ao invés de fugir. Quem diria: uma lição de vida de onde menos se espera. “O Sono da Morte” estreia no dia 1º de setembro nos cinemas.

Por Juliana Varella

Atualizado em 11 Set 2016.