Guia da Semana

Uma mulher trans como destaque da cerimônia de abertura, um beijo gay durante um pedido de casamento e uma medalha de ouro conquistada por uma mulher negra da Cidade de Deus. São por esses e outros motivos que os Jogos Olímpicos 2016 já entraram para a história ao conquistar o mais alto dos pódios no quesito inclusão social. Mesmo que o esporte, é claro, seja o protagonista do evento, a cada episódio, assistimos o respeito às diferenças se aprofundar.

Em meio à abertura dos Jogos, não teve Gisele Bündchen que ofuscou o brilho da modelo brasileira Lea T., a primeira mulher transexual a ganhar destaque na cerimônia de boas-vindas das Olimpíadas em toda a história do maior e mais aclamado evento esportivo do mundo. Linda, sorridente e em uma bicicleta com uma placa com o nome Brasil, a modelo brasileira esteve à frente da nossa delegação em um dos maiores atos de representatividade trans que já vimos no país.


Inédito nas Olimpíadas, o rúgbi de sete também entrou para a história - não pela sua estreia nos Jogos, mas por um fato que ocorreu após a disputa feminina da modalidade. A Austrália acabara de ganhar a sua medalha de ouro, mas o destaque foi outro. A voluntária Marjorie Enya entrou em campo com um microfone na mão e foi assim que pediu em casamento a namorada Isadora Cerullo, jogadora da seleção brasileira. Após o “sim”, o beijo entre o casal tornou-se um dos momentos mais marcantes das Olimpíadas de 2016 (e de todas as outras) até então.

E como se não bastasse, 2016 ainda é o ano em que o número de atletas assumidamente LGBT é o maior da história - são 43 ao todo. Outro fato histórico é representado por Helen e Kate Richardson, da equipe de hóquei da Grã-Bretanha, o primeiro casal gay oficialmente unido a participar dos Jogos.


E o primeiro ouro conquistado pelo Brasil até agora foi alcançado por uma mulher. Negra. Lésbica. Da Cidade de Deus. A judoca Rafaela Silva representa não só a luta pela paixão ao esporte, mas, principalmente, a luta em uma sociedade machista, misógina, homofóbica e racista.

Não podemos esquecer que o Brasil ainda é um dos países mais homofóbicos do mundo - um cidadão LGBT é agredido a cada 28 horas. É por isso que toda a visibilidade destas Olimpíadas ganha ainda mais importância. E representa a maior medalha de ouro que podemos ganhar.

Por Redação Guia da Semana

Atualizado em 11 Ago 2016.