Guia da Semana

Mais uma vez, brinquedos estão ganhando vida nos cinemas e prometem conquistar pais e filhos. No dia 7 de fevereiro, “Uma Aventura Lego” chega ao Brasil trazendo personagens amarelos, blocos coloridos e uma confissão: a Lego errou, e está dando a volta por cima.

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Famosa por suas enormes caixas vermelhas nos anos 80, a marca se reinventou e passou a trabalhar com produtos segmentados e licenciados. Ao invés de uma quantidade generosa de peças montáveis, a criança agora teria em suas mãos um kit perfeito para construir um (único) cenário, uma cena de filme ou um veículo mirabolante. Tudo muito interessante para adultos colecionadores; tudo muito limitado para crianças criativas.

É justamente essa segmentação perfeccionista que aparece como grande vilã na história de Phil Lord e Christopher Miller (de “Tá Chovendo Hambúrguer”). O diabólico Senhor Negócios planeja destruir o mundo de Lego usando uma cola – ou seja, prendendo seus habitantes numa posição perpétua, impedindo-os de transitar entre os diferentes mundos ou construir coisas novas.

Para combatê-lo, o Escolhido (um "mestre construtor') deverá encontrar um objeto especial e encaixá-lo na arma do inimigo. Parodiando alguns clichês do cinema, “Uma Aventura Lego” traz um herói João-ninguém, uma companheira habilidosa e um “guru” idoso e barbudo (no caso, o arquiteto romano Vitrúvio – boa sacada para um mundo feito de pequenas construções).

Há paródias e referências à cultura pop em todo o filme, que assume um tom muito mais sarcástico do que inocente. Matrix, O Senhor dos Anéis, Batman, Star Wars, sitcoms americanas, Harry Potter, Tartarugas Ninja, todos têm seu momento e podem ser vítimas da acidez dos roteiristas.

A realidade do herói, Emmett, é um espetáculo à parte. Alienado, ele é o típico trabalhador numa cidade grande controlada pela mídia: toma seu café da manhã saudável, assiste aos programas-padrão na TV, cumprimenta seus vizinhos sem de fato conhecê-los e faz um trabalho idêntico ao de todos os outros operários, sentindo-se satisfeito por “seguir as regras”. Em outras palavras, não tem identidade e, apesar de sua vida perfeita em sua cidade perfeita, não é feliz.

Seu mundo, como outros “sets” que aparecem no filme (um velho-oeste, uma “Zelândia Média”…), é totalmente feito de Lego. O visual imita stop-motion, mas a equipe também usou computação gráfica, especialmente para criar movimento e criar expressões – é um trabalho discreto, detalhista, que reforça o efeito “artesanal”. Impressiona o resultado: até a água, a fumaça e o fogo são representados com blocos.

A chegada de “Uma Aventura Lego” vem para substituir o espaço afetivo deixado pelo fim da franquia “Toy Story”, com seus brinquedos simples lutando para continuarem relevantes para seus donos. Como eles, as figuras de Lego também temem a modernização, pois ela pode lhes tirar o que elas têm de mais especial (e que a própria marca quase esqueceu): a capacidade de inventar.

Assista se você:

- Brincou de Lego quando era criança (ou brinca até hoje)
- Procura um filme muito engraçado, sem ser apelativo
- Quer levar as crianças ao cinema e se divertir junto

Não assista se você:

- Nunca gostou de Lego
- Não gosta de filmes animados
- Não se interessa por cultura pop

Por Juliana Varella

Atualizado em 3 Fev 2015.