Guia da Semana

Yan e Yago
Foto: Portal Múltiplos


Se em novelas eles costumam ser idênticos, porém têm personalidades opostas, na vida real irmãos gêmeos são essencialmente parecidos e se dão muito bem. A ligação emocional entre univitelinos (embriões gerados por um mesmo óvulo) sejam dois ou até três, ultrapassa a relação de apenas irmãos e é muito mais forte do que se parece.

Eles são raros: a incidência populacional de gêmeos é de um para cada 80 nascimentos. Sendo que em apenas 25,4% dos casos, eles são monozigóticos, ou seja, iguais em sexo, aparência e grupo sanguíneo. Além dessas semelhanças, pais de gêmeos afirmam que muitos ficam doentes na mesma época e mesmo quando estão separados costumam sentir algumas sensações parecidas ao mesmo tempo no decorrer da vida.

Foto: Sxc.hu
De acordo com a psicóloga infantil Ana Lúcia Vicentini, eles têm sim uma tendência a possuir as mesmas características básicas, e terem um comportamento parecido em algumas circunstâncias. No entanto, ela alerta que cada um possui uma personalidade, temperamento e anseios distintos, "Nem sempre isso é considerado pela família quando os bebês nascem. Os pais acabam querendo fazer tudo igual, quando na verdade devem estimular a independência de cada um e permitir que possam se desenvolver quando ainda pequenos. Isso deve acontecer em cada detalhe do dia-a-dia".

E quem segue o conselho de Ana Lúcia é a mãe de Pedro e Gabriel de 6 anos, que não deixa os filhos se vestirem iguais, cada um usa um penteado e os ensina a fazer atividades distintas na escola. "Tento tratá-los da maneira mais individual possível, são dois seres humanos diferentes", afirma Patrícia Carvalhal. Ela diz que a escola achou melhor separá-los de sala e que assim não serão tratados da mesma maneira e cada um definitivamente será único. Ela concordou e agora, apesar de viverem grudados cada um tem a sua turminha de colegas.

Foto: Scx.hu


Para Patrícia, o mais gratificante de ter tido os dois, é a amizade e o companheirismo que eles têm um pelo o outro. "Eles são muito amigos, brincam o dia todo, se divertem e se ajudam, claro que brigam de vez em quando, mas querem sempre ficar juntos. Minha gravidez foi conturbada e depois tive que cuidar dos dois sozinha, não tinha uma babá para me ajudar, mesmo assim faria tudo de novo". Quanto ao glamour de ter duas figurinhas idênticas, Patrícia diz que para eles isso é super normal e que as pessoas é que não sabem lidar com isso. "Eles são a sensação do colégio".

Para esclarecer e falar um pouco da vida dessas famílias que convivem com gêmeos, Majoy Antabi, colunista da revista Pais & Filhos resolveu criar o Portal dos Múltiplos. Ela é mamãe de trigêmeos (Maya, Laila e Henry, de 5 anos) e de uma menininha de quase dois meses, a Caica. Para Majoy nada foi mais mágico em sua vida do que ter gêmeos. Ela conta que cada um deles tem uma personalidade muito forte e diferente. "A Laila e a Mayla que são extremamente parecidas fisicamente são diferentes de jeito, uma é moleca e outra uma meninha. Não dá para entender."

Laila, Henry e Maila, 5 anos
Foto: Portal Múltiplos


A mãe conta orgulhosa que seus filhos são muito amigos e que se bastam. Brincam e dividem todos os momentos juntos, até sofrem juntos. "Eles se completam". Ela confessa que gosta de vestir as duas de uma maneira mais parecida, a mesma roupa, porém de outra cor. E que eles sempre dormiram juntos, mas já está providenciando a mudança de quartos, porque acredita que agora é o momento de conquistarem cada um seu espaço. "É difícil, mas cada um tem que ter sua individualidade. O Henry esses dias foi operado e recebeu um presente de uma visita, as duas ficaram olhando e perceberam que não tinha nada para elas. Quase fui comprar uma lembrancinha para as duas, mas tive que fazer uma força para elas entenderem que quem foi operado foi ele e fim de papo."

A doutora Ana Lúcia acredita que o fato de se completarem é sim, muito interessante e que há relatos desta relação energética, espiritual e até telepática que irmãos gêmeos costumam ter. Porém, ela insiste em orientar que a família deixe de lado aquela história de querer ter duas ou três pessoas idênticas e que dêem oportunidade e abertura na escola, no clube, em viagens de optarem por atividades diferentes. "Eles não podem ser tratados iguais quando crianças. Têm que ter experiências pessoais, como todo mundo. Cada um tem de seguir um caminho, e as únicas pessoas que podem permitir isso são os pais e as mães, que muitas vezes acabam confundindo e não sabem que isso pode não ser a melhor opção na criação de gêmeos."

Atualizado em 1 Dez 2011.