Guia da Semana

Foto: TV Globo/Renato Rocha Miranda


Epizeuxe, hachurado, gilvaz, hialográfico, nêutron, xerife, abscissa, espectrógrafo. Consegue identificar alguma dessas palavras? Pois foram elas que sagraram a pernambucana Larissa Oliveira, 15 anos, a campeã do Soletrando 2009, quadro do programa Caldeirão do Huck. Estudante de um colégio militar em Recife, onde mora, a menina mostrou que entende do assunto e, com firmeza e muita confiança, disputou a grande final.

Concorrendo ao lado de Pedro Henrique, representante do Ceará, e Bruno Roberto, do Rio de Janeiro, depois de confirmar a vitória, Larissa se rendeu à emoção e não esqueceu de seus companheiros. A jovem ganhou um cheque no valor de R$ 100 mil, para serem investidos na sua educação, e doou R$ 5 mil para cada um dos outros dois finalistas. Mesmo sendo tímida, a jovem de poucas palavras resolveu não apenas soletrar, mas também bater um papo com o Guia da Semana. Confira!

Guia da Semana: Quando percebeu que tinha técnica para soletrar?
Larissa Oliveira: Não é bem uma técnica. Eu sempre gostei muito de português e, por causa disso, sempre fui bem na matéria. Acho mais fácil do que as outras. Aí, comecei a estudar ainda mais, e a treinar e soletrar para participar do programa.

Guia da Semana: E qual foi o momento em que você se sentiu preparada para participar?
Larissa Oliveira: Faz tempo. Desde a primeira edição pensei em tentar, mas o meu colégio não era inscrito no Soletrando. Depois que fizeram o cadastro, realizaram um concurso interno para saber quem seria o representante, e depois eu tive que disputar com os vitoriosos das outras escolas de Pernambuco para saber quem seria o representante oficial da cidade. Aí, ganhei.

Guia da Semana: Como foi encarar as câmeras do programa?
Larissa Oliveira: Dá muita vergonha. No programa foi mais comum, porque fui muitas vezes e nem lembrava muito quando entrava na cabine para soletrar, estava muito concentrada. Mas, quando vou a algum outro programa, dar uma entrevista, ainda fico muito tímida.

Foto: TV Globo/Rafael França


Guia da Semana: Qual foi a sensação de ser a primeira menina a vencer o soletrando?
Larissa Oliveira: É uma honra muito grande poder representar o segmento feminino no programa. Outro ponto é o fato de ser uma nordestina. Acaba sendo um incentivo para os jovens correrem atrás de seus objetivos e para que muitas pessoas deem o reconhecimento que o Nordeste merece. Não é como muita gente pensa, que aqui todo mundo é analfabeto.

Guia da Semana: Como era a sua relação com os outros finalistas?
Larissa Oliveira: Desde o início, todo mundo sempre foi muito unido. Ficávamos no mesmo hotel, no tempo livre ficávamos juntos. Só existia competição na hora do programa mesmo. Íamos muito cedo para gravar e ficávamos o dia inteiro no Projac. Era bem cansativo, mas era divertido também. Eles são muito legais.

Guia da Semana: E um treinava com o outro?
Larissa Oliveira: Não. Cada uma ficava na sua. Até porque o pessoal da produção aconselhava a gente a não estudar antes das disputas. Diziam que o melhor a fazer era relaxar, porque já era suficiente o que tínhamos estudado.

Guia da Semana: Quando você tomou a decisão de dividir uma parte do seu prêmio com os outros dois finalistas?
Larissa Oliveira: O Pedro Henrique é bem falante e ficou perguntando para mim e para o Bruno o que faríamos se ganhássemos o prêmio. Foi um pouco antes, ainda no camarim. Eu achava justo o terceiro e segundo lugar ganharem alguma coisa também em dinheiro. Eles recebem bolsa de estudos nas cidades deles, para cursos, mas nenhuma premiação do programa. Então eu disse que se eu ganhasse doaria R$ 5 mil pra cada um deles. Pedro achou massa e disse que queria sim. (risos)

Foto: TV Globo/Rafael França


Guia da Semana: Como foi o treinamento para as etapas do programa?
Larissa Oliveira: No começo, eu estudei com duas professoras de português do meu colégio, na própria escola. Seguíamos uma linha de gramática, com dicionário e pela etimologia das palavras. Enquanto isso, eu ia soletrando. Estudamos muito, principalmente a origem das palavras, prefixo, sufixo, tudo isso aí. Eram umas quatro horas e meia por dia, inclusive sábado e domingo. Para a final, eu tive que abdicar até do colégio para me dedicar ainda mais.

Guia da Semana: Acha que essas ajudas contaram muito para você no concurso?
Larissa Oliveira: Elas foram fundamentais, tanto na parte de estudos, quanto no apoio emocional. Não somente as duas professoras, que me ajudaram no Soletrando, mas todas as outras que incentivavam. Alguns até levavam palavras diferentes, mais difíceis para eu treinar, e meus amigos também. Até chegaram a ficar de tarde comigo, treinando no colégio. Era até melhor do que com as professoras e foi sugestão delas mesmas. Nós nos divertíamos mais. Para não ficar naquela coisa tão séria, era engraçado.

Guia da Semana: Acha que o título de campeã pode te abrir portas no futuro? E o que pretende fazer de faculdade?
Larissa Oliveira: Com certeza. Eu pretendo fazer Medicina em uma faculdade federal, e talvez faça um intercâmbio. Tenho intenção de ir para o Canadá, dizem que é o melhor lugar para aprender inglês, e por curiosidade de conhecer o país. Até chegaram a publicar que eu usaria o dinheiro para fazer isso mesmo, mas ele vai ficar guardado, por enquanto. Ainda tenho dúvida se faço Direito também.

Foto: TV Globo/Rafael França


Guia da Semana: Então, o que vai fazer com o prêmio?
Larissa Oliveira: Eu já faço inglês em uma escola particular. Por ser a vencedora do programa, ganhei uma bolsa para fazer espanhol. Não vou precisar usar o dinheiro do prêmio agora.

Guia da Semana: Como está sua rotina como "celebridade"? Vai continuar na mesma escola?
Larissa Oliveira: Eu vou continuar sim. Às vezes, perguntam para alguns amigos meus se eles estudam no colégio da menina do Soletrando. É engraçado. Como é uma escola militar, usamos uma farda e é fácil reconhecer quem estuda lá.

Guia da Semana: Qual foi a parte do programa em que você mais se sentiu nervosa?
Larissa Oliveira: Não me lembro de um momento específico. Toda vez que eu saía da cabine, eu só me lembrava da última palavra que eu soletrei. Eu me lembro das últimas que soletrei na final: epizeuxe e espectrógrafo, e eu precisava acertar porque o Pedro tinha errado.



Atualizado em 6 Set 2011.