Guia da Semana

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Quase toda criança já brincou de "salada mista"; aponta o dedo, escolhe um par e pronto! É só partir para o abraço! Ou para o beijo... Na boca! O beijo traz benefícios que se refletem no emocional e também na condição física da pessoa que está praticando.

É uma atividade física benéfica para o organismo, já que movimenta cerca de 29 músculos e ajuda a perder de 12 a 18 calorias a cada manifestação. De acordo com o terapeuta sexual Amaury Mendes Júnior, "um beijo apaixonado estimula a produção de endorfina pelo cérebro, o que ajuda a relaxar o casal e provoca sensação de felicidade" e, por isso, ele é o melhor remédio contra depressão, segundo pesquisa britânica. Estudos do especialista revelam também que o ato de beijar acelera o ritmo cardíaco e a freqüência respiratória, eleva a tensão arterial e aumenta a temperatura da pele.

Pesquisas comprovam que o beijo prolonga a sobrevivência dos órgãos do corpo, já que mexe, por exemplo, com o fígado e o sistema digestivo. Tudo que acontece durante o ato estimula a musculatura e a circulação, fazendo com que o metabolismo funcione melhor.

"Além disso, a língua, os lábios e a boca estão entre as partes mais sensíveis do organismo. A mucosa dos lábios, inclusive, é semelhante à mucosa do pênis e do clitóris, o que lhe permite enviar ao cérebro as sensações percebidas. O cérebro, por sua vez, responde com a liberação de hormônios, preparando o corpo para a atividade sexual", completa o especialista Amaury Mendes.

O clínico geral e escritor de livros terapêuticos Eduardo Lambert conta que "o beijo ativa também o aumento do estrógeno (hormônio feminino), das testosteronas (hormônio masculino) e dos ferormônios (que dão o aroma da atração)".

Quando um casal se beija e não dá certo, é comum ouvir de um dos lados (ou dos dois) que "não rolou uma química". A frase está correta. Cada pessoa possui um cheiro diferente, que pode ou não combinar com o cheiro do parceiro, dependendo da idade e da alimentação. Quando não combina, o beijo fica desagradável.

Pesquisas realizadas com casais mostram que as mulheres beijam mais do que os homens. Enquanto 90% delas gostam de beijos durante a relação, eles possuem um percentual menor. Entre homens com instrução superior, são 77% e entre os da classe operária, 41%.

Durante o beijo, o casal troca uma média de 250 bactérias através da saliva, porém elas se encontram em estado de equilíbrio, o que não permite que causem infecções a nenhum dos parceiros, a não ser que haja outros fatores que os tornem propensos, como saliva com sangue e machucados na boca.

Riscos do beijo

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As doenças através do beijo são adquiridas pela saliva com sangue, cortes ou machucados na boca dos parceiros. Entre as infecções mais comuns, estão gripe viral, herpes e mononucleose (conhecida também como "Doença do Beijo").

Herpes, gengivite, amigdalite bacteriana, hepatite A e B, sífilis, gonorréia, monucleose, tuberculose, sapinho e diversas doenças infecto-contagiosas podem ser causadas pelo beijo, de acordo com a especialista em ortodontia Cynthia Veit.

Ela explica ainda que "é praticamente impossível contrair AIDS através da saliva, mas existe um risco de se adquirir esta doença caso existam feridas ou sangramentos na boca. Pessoas com piercing na língua ou lábios estão mais propensas ao risco, pois um beijo mais ardente pode causar sangramento na região".

Segundo o Diretor do Serviço de Odonto-Estomatologia e Cirurgia Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Esatdual), Julio Barone, a cárie não é transmitida pela saliva, pois depende de uma série de fatores de saúde bucal e higiene bucal para poder acontecer.

A Mononucleose Infecciosa, também conhecida como "Doença do Beijo", é causada pelo vírus Epstein-Barr e transmitida através da saliva e trocas de outras secreções. Quase 90% dos adultos são soropositivos. A doença é quase sempre contida pelo sistema imunológico, regredindo de quatro a seis semanas depois e sendo assintomática em crianças. Os sintomas principais são febre alta, mal-estar, fadiga, dores de garganta leves e duradouras, faringite, algumas vezes hepatite moderada e aumento dos gânglios linfáticos do pescoço.

Os antipiréticos (que não contém aspirina) e medicamentos anti-inflamatórios reduzem os sintomas comuns. Já em casos mais graves, é possível a associação de corticóide no tratamento.

Apesar das possibilidades, os riscos em adquirir doenças pelo beijo são pequenos. O especialista lembra que "a cavidade bucal apresenta aspectos particulares em relação a sua flora bacteriana. Neste ambiente de "trocas", o fluxo de saliva, a mastigação, a descamação epitelial e os métodos de higienização contribuem para a remoção bacteriana. Somente os germes de alta capacidade adesiva conseguem se fixar na cavidade bucal".

Tipos de beijo

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Um dos livros mais lembrados do mundo quando se fala em sexo, o Kamasutra, reserva um capítulo somente para o beijo. Apesar de ensinar posições variadas para o ato sexual, a publicação é um estudo sério sobre o erotismo hindu, algo sagrado para esse povo.

Com dois mil anos de existência, o Kamasutra revela três tipos de beijo. O Nominal refere-se a tocar a boca com os lábios, o Palpitante é o beijo no lábio inferior e o Toque é aquele onde a ponta da língua toca os lábios do companheiro.

Eduardo Lambert, que é autor do livro Terapia do Beijo, explica que existe o beijo selinho, o roubado, o romântico, o francês (de língua), o água-com-açúcar (retirado dos antigos romances, é quando o homem se apodera da mulher, que se rende aos seus beijos), o sanduíche, o fraterno, o erótico e muitos outros. O beijo erótico é aquele que se dá nas regiões do corpo de maior excitabilidade sexual (erógenas). "Os lábios e a boca são zonas erógenas secundárias, razão pela qual o beijo é considerado o precursor do ato sexual, sendo que ele é como uma mini-relação sexual. Assim, o sexo oral é um beijo genital", explica.

Colaboraram:
? Amaury Mendes JR.
? Cynthia Veit
? Julio Barone
? Eduardo Lambert
Fone: (11) 5539-4468

Atualizado em 6 Set 2011.